Corumbá (MS) – A história de vida de Adilson Big se confunde com sua própria atividade musical. Natural de Presidente Prudente, reside em Campo Grande desde 1980. Adilson é multi-instrumentista por conta de seu trabalho com produção de estúdio, mas fez da guitarra seu instrumento principal.
E é com esse instrumento que ele se apresentou durante o Quebra-Torto com Letras na manhã desta sexta-feira (27.05), no Moinho Cultural, como atração do 16º Festival América do Sul Pantanal. “É um repertório instrumental, que eu gravei pelo FMIC em 2015, e de lá para cá eu venho desenvolvendo algumas outras coisas. Eu fiz a inscrição no edital e fui contemplado. Fico muito feliz e muito grato”. O músico foi acompanhado pelos instrumentistas Gabriel Basso (baixo), Marcelo Ferreira (bateria) e Gabriel Andrade (guitarra).
A história de Adilson na música começou quando ele começou a tocar em festas, aniversários. Depois a coisa foi evoluindo e ele acabou criando uma banda de heavy metal em Campo Grande, a Alta Tensão. Mas logo o músico deixou a banda para buscar novos caminhos. “Comecei a trabalhar com Tostão e Guarani, olha só, do rock para o sertanejo, trabalhei três anos com eles e depois formei a primeira Banda Lilás e eu formei a Banda Company, que é uma banda especializada em casamento, formatura, carnaval, esse tipo de trabalho. E agora, depois da pandemia, eu resolvi dar um tempo com essa correria toda e cuidar um pouquinho mais do meu trabalho instrumental autoral”.
Adilson define o seu estilo como “fusion”, “é uma música instrumental bem definida, você para pra ouvir e você consegue identificar as melodias. Para esse trabalho tive várias influências de guitarristas norte-americanos, guitarristas brasileiros, Larry Carlton, e outros vários guitarristas que a gente no decorrer do tempo vem ouvindo e às vezes acaba se identificando com aquela sonoridade”.
O trabalho autoral que o guitarrista apresentou no Fasp se chama “Beira Rio”. “Eu gosto muito de pescar, gosto muito de ficar no rio, então escrevi várias músicas tipo Beira do Rio, Cachoeira do Sossego. Beira do Rio é uma música que eu fiz no Rio Aquidauana, Cachoeira do Sossego é uma música que eu fiz lá no Cachoeirão, que tem um lugar lá muito bonito. E tem lá no Rio Jatobá, descendo o Rio Jatobá, aquela polca-rock… Em cada lugar que a gente estava indo tinha aquela coisa da inspiração”.
O músico cita um exemplo de situações que ele consegue transformar em música. Ele descreve uma situação que aconteceu aqui em Corumbá. “Ontem, por exemplo, nós chegamos lá no hotel, Hotel Anzol de Ouro e estava fechado o portão. A gente não sabia o que fazer, todo mundo ficou meio assim, tocamos o interfone, ninguém atendeu, ligamos, não atendeu. Aí ficamos meio desesperados. Aí de repente alguém foi lá e puxou o portão e o portão abriu. Aí eu falei: será que isso dá uma música? Eu já estou fazendo a música, vai se chamar Porteira do Anzol. Então a gente vai fazendo as coisas que vão acontecendo, você acaba pensando e acabam aparecendo algumas ideias para dar continuidade ao trabalho”.
Ao ser perguntando sobre seu tempo de carreira, o músico respondeu que o seu tempo de carreira é o seu tempo de vida: “Desde garotinho eu já estava tocando o acordeon, indo ao conservatório. Depois eu não gostei do acordeon, acabei trocando por um violão e aí a minha ida inteira foi música”.
A sua música instrumental autoral do trabalho intitulado “Beira Rio” parece ter agradado ao público do Fasp, que foi embalado pelo sons das melodias enquanto aguardava para saborear o delicioso quebra-torto.
Fotos: Muriel Xavier