Corumbá (MS) – Com 94 anos, a artista plástica Izulina Xavier recebeu em sua casa, na segunda-feira (18), a diretora-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Mara Caseiro. Muito querida e atenciosa, ela mostrou sua força espiritual e seu amor pela família. “Queria todos vocês pequenos”, disse ela à filha Beatriz, durante conversa sobre antigas recordações.
Mãe de quatro filhos, sendo um já falecido, Izulina nasceu no Piauí. Sua mudança para Corumbá aconteceu durante a guerra com o Paraguai, quando seu marido veio trabalhar na fábrica de armamento. A história quem conta são as netas Mariana e Lauzie.
As duas sempre por perto, mostram o carinho e o cuidado com a avó que tanto admiram. Izulina também muito amorosa, não possui mais tanta lucidez. “Alguns dias ela está bem lúcida, mas hoje está mais distante. Acredito que é melhor assim, se não ficaria muito ansiosa e emocionada com a visita da Mara”, acredita Mariana.
Impressionada com a beleza e o trabalho de Izulina, a presidente da FCMS tirou fotos de todos os cantos da casa de Izulina. “É tudo muito lindo, maravilhoso! Essa casa é um verdadeiro Centro Histórico Cultural!”, exclamava ela, ao mesmo tempo em que olhava as peças feitas pela ‘multiartista’.
Esculturas, móveis, piso, chão, pinturas, paredes, obras feitas no cimento, no barro, na madeira, em todo canto tem arte de Izulina. Antes mesmo de entrar na casa, logo na calçada, já dá para ver o portão, o jardim, o próprio piso, tudo trabalhado com obras feitas pelas mãos da artista.
A neta Mariana conta que a avó via tela em todo o lugar: “Para ela até uma porta era tela”. Nos muros, histórias da família, de Corumbá e até de Jesus Cristo são contadas em versos e esculturas. Muito espiritualizada, Izulina têm em sua arte, a prova de seu amor por santos e por Cristo. Ela é a criadora inclusive, do Cristo Rei do Pantanal e do Cristo de Três Lagoas.
“Quando estava esculpindo o Cristo em Três Lagoas, meu avô (marido de Izulina), meu primo (neto de 6 anos) e um capataz da fazenda morreram afogados num alagamento que teve em Corumbá. Isto foi devastador para minha avó que lançou na obra toda sua atenção, para desviar o foco da tristeza”, conta Mariana.
Além de escultora e pintora, Izulina também é autora de músicas e de vários livros de romance, poesia e história infantil. Em algumas paredes, contempla-se alguns dos seus poemas: “Eu vivi no campo, nadei com os peixes, cantei com os pássaros e voei com as borboletas… Já fui muito feliz. E nada me impede, com tudo o que eu passei, de eu ainda ter minha felicidade,.. De vez em quando eu me descubro voando, feliz da vida. Uma sensação tão boa, tão gostosa… Quando eu consigo terminar uma escultura que eu gosto, eu fico numa felicidade que você nem queira saber”.
Para conhecer o trabalho e história de Izulina, a presidente da FCMS, conversou com Mariana sobre possível projeto de criação de um centro cultural na casa da artista. “Com certeza a Dona Izulina merece esse reconhecimento e, não só ela, todas as pessoas merecem a oportunidade de conhecer as maravilhas feitas por esta grande artista”, disse Mara Caseiro.