Começou nesta segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024 o desfile das escolas de samba de Campo Grande. As escolas Herdeiros do Samba, Cinderela Tradição do José Abrão, Unidos da Vila Carvalho e Os Catedráticos do Samba inundaram a Praça do Papa de muito colorido com suas belas fantasias e com muita diversão e animação.
Presente na folia, o secretário de Estado de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda, enfatizou a importância de o governo do Estado, por meio da Secretaria e Fundação de Cultura, apoiar o carnaval em Campo Grande. “O carnaval é nossa maior festa popular, que celebra a alegria, valoriza a nossa cultura e eu estou muito feliz de a gente poder participar de uma forma efetiva e inclusive este ano com um aporte bem maior que nos anos anteriores, de 50%. A nossa Liga das Escolas de Samba de Campo Grande é a segunda liga do Brasil, está fazendo um trabalho brilhante, então a gente precisa dar condições para que eles possam cada vez melhorar o nosso carnaval. E o carnaval é isso, é alegria, é festa, é geração de renda, então é muito importante que o governo esteja presente de uma forma efetiva”.
O presidente da Liga das Escolas de Samba de Campo Grande, a Lienca, Alan Catharinelli, disse que o público pode esperar muita alegria e muita folia para este carnaval. “É o maior carnaval de todos os tempos que está sendo realizado aqui em Campo Grande, graças ao apoio do nosso governador Eduardo Riedel, graças ao apoio dos órgãos públicos que acreditam no nosso trabalho. É muito essencial este aporte financeiro do governo do Estado porque a gente consegue realizar o desfile, as escolas de samba conseguem preparar todas suas alegorias, fantasias, é sem dúvida muito importante este aporte financeiro”.
Primeira escola de samba a desfilar nesta segunda-feira, a Herdeiros do Samba trouxe um samba enredo que fala sobre o bairro da Liberdade, em São Paulo. A presidente da escola, Maria de Fátima Oliveira da Luz, explicou que a escola sempre procura enredos que sejam apropriados para a faixa etária da escola. “Todo mundo pensa que a criação do bairro da Liberdade é por causa dos japoneses, mas não é. É um fato que aconteceu em 1821. O Chaguinhas ele fez um motim para reivindicar o salário atrasado em cinco anos e foi preso e condenado à forca. Tentaram uma vez, náo conseguiram, a segunda vez, também não, aí na segunda vez as pessoas que estavam assistindo começaram a gritar ‘liberdade, liberdade’ e dali ficou. O local chamava Largo da forca, e depois passou a se chamar Largo da Liberdade. E com o passar dos anos foi se tornando bairro, aí os japoneses chegaram com seus comércios. Era um local de suplício dos negros, depois pertenceu a um cacique chamado Caubi, a Liberdade também pertenceu aos povos originários”.
A segunda escola a desfilar na Praça do Papa foi a Cinderela Tradição do José Abrão, com o samba enredo “Le Reve de Voler – O sonho de voar”, em homenagem a Santos Dumont. O presidente da escola, Diogo Miranda Corrêa, disse que foi um orgulho para a família Corrêa trazer a escola para a avenida em mais um ano de carnaval. “Foi a família que trouxe o carnaval para Campo Grande, a gente está podendo contribuir com o carnaval, estamos aqui mais um ano carregando esta bandeira do samba, é um orgulho para nós. O samba enredo foi escolhido pela comunidade, a gente desde o ano passado fez uma seleção, o pessoal escolheu este enredo muito lindo que foi agraciado pela população, pela nossa comunidade”.
Segunda escola a desfilar, a Unidos da Vila Carvalho trouxe o samba enredo “Lucas de Lima Amor sem Fim” em homenagem ao radialista e ao seu programa. O presidente da escola, José Carlos Carvalho, afirmou que este ano foi muito trabalho para colocar a escola na avenida. “Infelizmente nós não pudemos mostrar para o público porque quebraram dois carros nossos. Mas fizemos um bom carnaval”.
O mestre-sala Feliciano Júnior e a porta-bandeira Thaís Romi disseram que é sempre maravilhoso levar a cultura e a arte para o desfile. “Nós somos do Rio de Janeiro, é nosso primeiro ano juntos representando a escola, e desde o primeiro contato foi tão gratificante, e esse foi um desfile para brindar este respeito e este amor que a Vila Carvalho tem depositado em nós”.
Última escola a desfilar, Os Catedráticos do Samba trouxeram para a Praça do Papa o tema “Por amor a você”, que fala sobre a história de amor entre a fundadora da escola, Marilene Ferreira de Barros, e Carlos Pulquério Alves. Marilena, muito emocionada, desfilou em cima do carro alegórico. “Como em todos os anos, foi muito esforço, muito trabalho, correria, mas graças a Deus a gente conseguiu chegar em tempo hábil e colocar a nossa escola na avenida. O samba enredo é a minha história. Eu conheci meu esposo na charanga do Operário, aqui no Lar do Trabalhador. Eu não gostava de samba, de carnaval, mas por amor a ele eu acabei me apaixonando”.
O mestre-sala Júnior Cordeiros e a porta-bandeira Joana D’Arc declararam que foi uma emoção muito grande representar a escola. “Ainda mais representando o começo de tudo, onde tudo começou, a dona Marilene e seu Carlão, então este ano foi mais que especial a gente vestido de noivo e noiva. Nós representamos o elo casamento onde tudo nasceu, a escola nasceu deste casamento, é muito importante porque a gente carrega o maior símbolo da escola, então a gente tem uma importância gigantesca e o primeiro casal é avaliado. A gente tem uma responsabilidade dupla, a gente colocou um pouquinho das coreografias tradicionais de mestre-sala com a delicadeza das valsas de casamento. A gente veio trazendo muito charme, muita performance, muito encanto para tentar somar nesta performance”.
No meio do público, o geógrafo Paulo Sérgio Caldas era só animação e alegria. “Eu já fui passista muitos anos na Vila Carvalho só que hoje eu não desfilo mais, eu só prestigio. O carnaval é mais do que tudo para mim porque eu sempre fui ligado à música, à dança, e o carnaval faz parte da minha história, da minha família. Mesmo sendo de família latina, eu tendo sido criado em baile, conforme o tempo foi passando as misturas vão acontecendo e pessoas que gostam de carnaval me influenciaram”.
O motorista carreteiro Paulo Sérgio Rezende veio torcer pela sua escola, a Cinderela Tradição do José Abrão. “Adoro carnaval, nasci no José Abrão. Finado Gilbertão, saudades dele, os filhos dele estão continuando, fazendo o projeto, estamos aí, vamos que vamos, Cinderela!. Os desfiles em Campo Grande têm que continuar, os prefeitos que forem entrar têm que fazer esta festa linda e maravilhosa para a gente aqui. A gente adora o carnaval”.
E nesta terça-feira, dia 13 de fevereiro, continua o desfile das escolas de samba de Campo Grande na Praça do Papa. Desfilam a Deixa Falar, com o tema Igbagbo, a Igrejinha, com o samba enredo Mysterium – Enigmas da humanidade e a Unidos do Cruzeiro, com o tema A volta ao mundo em uma noite. Vale a pena prestigiar!
Karina Lima – FCMS
Foto: Daniel Reino