Campo Grande (MS) – Com um papel importante na cultura sul-mato-grossense, e parte da construção da identidade do MS, o chamamé acaba de ser decretado bem imaterial de Mato Grosso do Sul, publicado nesta quarta-feira, 30 de junho de 2021), no Diário Oficial do Estado. O decreto constará no registro do Livro de Registro dos Saberes, nos termos do inciso I do art. 16 da Lei nº 3.522, de 2008, no qual são inscritos conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades.
De acordo com o presidente do Instituto Cultural Chamamé MS, Orivaldo Mengual o chamamé é um gênero musical que que nos expressa musicalmente e está enraizado nas nossas tradições. “Ele tem antecedentes históricos que remontam ao intenso processo migratório verificado no século XIX, tendo como epicentro a Guerra do Paraguai e na sequência, e o ciclo da ‘erva mate’, protagonizados por incontáveis caravanas de carretas boiadeiras vindouras do norte da Argentina, especialmente da Província de Corrientes”, explicou.
Em 2017, a pedido do Instituto Cultural Chamamé e por decisão do Conselho Estadual de Cultura, o chamamé foi oficialmente declarado pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul “Patrimônio Cultural Imaterial do Estado”, e o Dia Estadual do Chamamé é comemorado em 19 de setembro. No Mercosul ele também já foi declarado “Patrimônio Cultural” e também foi declarado Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco em A
A cultura que ultrapassa fronteiras
Ao lado da polca paraguaia, guarânia e do rasqueado sul-mato-grossense, o chamamé é um dos estilos musicais símbolos do Estado, declarou o presidente da Fundação de Cultura do MS, Gustavo Cegonha, lembrando que um dos primeiros músicos locais que popularizaram o chamamé foi o Zé Corrêa, que acompanhava Délio e Delinha nas apresentações de rasqueado. Mas o mérito da introdução do chamamé no Estado, de acordo com Cegonha, é atribuído a Amambai e Amambay. Por toda essa história ligada ao nosso Estado, considero o decreto um justo reconhecimento do papel do chamamé na cultura sul-mato-grossense”, finalizou.
Lembrando ainda que o sistema de representação cultural do chamamé, além da polca, do próprio chamamé e guarânia, expressões de destaque da nossa cultura musical, inclui também a dança de salão, o hábito de tomar o tereré e a degustação de iguarias como a sopa paraguaia e a chipa. “Consumimos e distribuímos cultura que ultrapassa nossas fronteiras e é comum a outros países”, destacou o presidente do Instituto Cultural Chamamé, Orivaldo Mengual.
Assinado pelo governador Reinaldo Azambuja e o secretário de Cidadania e Cultura, João César Mattogrosso, o decreto n. 15.708 pode ser conferido no Diário Oficial do Estado desta quarta-feira, (30 de junho de 2021).
Foto: Ricardo Gomes