Na noite desta terça-feira (29) o Museu de Arte Contemporânea do Mato Grosso do Sul (Marco) abriu as portas para mais uma temporada de exposições, com quatro mostras diferentes entre si: O Grande Espaço – desenhos da artista plástica Alessandra Mastrogiovanni (Bonito/MS); Uma Temporada na Baía Vermelha: Serra do Amolar – coletiva de pinturas dos artistas Alex Cerveny, Ernesto Bonato, Marina Faria e Ulysses Bôscolo (São Paulo/SP); Mural dos Desejos ou Emergência dos Sonhos – colagens da artista Angela Miracema (Campo Grande/MS) e Frontera – pinturas de Julio Cezar Alvarez (Paraguai).
O secretário de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação, Athayde Nery esteve presente e fez a abertura oficial ao lado da coordenadora do Marco, Maysa Barros. Também estiveram presentes Dirceu Maurício, coordenador do Museu Dom Bosco, Marisa Serrano, conselheira do Tribunal de Contas do Estado, Irani Brum Bucker, artista plástica, Roberta Costa, presidente da Associação dos Amigos do Marco, além dos artistas expositores e convidados.
Para falar sobre os artistas plásticos, o secretário Athayde citou um poema de Manoel de Barros:
A ciência pode classificar e nomear os órgãos de um
sabiá
Mas não pode medir seus encantos.
A ciência não pode calcular quantos cavalos de força
Existem
Nos encantos de um sabiá.
Quem acumula muita informação perde o condão de adivinhar: divinare.
Os sabiás divinam.
Depois completou dizendo que “assim são os artesãos, eles divinam, não há como a ciência medir a criatividade de um artista plástico, ele é como um poeta que consegue na tela construir toda divindade de que Manoel falava, só pode medir esses encantos quem tem sensibilidade”, declamou o secretário.
Identificando-se com o Mural dos Desejos ou Emergência dos Sonhos, a jornalista Roberta Inácio conta que foi na abertura da 3ª temporada especialmente para ver a exposição da artista Angela Miracema, de Campo Grande.
“Vim prestigia-la nesta noite tão especial. Acho muito interessante a delicadeza que ela tem para transmitir o que ela quer na obra dela, uma simplicidade e ao mesmo tempo uma complexidade. Ela usa da colagem, da reutilização, reciclagem, coisas que são descartáveis para a sociedade e é isso o que ela desperta na gente”, explicou Roberta.
Deixando a noite ainda mais especial, a menina Ana Carolina, neta do artista Julio Cezar Alvarez, um dos expositores, realizou sozinha a dança do cântaro, uma dança típica paraguaia, carregando uma jarra de água nas mãos e na cabeça. Após a cerimônia, o público prestigiou as obras expostas ao som do músico Alexandre Kenji, na voz e no violão.
Sobre as mostras
A mostra, O Grande Espaço, desenhos da artista Alessandra Mastrogiovanni trata-se de uma série de desenhos pautada na linha como grande protagonista em que figuras e espaço se confundem. A artista deixa-se guiar pelo estímulo que o objeto observado provoca fazendo do ato de desenhar puro êxtase em direção ao desconhecido. “As obras, a partir da concepção de um emaranhado de linhas, sem aparente início ou fim, vão construindo um esqueleto de arame vazado por onde o ar circula e o conceito do espaço único, o grande vazio se forma aliado à busca incessante do Homem em querer abraçá-lo!” segundo a artista. A série de desenhos de Alessandra é um convite para apreciarmos a leveza e a elegância dos traços e ao mesmo tempo um questionamento acerca desse Grande Espaço à nossa volta, que pode ser encontrado inclusive dentro de nós.
A coletiva de pinturas, Uma Temporada na Baía Vermelha – Serra do Amolar, dos artistas Alex Cerveny, Ernesto Bonato, Marina Faria e Ulysses Bôscolo, apresenta os quinze dias vivenciados em junho de 2014, em que os artistas experimentaram a convivência com a paisagem e os habitantes da Serra do Amolar intercalando caminhadas, cavalgadas e passeios de barco pela Baía Vermelha, Lagoa Mandioré e meandros do Rio Paraguai com o trabalho em um ateliê improvisado na fazenda Santa Tereza (cenário para as sessões de desenhos e pinturas demarcando ali novas fronteiras poéticas em suas trajetórias). A história da arte principalmente a brasileira é recheada por vários exemplos de artistas viajantes. Muitas missões foram pontuadas por registros em desenhos, aquarelas, gravuras, cartas e fotografias. O objetivo desta exposição é compartilhar a produção realizada de locais ainda pouco conhecidos do nosso do país.
Mural dos Desejos ou Emergência dos Sonhos, de Angela Miracema, traz ao público a visualidade elaborada por intermédio da técnica da colagem de recortes de revistas, jornais, papeis diversos, tecidos, objetos, entre outros; “proposições de estruturas cenográficas em que os sentidos fluem visualmente combinando-se com referências óticas e materiais disponibilizadas e consumidas em nosso cotidiano” segundo Rafael Maldonado, professor no curso de Artes Visuais da UFMS. As sobreposições de imagens recortadas e coladas delicadamente pela artista se transformam em verdadeiros murais de sonhos e desejos que prometem envolver o visitante.
A mostra, Frontera, do artista plástico Julio Cezar Alvarez, apresenta uma retrospectiva das pinturas do artista considerado porta-voz do intercâmbio cultural entre Mato Grosso do Sul e nosso país vizinho o Paraguai. A exposição demonstra que para a arte não existem fronteiras e que ela pode ser instrumento transformador capaz de dissolver qualquer mácula histórica como também ser espelho revelador dos traços que unem os dois países. “Julio é um artista que contribuiu na alma e na essência de nossa formação sócio-política e também para a consolidação da união cultural com a América do Sul”, segundo o artista plástico Humberto Espíndola. Por meio das cores de suas telas carregadas de dramaticidade é possível ver o reflexo tanto da cultura de sua terra natal como os laços que unem os países hermanos.
3ª Temporada
A terceira temporada estará aberta à visitação de terça a sexta das 7h30 às 17h30. Sábado, domingo e feriado das 14h às 18h e vai até o dia 29 de novembro.
Para mais informações e agendamento com escolas para a realização de visitas mediadas com as arte educadoras do Programa Educativo, ligar no telefone (67) 3326-7449.
O Museu de Arte Contemporânea fica na Rua Antônio Maria Coelho, nº 6000, no Parque das Nações Indígenas.
www.marcovirtual.wordpress.com
marco@fcms.ms.gov.br
(Fotos com logomarca: Fabio Ozuna/outras fotos: comunicação Sectei / fotos da exposição: Edemir Rodrigues)