Campo Grande (MS) – Uma noite com cinema, café, muitos jovens e gente bonita e animada. Foi assim a última edição deste ano do Cine Café no Museu da Imagem e do Som (MIS), nesta sexta-feira, dia 16 de dezembro. Foi exibido o filme Moonrise Kingdom, do diretor Wes Anderson.
O filme se passa nos 60, em uma pequena ilha localizada na costa da Nova Inglaterra. Sam (Jared Gilman) e Suzy (Kara Hayward) sentem-se deslocados em meio às pessoas com que convivem. Após se conhecerem em uma peça teatral na qual Suzy atuava, eles passam a trocar cartas regularmente. Um dia, resolvem deixar tudo para trás e fugir juntos. O que não esperavam era que os pais de Suzy (Bill Murray e Frances McDormand), o capitão Sharp (Bruce Willis) e o escoteiro-chefe Ward (Edward Norton) fizessem todo o possível para reencontrá-los.
O Cine Café foi criado em agosto deste ano, pelos idealizadores Kezia Miranda, Thiago Andrade, Déborah Wolsky, João Carlos Costa, Marcos Moro, Natanael Marques, Andreza Pelizaro, Deborah Nasser, Maria Fernanda Suppo e Thais Barros. Déborah Wolsky Carneiro, estudante de Arquitetura e Urbanismo e uma das organizadoras do Cineclube, explica que o Cine Café surgiu a partir de uma conversa no facebook. “A Kézia, uma das integrantes, colocou um link de um filme do Bergman no facebook dela, e daí surgiu uma discussão e decidimos montar um cineclube. Além disso, nós gostamos de café, e pensamos: por que não unir cinema e café?”
Na primeira reunião foi feito um estudo dos diretores marcantes e ao qual as pessoas não têm muito acesso. “Nós decidimos exibir os filmes menos conhecidos dos diretores para as pessoas terem mais conhecimento. A gente já frequentava outras mostras no MIS e queríamos um espaço público. Decidimos pelo Museu pela gratuidade. Passamos a proposta para a Marinete e fomos aceitos. A gente gosta muito do que faz. O Cine Café é uma ocasião em que depositamos nosso amor pelo cinema e recebemos isso das pessoas”, diz Débora Wolsky.
Pela primeira vez no Cine Café, as estudantes de Design Débora Ferreira e Mylena Oliveira ficaram sabendo da exibição pelo facebook. “É outra experiência ver os filmes em telas grandes. Gostamos bastante de cinema. O Wes Anderson usa bastante a simetria e estuda a psicologia das cores. A simetria deixa tudo muito centralizado, com o enquadramento correto, dá bem-estar em ver. Ele sabe o porquê das cores, usa para cena alegre, amarelo, e para cenas tristes, um azul, mais fechado”.
Os amigos Hellen Samea Santos Nogueira, estudante de Biologia, Victor Hugo de Moraes Medeiros, estudante de Física e Renan Aryel Fernandes da Silva, estudante de Engenharia Elétrica, decidiram se unir para ver juntos o filme. “Uma amiga do facebook assistiu e falou muito bem do filme. O MIS geralmente apresenta filmes bons, várias vezes ficamos sabendo e não tivemos oportunidade de vi”. Eles acham “legal” o Museu oferecer espaço para a participação dos cineclubes. “As pessoas têm iniciativa e existe o espaço. Vai ter o debate no final, o que auxilia na percepção dos detalhes”.
Giulia Savana Silva Barros, estudante de Arquitetura, veio a convite da Déborah Wolsky, uma das organizadoras do cineclube. “Eu conhecia o diretor apenas de nome, mas nunca tinha assistido nada dele. Sempre tive vontade de conhecer um pouco mais deste diretor. Sempre venho nas mostras do MIS. Fora o Sesc, não tem aqui na cidade espaço para cinema de verdade”.
Tayran Seixas, bibliotecário, e Milene Marcellani, estudante de Arquitetura, viram uma publicação sugerida no facebook e vieram prestigiar. “Eu queria assistir a esse filme faz tempo, tentei vir em outras exibições, mas estava sempre lotado. Estamos aqui deste as cinco da tarde. Já conhecemos o diretor, viemos para ver o filme em tela grande. Ele é fascinado por simetria, pelo enquadramento simétrico na tela”.
Tayran e Milene acham “bacana” o MIS ceder espaço para o cineclube. “Tinha que ser feito mais, é uma oportunidade para abrir para outras pessoas. Eu já tentei montar um cineclube e não consegui por conta de falta de público, entre outras coisas. Isto agrega muito, pois em Campo Grande é um pouco defasada esta área. Acho que falta apenas mais divulgação e abrir para outros tipos de público”.
Ao final da exibição, foi realizado um debate com o professor de Literatura da UEMS, Marcelo Bueno, e a cineasta Natália Teresa, com mediação de Natanael Marques, do Cine Café. Foi abordado o importante papel do cineclube na divulgação e exibição de filmes que não passam nos cinemas comerciais, além de um debate sobre o diretor Wes Anderson e sobre as dificuldades em se fazer cinema no Brasil.
A próxima edição vai ser em janeiro. Prepare já sua canequinha para o café. As exibições são gratuitas, uma vez por mês, geralmente às sextas-feiras, sempre às 19 horas, no MIS.