Campo Grande (MS) – Ativismo político e social abordado por meio da música, com muita delicadeza e sensibilidade. É o que o público presenciou neste domingo, durante o show de lançamento do primeiro CD de Marina Peralta, “Agradece”. Realizado com apoio da Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, o show trouxe 12 músicas autorais da cantora a uma plateia que lotou a Concha Acústica Helena Meirelles.
Antes de Marina subir ao palco, dois atores, Alessandra e Marcos Gautto, distribuíram flores coloridas de papel para a plateia e recitaram trechos de músicas da cantora e citações sobre os direitos dos povos indígenas, violência contra a mulher, todos temas de músicas apresentadas por Marina.
Logo depois, sob os gritos da plateia, a cantora começa o show com seu estilo próprio, conversando com a plateia. Marina disse estar emocionada, e a primeira música saiu com a voz levemente embargada. Aos 23 anos de idade, grávida de sete meses de uma menina, ela disse que cantar com sua filha no ventre é mais difícil, porém, “é uma delícia”.
Durante o show houve a venda do CD, camisetas e adesivos. A artista se manifestou contra o agronegócio e a favor da demarcação das terras indígenas. Os amigos Lauren Cury e Gleiton Berbet tiveram uma participação especial no show. Gleiton tocou sua flauta transversal durante a música “Viajante” e Lauren cantou com Marina a música “Ela encanta”. “Somos amigos pessoais, além de serem grandes artistas”, diz a compositora.
Marina disse que um dos sentidos de sua arte é que, pelo fato de ser mulher, ela procura sentir o empoderamento feminino, “para que outras mulheres também sintam”. Ela integrou, desde o início de sua carreira, coletivos que lutam pelos direitos das mulheres, dos indígenas, por uma melhor educação, todos temas que podem ser observados nas letras de suas músicas.
O CD pôde ser gravado por meio da colaboração de seus fãs e amigos. Um trabalho espiritualizado, ativo, atual. Que resiste e que busca profundidade nas relações. Marina é uma pessoa de muita fé, militante e feminista. No show, foi acompanhada pelo guitarrista Douglas Almeida, o baterista Anédio Japão, baixista Daniel Jah Rebel, o tecladista Alex Domingos, o percussionista Felipe Ceará e o trombonista Claudio Dedo.
Na plateia, o casal Adriana Campos, analista, e Rajiv da Costa, funcionário público, vieram acompanhar a filha, Thayná Campos, 18 anos, estudante de psicologia. O casal só conhecia a cantora de nome e já acompanhou apresentações dela em barzinhos, mas num show, foi a primeira vez. Já a filha, Thayná, já conhecia Marina, ficou sabendo do show pelo facebook e entrevista na imprensa local. “Participamos do coletivo ‘Até quando’, que luta pela reforma das universidades. Curto muito as músicas, ela é muito legal”.
A estudante de jornalismo Nathália Dias foi ao show acompanhada pelo namorado, Giovani Iop, estudante de administração. “Eu adoro a música dela, desde antes de ela se lançar. A música passa uma mensagem maravilhosa. Nós a conhecemos já faz dois anos”, diz Nathália. “A Marina é show! Deus deu uma missão muito bonita para ela”, afirma Giovani.
A funcionária pública Franciele Ortiz acompanha Marina desde o começo de sua carreira, “desde quando ela tocava no Rockers [casa noturna que fica na rua Manoel da Costa Lima], ela começou ali. Ela mora no mesmo bairro que eu, Maria Aparecida Pedrossian. Não temos muito contato pessoal mas sempre busco acompanhar as apresentações. Ela mistura reggae com dub, é uma música bem forte, aborda questões políticas, chama a atenção”. Seu amigo Rodolfo Alvin, pizzaiolo, afirma que a música da cantora é bem tocante e faz refletir sobre o mundo e como você está.
A estudante de engenharia ambiental, Ana Carolina Minossi, e seu namorado, o estudante de música Lucas Brito, foram ao show com um grupo de 12 pessoas. Ana já conhecia Marina da época em que frequentava o Rockers e acompanha sua carreira pelo facebook. Lucas veio ao show para conhecer o trabalho. “As letras são muito boas, ela canta rap também. Isso é difícil aqui no Estado, pois geralmente o forte é o sertanejo. Ela defende causas como o feminismo, é muito humilde. Faz contato com o público e se comporta ainda hoje da mesma maneira, conversa com as pessoas”, diz Ana Carolina.
Depois de voltar ao palco por duas vezes para o bis, Marina encerrou o show com agradecimentos à sua família, aos amigos presentes, a Deus e a todos que contribuíram com o show e a gravação do seu primeiro CD. E o público foi para casa com gostinho de “quero mais”.
Fotos: Edemir Rodrigues