Campo Grande (MS) – Foi aberta na noite desta sexta-feira (9) na Escola Municipal José Pereira da Rosa, em Maracaju, a 9ª edição do Circuito Dança no Mato com o espetáculo Tem Trem?, do grupo Funk-se. O Circuito Dança no Mato consiste em uma caravana de espetáculos de dança pelo interior do Estado. Começou em 2007 e a última edição foi em 2014, atingindo na primeira edição cinco municípios, e na última, 15 municípios por ano.
Coreografia “Invernada Juvenil”, do CTG Nova Querência
A noite começou com a apresentação do grupo de dança do CTG Nova Querência, de Maracaju, que apresentou a coreografia “Invernada Juvenil”. O “patrão” (presidente) do CTG, Rafael Uzeika, disse que o grupo foi convidado para representar a colônia dos gaúchos, que é forte em Maracaju. “Este é um momento de mostrar nossa cultura para mantermos a tradição. A gente se sente lisonjeado por estar contribuindo com o Circuito [Dança no Mato]. É um reconhecimento do nosso trabalho por participar. Estamos aqui para mostrar isso”.
Presidente do CTG Nova Querência, de Maracaju, Rafael Uzeika
Logo depois entrou em cena o Balé Municipal de Maracaju, com a coreografia “Radioativo”, criada pela professora e coreógrafa Pâmela Guimarães. Após as coreografias de abertura, os bailarinos do Funk-se convidaram o público para se aproximar do palco para ver o espetáculo Tem Trem?. É a primeira vez do Funk-se fora de Campo Grande. O Tem Trem? é uma homenagem à chegada da ferrovia na Capital e mostra um pouco da realidade da vida sobre trilhos, por meio da dança, também à geração que não andou nem conheceu o trem como transporte de passageiros.
O espetáculo possui trilha sonora regional, música caipira e também outras como Charleston, evocando a época em que a ferrovia chegou na Capital, em 1914. Foi concebido para estrear em outubro de 2014, nas comemorações dos 100 anos da chegada da ferrovia em Campo Grande, o que não aconteceu. O grupo conseguiu estrear em abril de 2015, no Armazém Cultural.
Para o diretor Edson Clair, levar um pouco da história de Campo Grande para outra cidade é muito legal, uma oportunidade de levar o espetáculo para o interior, onde “deve haver carência muito grande de espetáculos”. “Gostamos de levar nosso trabalho para quem não conhece a cultura. O espetáculo tem isso, de levar algo para as pessoas. Queríamos ver como ele funciona fora de Campo Grande. Não esperava esse público numeroso, caloroso, interessado. Não é um espetáculo fácil, não é algo comercial. Você tem que entrar na história. Achei legal, funcionou bem”.
Edson também achou interessante o fato de o Circuito Dança no Mato levar a apresentação para uma escola. “Essa é outra busca da gente também, trabalhar a formação de público”, diz.
O professor de História da UCDB também participou do Circuito com uma palestra na Câmara Municipal sobre Patrimônio Público e a história da ferrovia Noroeste do Brasil. “Nós levamos um bate-papo sobre patrimônio e sobre a Noroeste do Brasil, tombada pelo Iphan. Foram alunos da sexta série do ensino fundamental e do segundo ano do ensino médio, além de professores. Notei um interesse maior das crianças, são muito atenciosas em ouvir. Também é muito da forma como a gente fala com eles. Alguns deles fizeram perguntas. Depois que expliquei o contexto do que é patrimônio, desde o patrimônio de família até o de patrimônio público, deles foram dando exemplos. Fizeram a ligação do conceito com a realidade. A palestra antes do espetáculo é uma valorização da coreografia nesse projeto. Vários que vieram na palestra também vieram no espetáculo. Muito legal”.
A diretora-presidente da Fundação de Cultura de Maracaju, Jussara Mendes Ferreira, disse que já tinha tentado desde o ano passado trazer o circuito, e este ano o prefeito consentiu com a vinda. “Serve para ajudar a divulgar a dança”. Sobre a apresentação ser numa escola, ela diz: “A educação, a escola, é o caminho. Temos acesso facilitado, a divulgação de escola para escola é mais fácil”.
A diretora da escola José Pereira da Rosa, Vânia Pasqualini Degrande, explica que a Fundação de Cultura do Estado propôs e o município aceitou. “Temos um bom relacionamento com a Fundação de Cultura daqui. A gente tem um espaço bom aqui na escola. Dança é cultura e a escola aqui é bem localizada, o espaço é bom. É um espaço que deve ser ocupado com arte e cultura”.
A coordenadora do Eja na escola, Gisele Ferreira Ramires, gosta muito de dança. “Acho que cultura é tudo para a gente. Quando temos oportunidade de presenciar um espetáculo assim é maravilhoso. Os alunos estão carentes de atividade cultural”, afirma.
Coordenadora do EJa na Escola José Pereira da Rosa, Gisele Ferreira Ramires
Alunos de outras escolas foram prestigiar o Circuito. As amigas Vanessa dos Santos e Lauriene Silva Martins, do segundo ano do ensino médio da Escola Estadual Manuel Ferreira de Lima, de Maracaju, ficaram sabendo do espetáculo na sua escola. “Eu amo dança. Ano que vem vou ser professora de dança numa academia daqui, diz Vanessa. “Eu participei do Projeto Ação Jovem da prefeitura, e quando o professor faltava, eu dava aulas”, diz Lauriene. Elas acham diferente a apresentação ser numa escola. “Tem jovem que não conhece muito de dança, de cultura. Muitos não conhecem determinados tipos de dança. Daí, assam a conhecer. Nem sempre tem isso aqui na cidade”.
Vanessa dos Santos e Lauriene Martins, alunas da Escola Manuel Ferreira de Lima, de Maracaju
O Circuito Dança no Mato continua neste sábado (10) em Nova Andradina também com o espetáculo Tem Trem?, no Ginásio de Esportes, às 19h30. Mais informações no Núcleo de Dança da Fundação de Cultura de MS pelo telefone (67) 3316-9169.
Texto e fotos: Karina Lima – FCMS