Publicado em 30 out 2025 • por Karina Medeiros de Lima •
Há artistas cuja trajetória parece um espelho da própria vida: feita de contrastes, superações e descobertas que iluminam o caminho. A artista visual Amanda Monteiro é uma dessas presenças. Sua exposição “Passeio da alma”, aberta desde setembro no Museu da Imagem e do Som (MIS), em Campo Grande, foi prorrogada até o dia 10 de novembro, e continua a emocionar o público com telas que traduzem, em cor e luz, um percurso de fé e esperança.
Formada em Artes Visuais pela UFRGS e pós-graduada em cerâmica na Espanha, Amanda construiu uma carreira sólida no campo artístico ainda nos anos 1980. No entanto, a vida a levou por outros caminhos — ficou viúva muito jovem e encontrou no Direito uma nova forma de atuação profissional. “Eu nunca deixei de fazer arte. A arte nunca saiu da minha vida, mas agora, aposentada do Direito, posso exercer exclusivamente minha vocação inicial”, conta.
As obras expostas no MIS revelam o olhar de quem transformou a dor em luz. Depois de enfrentar as sequelas da Covid, Amanda encontrou no ato de pintar uma forma de renascer. “Com muita fé e gratidão superei as sequelas da Covid, transmutando esse período sombrio num convite à esperança e à ânsia de expressar as cores da vida em alegria e luminosidade a cada pincelada”, relata.
A exposição, que já recebeu mais de 500 visitantes, tem despertado emoções profundas em quem passa por ela. Amanda recorda o relato de um visitante que se disse comovido diante de uma de suas telas: “Ele me contou que havia servido em missão no Haiti e que aquela pintura o transportou para aquele tempo. Foi tocante ouvir seu relato”.
Outros visitantes relatam enxergar nas obras a presença de algo que vai além da técnica — uma chama de esperança. “Esses retornos são o maior ganho da exposição. Quando alguém me diz que uma tela despertou uma lembrança boa ou trouxe alegria em um momento difícil, isso me faz sentir que minha arte cumpriu o seu papel”, diz a artista.
O uso intenso das cores é marca registrada dessa fase. “As cores são um fascínio na minha vida desde sempre”, afirma Amanda. Na exposição, o público é conduzido a um universo lúdico e harmônico, onde o diálogo entre tons parece refletir a capacidade humana de transformar as sombras em epifanias.
Além do caráter estético, a mostra tem também um viés educativo. Escolas têm levado crianças e professores para vivenciar o processo criativo da artista, que faz questão de acompanhá-los. “Acredito que o viés educativo seja de fundamental importância, pois as crianças começam a ter contato com processos criativos capazes de despertar e desenvolver suas habilidades sensoriais. É um mundo novo para elas”, explica.
A mostra também reafirma uma convicção espiritual que acompanha a artista em todas as fases da vida. “O que posso dizer com toda a certeza é que sem Deus não somos nada. Sou muito grata pela vida que me tocou viver e pelo caminho de superação que Deus me proporcionou. Esse novo ciclo me oferece a oportunidade de compartilhar a minha arte e transmitir uma mensagem de esperança para todos”, reflete.
Com quase 70 anos, Amanda Monteiro vive um momento de plenitude criativa e emocional. Depois de décadas conciliando o Direito e as artes, ela agora se dedica integralmente ao ateliê, preparando novas séries de pinturas e planejando futuras exposições. “O que mais quero é transmitir o que sei para as gerações futuras. Ensinar é uma das maiores alegrias que a vida pode nos oferecer”.
A exposição de Amanda Monteiro segue aberta até 10 de novembro, com visitação gratuita de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30, no Museu da Imagem e do Som (MIS) — localizado na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, Centro, Campo Grande (MS).
