Na tarde desta sexta-feira (16), a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), subordinada à Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc), encerrou as atividades do “Mês do Patrimônio Cultural”. Realizadas entre os dias 6 e 16 de agosto, as ações focaram na discussão sobre o Patrimônio Histórico e Cultural, com o objetivo de fortalecer o conceito de preservação e sua importância social.
Melly Sena, Gerente de Patrimônio Histórico e Cultural da FCMS, destacou a relevância crescente do tema. “Foram 15 dias muito produtivos. Tivemos um seminário que discutiu principalmente nossos bens materiais, e agora estamos lançando o projeto de educação patrimonial para essa gestão. Também houve uma conversa sobre a rota bioceânica, que precisa ser trazida urgentemente para a pauta, já que logo será inaugurada. Hoje, estamos apresentando trabalhos de pesquisa, pois é essencial conhecer o que a academia tem investigado sobre patrimônio, inclusive para desenvolver as políticas públicas que queremos para nossa área”, explicou.
Doutora em Desenvolvimento Local pela Universidade Católica Dom Bosco, a palestrante Elaine Paganoti abordou o Hotel Gaspar como patrimônio histórico e cultural de Campo Grande. Segundo ela, “O Hotel Gaspar retrata nossa identidade e cultura e é considerado patrimônio histórico e cultural por toda a população campo-grandense. Ele iria completar 70 anos em 26 de agosto e participou de mais da metade da história de Campo Grande, contribuindo com o desenvolvimento desde a chegada da ferrovia e dos imigrantes. Não tem como olhar para o passado, o presente e o futuro de Campo Grande sem considerar o Hotel Gaspar”.
Eventos como os realizados durante a semana foram considerados por Elaine fundamentais para fomentar a importância da preservação. “O hotel, que iria completar 70 anos, fechou as portas recentemente, em 2020. Esses eventos são cruciais para promover a importância de preservar e conservar bens materiais ou imateriais, assim como nosso patrimônio histórico e cultural. Além disso, é essencial registrar essas memórias, garantindo que não se percam, e reconhecer o trabalho dos pesquisadores que se dedicam a isso”, afirmou.
A segunda palestrante da tarde, Laura Urquiza, doutoranda da Universidade Católica Dom Bosco, apresentou sua pesquisa de doutorado sanduíche realizada na Cidade do México. “Minha pesquisa envolve identidade local e patrimônio cultural. Durante o estudo, explorei lugares relacionados ao patrimônio cultural, observando as intervenções realizadas, a maneira de conservação, como as visitas eram conduzidas, entre outros aspectos. Montei uma apresentação para compartilhar essas experiências aqui hoje”, relatou.
Laura destacou a importância de discutir o tema, especialmente devido à proximidade cultural com a América Latina. “Precisamos falar sobre o assunto e conhecê-lo para poder preservar. A Cidade do México possui muitos exemplares da história das populações pré-hispânicas, com uma relação próxima com a América Latina. Trazer essa riqueza cultural é crucial para que conheçamos nossa história”, enfatizou.
Por fim, Regina Maura Cortez, do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, abordou o tripé memória, cultura e meio ambiente. “Comecei falando sobre o ‘olhar e a memória’, tema de um artigo meu publicado há algum tempo. Refleti sobre a memória do olhar, que se refere à importância de alimentar nossa percepção com memórias. Muitas vezes, não reconhecemos o valor do patrimônio porque não temos memória, não alimentamos nosso olhar com ela. Abordei como essa construção da memória é fundamental para que, como cidadãos, possamos valorizar o patrimônio na construção da identidade e da cultura da cidade”, explicou.
Regina destacou a importância das discussões realizadas durante o “Mês do Patrimônio Cultural”. “É preciso que tenhamos mais eventos como este. Defendemos causas muitas vezes ingratas, como patrimônio, cultura e meio ambiente, e precisamos construir um discurso que faça com que os tomadores de decisão entendam que isso também pode gerar economia. Estamos perdendo oportunidades econômicas e potenciais porque ainda não entendemos o valor da cultura, do patrimônio e da preservação ambiental”, concluiu.
Karina Lima, Comunicação Setesc
Fotos: Daniel Reino/Setesc