A tarde desta quinta-feira (16.05) foi pura doçura no Teatro Aracy Balabanian, durante a 15ª Mostra Boca de Cena. Crianças de uma escola municipal e demais público puderam conferir a peça teatral infanto-juvenil “Aquele, Aquela, Menos Ela”, com Liz Nátali Sória. A peça conta a história de uma menina que gosta de dançar e cantar desde a barriga da mãe.
Liz Nátali Sória conta que escreveu a peça antes da pandemia e neste meio tempo mudou-se para Campo Grande, ocasião que teve que fazer uma adaptação. “Essa peça teve a dramaturgia escrita já há alguns anos, foi um pouco antes da pandemia e ao longo da pandemia que eu fui criando a história dessa menina com a intenção de que ela permeasse diferentes fases da vida, mas que pudesse dialogar com as crianças, com os jovens e também com os adultos, pensando justamente sobre esse espírito infantil ao longo da vida e dos espaços da nossa sociedade e muitas vezes eles são cerceados. É importante que a gente olhe para esse espírito para de alguma forma poder trazer inspiração e imaginação nos processos de transformações sociais. A dramaturgia foi criada juntamente com as músicas, cada cena tem uma expressividade musical, o Vitor Zan foi responsável por realizar os arranjos, tem duas músicas que têm arranjos do Cristiano Sória.. É uma peça que foi criada já há algum tempo e antes da pandemia eu vivia em São Paulo e essa peça ia ser montada com um um grupo e nesse meio tempo eu me mudei para Campo Grande, essas pessoas que eram do meu grupo montaram essa peça, só que eu adaptei para uma versão que estou só eu em cena, como narração”.
Apesar de estar apenas há três anos morando em Campo Grande, Liz Nátali considera que a Mostra Boca de Cena é uma grande oportunidade de troca entre artistas e a sociedade e entre os próprios artistas. “Eu acho que o Boca de Cena, eu que cheguei aqui há poucos anos, estou aqui há três anos, e é a primeira vez que eu participo enquanto artista, mas antes da pandemia eu já tinha participado enquanto público, e eu acho que é uma grande oportunidade de troca, tanto entre artistas e sociedade quanto entre os próprios artistas no sentido de uma organização, no sentido de se fortalecer, de pensar em formas de sustentação e de fortalecimento, da possibilidade que a cultura se fortaleça, que a arte possa seguir existindo, inspirando imaginários e processos de transformação social. Vejo que é uma mostra importantíssima, com produção dos próprios artistas, em conjunto com o governo, e acredito que seja um acontecimento estético e político fundamental para a cidade e que precisa ser cada vez mais fortalecido”.
Na platéia, Eidi Kanashiro, professora de teatro do oitavo e nono ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Elpído Reis, veio a convite da própria atriz da peça e trouxe também seus alunos: “Recebi o convite da Liz, que é a artista do espetáculo, e aí junto à Fundação nós conseguimos o transporte e a partir desse convite da Liz nós viemos aqui em quatro turmas do Ensino Fundamental. Eu sou professora de teatro, então nós trabalhamos a prática em sala de aula e a fruição, a apreciação veio para coroar o processo de aprendizagem. Eu acho uma peça linda, muito delicada, trata de questões muito profundas mas de uma forma muito poética, foi um lindo espetáculo”.
Maria Eduarda Camargo, de 14 anos, estudante do nono ano da Escola Municipal Elpído Reis, acha o teatro uma bonita forma de se expressar: “Eu acho o teatro uma forma muito bonita de se expressar e de contar histórias e de poder refletir sobre a vida. Na escola eu trabalho com as atividades quando a professora Eidi propõe pra gente fazer nas aulas, a gente faz atividades cênicas. Eu quero cursar Medicina, eu danço e já fiz teatro quando eu era mais nova, eu penso em fazer isso como um hobby, uma coisa que eu faço por amor”.
Letícia Fernandes Nascimento, professora de yoga, dançarina de dança do ventre e estudante de licenciatura em Dança pela UEMS, veio para assistir a sua amiga Liz Nátali: “Eu vim assistir à Liz, que é uma amiga muito querida, e vim prestigiar a Boca de Cena. Está maravilhosa, tinha que ter mais vezes no ano. A peça é linda, é uma peça infanto-juvenil que traz uma menina que é dançante, que aprendeu o mundo com outros olhos e que acha seu caminho, seu jeito de viver, achei linda. Eu assisto a algumas peças e na faculdade a gente tem muitas disciplinas em comum com o curso de teatro, então hoje mais do que nunca ele está presente no meu dia-a-dia”.
João Henrique da Silva Maciel, estudante da licenciatura em Teatro da UEMS, veio para apreciar a cultura e o teatro: Eu vim para assistir e prestigiar, porque somos da arte, e enriquecer o teatro, para mostrar para eles que estamos aqui, isso nos motiva a seguir nossa carreira, a crescer, a conhecer mais os artistas. A importância da Mostra é para as pessoas perceberem que existe cultura aqui, o teatro aqui, para as pessoas assistirem e entenderem que tem e acontece o teatro e o circo aqui”.
Texto: Karina Lima
Fotos: Larissa Marca