Campo Grande (MS) – O colorido e a animação tomaram conta da avenida Calógeras na noite deste domingo (03.03) para o desfile dos blocos carnavalescos oficiais. Pela primeira vez a Calógeras recebe os 18 blocos, que mostraram muita alegria e paixão pelo carnaval.
A Fundação de Cultura apoia o evento com recursos financeiros para a Associação dos Blocos, Bandas, Cordões e Corsos Carnavalescos e Cultural de Campo Grande (Ablanc) e apoio estrutural, com um palanque, 40 metros de arquibancada, 30 banheiros químicos e 40 grades de contenção.
A festa conta também com o apoio da Secretaria de Cultura e Turismo da Prefeitura Municipal de Campo Grande.
O homenageado deste ano foi José Carlos Guedes, precursor do carnaval de blocos em Campo Grande e um dos fundadores da Ablanc, falecido ano passado. “Ele organizava tudo para colocar os blocos na avenida. Era apaixonado por carnaval, nós começamos a namorar no carnaval”, conta Wilma Guedes, viúva de José Carlos.
Os primeiros a desfilar foram os blocos cordões, que utilizam bandas tocando marchinhas dos antigos carnavais: os blocos convidados “Nada sobre nós sem nós”, “Blue”, e os blocos “Tereré”, “Tô chegando”, “Tô à tôa”, “Tô de olho em você”, “Turma do mel” e “Bem-Te-Vi”.
Abrindo o desfile dos blocos, o “Nada sobre nós sem nós” participou pela primeira vez, trazendo um estandarte também em braile. Formado por pessoas com deficiência, seus integrantes buscam chamar a atenção do poder público e da sociedade para as medidas de inclusão que as impactam. “O bloco surgiu de uma brincadeira de mesa em novembro do ano passado. Tivemos a ideia de formar um bloco para todas as deficiências, daí fiz o convite para todos para mostrar para a sociedade que o deficiente não fica só em casa, sai para brincar e se divertir. Espero que ano que vem venham mais pessoas”, diz o idealizador do bloco, Damião Zacarias Souza da Silva, deficiente visual.
A professora aposentada Isailde Cordeiro, com sua irmã e uma vizinha, moradoras de um prédio na Calógeras, decidiram descer para ver o desfile. “Sempre adorei carnaval. Para mim não atrapalha em nada, estou feliz em assistir, adorei que veio para cá”. Aracy Souza, de 60 anos, e seu filho João Victor Salvador, de 22, também moradores do prédio, concordam. “Eu moro aqui há mais de 20 anos, meu filho nasceu aqui no prédio vizinho, e é a primeira vez que vejo aqui o Carnaval”, diz Aracy. “Eu gosto, acho legal, divertido”, diz João Victor.
Para o presidente do Bloco Tereré, que representa o Centro da cidade, Rafael Fardin, a avenida Calógeras melhorou a recepção para os blocos. “Aqui temos mais espaço físico para desfilar, ficou melhor”. O Bloco Tereré surgiu na Santa Casa em 2007 e é formado pelos funcionários da área da saúde.
Pela primeira vez participando do carnaval de blocos, Bruna Calixto, 21 anos, Magali Calixto, 48, Lorena de jesus, 28 e Luma de Jesus, 8, eram só alegria. A animação do grupo contagiou os integrantes do bloco “Tô chegando”, da região do Santa Emília, que convidaram as quatro para entrar com eles na folia. “Estávamos na calçada, os integrantes do bloco nos convidaram para participar”, diz Magali. “Amanhã não sei se vou conseguir levantar da cama! Carnaval deve ser assim, para unir a família, sem fazer diferença de classe, idade”, diz Bruna.
Para o vice-presidente do bloco “Tô à tôa”, da Comunidade Tia Eva, Eurides da Silva “Bolinho”, carnaval é “alegria, buscamos resgatar o carnaval de antigamente, as marchinhas”.
Depois dos blocos cordões, desfilaram os blocos de embalo, que utilizam uma bateria como de uma escola de samba, com samba enredo: “Lobo mau”, “Bambas do BH, “Vai ou Racha”, “Amor eu vou ali”, “Cair, beber e levantar”, “Formigueiro”, “Nuga e amigos”, “Império dos amigos”, “A força do tigre” e “Corujinha”.
Todos os blocos associados da Ablanc representam uma região de Campo Grande, possuem símbolo e cores representativas, e além das atividades carnavalescas possuem atividades sociais. Os blocos atuam durante todo o ano em sua região com ações sociais e culturais voltadas ao resgate dos antigos carnavais, prevalecendo a união e integração das comunidades por meio dos blocos carnavalescos. A finalidade é proporcionar a difusão do civismo e a cultura da arte folclórica e carnavalesca.
Para o presidente da Ablanc, Walfrido de Almeida “Dudu”, o apoio da Fundação de Cultura com recursos e estrutura para o desfile dos blocos é muito importante. “É importante este apoio porque a gente resgata o carnaval do passado, tirando as festas dos salões para o ar livre. O lugar dos blocos é a rua. Os blocos realizam eventos o ano inteiro, sem lucro pessoal, só para fazer esta festa. O Governo do Estado, com este apoio, fortalece o carnaval de Campo Grande”.
Na tarde de quarta-feira de cinzas (06.03) sai o resultado dos blocos campeões. Os blocos serão avaliados em cinco quesitos: animação, empolgação, conjunto, criatividade e porta-estandarte. Serão premiados os três primeiros lugares de cada categoria, cordões e embalo, com troféus e premiação em dinheiro.
Foto: Romeu Luz/Sectur