Campo Grande (MS) – O Som da Concha deste domingo, 10 de julho, trouxe ao palco da Concha Acústica Helena Meireles, às 18 horas, o som autoral de Jimmy Andrews e as releituras de clássicos da música brasileira com O Santo Chico. O público lotou as arquibancadas e também o Território Criativo, onde funcionou a Feira Bocaiúva, uma reunião de artistas que venderam seus produtos, além de praça da alimentação.
Jimmy, acompanhado de Murilo Dichoff, Zé Fiuza, Júlio Queiroz e Celso Jr, interpretou suas músicas autorais, pouco conhecidas do público. Ao ser questionado pelo apresentador Bruno Moser, Jimmy disse que a música para ele teve um início muito importante na adolescência e o incentivou a continuar. “Nasci num berço sertanejo, do chamamé, meu tio era sanfoneiro, mas comecei mesmo a tocar rock e a compor. Meu melhor caminho foi da humildade, depois tudo começou a fluir. Sou extremamente independente. Não tenho nenhum empresário, a não ser o amor pela música”.
No Camarim, depois do show, Jimmy disse que tocar músicas autorais foi um desafio para ele como artista, e que o público é peça fundamental. “Tento transmitir a minha interpretação, eu vi pelos rostinhos deles que gostaram. Comecei a música muito emocionado, fiquei feliz por causa disso”.
Jimmy interpretou a música “Eclipse do Hummus”, vestido de mendigo “marginalizado”. Ele diz que o hummus fortifica o solo e quis dar essa interpretação ao público. “O material artístico tem que ser explorado. Nós ouvimos muita coisa de fora e sabemos pouco daqui. Tenho muita coisa para fazer ainda. Esse foi o pontapé inicial”.
Durante o Som da Concha foi exibido um “vídeo mapping” na parede do Marco, com a programação do Festival de Inverno de Bonito. O “vídeo mapping” ou mapeamento de vídeo é um recurso que consiste em projeção de vídeos em superfícies irregulares, como fachadas de edifícios. No Som da Concha, foi realizado pelo artista Rafael Mareco.
A banda O Santo Chico levantou a plateia e trouxe o público para dançar, ao subir no palco. Criada há quatro anos, a banda nasceu da união de referências musicais dos integrantes (Begèt De Lucena – voz, Rafael Taveira – contrabaixo, Luciano Armstrong – guitarra e Guilherme Napa – bateria).
O apresentador Bruno Moser perguntou ao vocalista, Begèt De Lucena, como ele dosa a presença da performance nos shows com a música. “Eu não doso. A música é minha droga pesada. É o único momento em que eu me sinto pleno. O teatro veio depois”.
A banda vai se apresentar no Festival de Inverno de Bonito no dia 29 de julho. Bruno perguntou ao vocalista sobre a importância do Festival. “ É um momento especial para a cultura de Mato Grosso do Sul”, diz Begèt. “Tem sido muito especial para nós, vamos abrir o show da Nação Zumbi. Eu sou pernambucano de nascimento e sul-mato-grossense de vivência”.
Após o show, no camarim, Begèt afirmou que a banda espera que o público tenha se divertido tanto quanto eles. “Cada show é muito divertido. A música nos domina, a gente deixa a deusa música levar a gente. A releitura dos clássicos da música brasileira leva a roupagem da banda. Eu componho as músicas autorais baseado em experiências próprias, como a perda de um grande amor, mas agora estamos em uma nova fase, com nossa nova música, ‘Belo Monte’. É a música brasileira partindo de um viez mais político, sobre o que o Santo Chico quer falar, com a teatralidade da banda”, diz Begèt.
O professor de educação física e funcionário público René Martinez, sua esposa Rosana, também funcionária pública e presidente da Sociedade em prol da Acessibilidade, Mobilidade urbana e Qualidade de Vida de MS, foram o show com seu filho Pedro, jornalista. Pedro é cadeirante, portador de distrofia muscular duchtnne e disse que a Concha Acústica Helena Meirelles é um dos melhores lugares em Campo Grande em termos de acessibilidade. “Minha formatura em jornalismo pela UCDB foi há seis anos, e foi realizada aqui na Concha por conta da acessibilidade. Eu vim hoje prestigiar o Som da Concha porque conheço o Murilo, o guitarrista [que acompanha Jimmy Andrews]. Mas eu sempre procuro saber das atrações do Som da Concha”.
Rosana, a mãe do Pedro, disse que sempre procurou vir ao Som da Concha. A família curte o rock mais clássico. “O Santo Chico eu não conheço muito, vim para conhecer mais”, diz Pedro.
As amigas Giulia Rodrigues, estudante de biomedicina, e a dinamarquesa Maja Jensen, que cursa o ensino médio em seu país, vieram para conhecer os artistas.Maja morou em Campo Grande por um ano, há três anos atrás, e está de férias na Capital. “A mãe de uma amiga nossa conhece os artistas e estamos aqui para conhecer também”, diz Giulia. “Eu não gosto de sertanejo, gosto mais das músicas mais antigas!”, diz Maja.
Os colegas Fábio Medeiros, que faz cursinho pré-vestibular para cursar Engenharia e trabalha no ramo da construção civil, Gabriel Ponce, estudante de administração, e Jorge Silva, que cursa o ensino médio, vieram juntos ao show. “Estamos vindo para conhecer. Estávamos jogando vôlei [na quadra do Parque das Nações Indígenas], escutamos o ensaio e viemos”, diz Fábio. “Já conhecia o Som da Concha, vim hoje para ver se gosto dos artistas”, diz Gabriel. Jorge curte bastante o tipo de música do Santo Chico, música brasileira e rock.
Os estudantes de Arquitetura Juliano Teixeira e Leonardo Sales ficaram sabendo do show pelo facebook. “Santo Chico gostamos bastante, já conhecemos o trabalho que eles fazem, o ritmo e a sonoridade”. Jimmy Andrews eles não conheciam e vieram para ter a oportunidade de ouvir o som do artista.
Pelo projeto Som da Concha 2016 vão passar 36 bandas até janeiro do ano que vem. São shows realizados com intervalo de duas semanas entre as apresentações, sempre aos domingos, na Concha Acústica Helena Meirelles, que fica no Parque das Nações Indígenas. A entrada, como sempre, é franca.