Campo Grande (MS) – A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul realiza de 15 a 20 de abril de 2019 a Semana de Valorização do Patrimônio Cultural Indígena de Mato Grosso do Sul. Realizada em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Semana tem como objetivo evidenciar a multiplicidade cultural indígena e fomentar o reconhecimento desses grupos enquanto partícipes da formação cultural no Estado de Mato Grosso do Sul.
Para a diretora-presidente da Fundação de Cultura, Mara Caseiro, é importante a instituição promover a valorização da cultura indígena na semana em que se comemora o Dia do Índio. “Quando a gente fala de valorização do patrimônio cultural indígena, nós não podemos deixar de falar principalmente do que eles conseguem trazer de patrimônio nas suas peças que são confeccionadas dentro das comunidades indígenas. Essa semana também vai apresentar esses estudos que já estão sendo feitos com relação a esse resgate da identidade cultural indígena e buscar mais informação pra gente poder também compartilhar este conhecimento. Cada traço, cada desenho colocado nessas peças têm uma história, remetem à memória da própria cultura. Cada etnia tem a sua identidade própria”.
Mara ressalta também a necessidade de se criar uma cultura de paz e integração com nossos irmãos índios. “Nós também temos que pensar hoje que a nossa comunidade indígena também tem os seus costumes, a sua cultura, principalmente com relação à dança, à música, eles têm muito o que apresentar. A gente tem que buscar interagir com esses povos, no sentido de trazer uma abordagem mais de paz, de respeito, de amor ao próximo, e não mais a guerra, não mais o confronto, que possa trazer a integração, o desenvolvimento, inclusive com as nossas oficinas pra também valorizar essa cultura, seja no artesanato, na dança, na música e que isso seja maneira de eles se sustentarem com seus produtos e seus talentos”.
A abertura será no dia 15, segunda-feira, às 19 horas, no Museu da Imagem e do Som, com a palestra do prof. Dr. Gilberto Luís Alves: “Cerâmicas Kadiweu, Kinikinau e Terena” e com mediação da subsecretária Silvana Terena. Na ocasião será instituído oficialmente o Grupo de Trabalho do Patrimônio Cultural Indígena.
Foto: Edemir Rodrigues
Dos dias 15 a 20 de abril o mezanino da Casa do Artesão realiza exposição e comercialização de cerâmicas indígenas dos povos Kadiwéu, Kinikinau e Terena e a Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaias Paim realiza exposição de livros sobre a temática. Entre as obras disponíveis para consulta e empréstimo estão: “Os índios e a civilização”, obra da maturidade intelectual de Darcy Ribeiro; “Xingú os índios e seus Mitos”, em que os irmãos Villas-Boas relatam suas experiências etnográficas no Parque Nacional do Xingu; “Os Terena, Comida Mulheres e memórias” (Editora UFMS), de autoria coletiva de Dulce Lopes Barbosa Ribas, Lilian Yatiyo Nakagawa, Magda Moraes e Patrícia Helney e “Coisas de Índio”, de Daniel Munduruku, que apresenta as muitas culturas de comunidades indígenas do Brasil.
No dia 16, às 8 horas, será realizada a Oficina Etno Design com Benilda Vergílio “Kadiwéu”, graduada em Design pela UCDB, no Museu de Arte Contemporânea, e às 19 horas o MIS exibe três curtas com mediação de Cledeir Pinto Alves (professora do Centro de Formação de Professores Indígenas da UFMS em Aquidauana) e produtores dos filmes: “Cordilheira de Amora II” (9 min.); “À procura de Marçal” (26 min.) e “O olhar indígena sobre Campo Grande” (9 min.).
“Cordilheira de Amora” é um documentário com direção de Jamille Fortunato, produzido em 2015, que conta a história da indiazinha Guarani Kaiowá Carine Martins. Ela vive na vila indígena de Amambai, em MS, e transforma seu quintal em um experimento do mundo. Entre outros prêmios, foi eleito como o melhor documentário em curta-metragem no Festival Internacional de Documentários “É tudo verdade”, em 2015.
A vida e a luta de Marçal de Souza são o enredo do documentário “À procura de Marçal”, produzido por Caroline Cardoso e Natália Moraes como Projeto Experimental de conclusão do curso de Jornalismo da UFMS. A história do índio Guarani assassinado em 1983 por nunca se calar a respeito das injustiças sofridas pelos povos indígenas, é contada em fotografias, documentos e matérias de jornais.
“O olhar indígena sobre Campo Grande” do diretor Terena Sidney Morais de Albuquerque, faz um relato de lideranças indígenas de várias etnias que vieram a Campo Grande em busca de melhores condições de vida e educação para seus filhos. Apesar das dificuldades do dia a dia, sentem-se acolhidos e com esperança no futuro de seus filhos.
No dia 18, às 8 horas, o Marco realiza o Curso de Pintura em Cerâmica Guarani com Eduardo Pereira Matheus (Geógrafo, mestrando do Programa de Especialização do Patrimônio do Iphan). Eduardo desenvolveu uma metodologia para reconstituição gráfica dos motivos presentes em cerâmicas arqueológicas Guarani sem comprometer a integridade da peça, no Laboratório de Arqueologia Guarani da FCT/Unesp, em parceria com outros pesquisadores.
Todos os eventos são gratuitos e abertos ao público. As inscrições para as oficinas devem ser feitas na hora, no próprio local da realização. Informações na Gerência de Patrimônio Histórico e Cultural da FCMS, com Douglas e Sarita, pelos telefones (67) 3316-9155 ou 3316-9167.
Foto de destaque: Eduardo Medeiros