Publicado em 06 out 2025 • por Karina Medeiros de Lima •
Na tarde deste domingo, na 1ª Bienal Pantanal, foi discutida a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, com a palestrante: Zoara Failla (SP), Gerente de projetos do Instituto Pró-Livro, que não pôde comparecer por estar com Covid. Ela enviou um vídeo que foi exibido aos presentes. A apresentação fez parte do Seminário do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL).
Zoara falou que para a pesquisa foram convidados especialistas chamados promulgadores, que analisaram os resultados da pesquisa que trouxe as inquietações e reflexões sobre o que foi relevado. “Pela primeira vez que nós tivemos mais não-leitores do que não-leitores. A série histórica começa em 2007, a pesquisa acontece de quatro, quatro anos, e é a primeira vez que nós temos 53% dos brasileiros não-leitores. E uma redução que aconteceu em todos os segmentos, inclusive entre as crianças. De 5 a 10 anos que eu acho extremamente preocupante e eu estou aqui principalmente para convidar vocês para convidarem, eu convidava vocês para lerem essas análises que eu acho que traz um desenho importante sobre o cenário da leitura do Brasil, do país e também possíveis, que eu acho que é muito importante, possíveis trajetórias para a gente melhorar esse retrato”.
Foi feito um diagnóstico para apresentar possíveis caminhos. O livro com a pesquisa tem 18 capítulos: “então a gente vai ter um gestual falando sobre a importância da vida, da abertura, da transformação de vidas de sociedades, a formação dos leitores, quais são os principais problemas que nós identificamos. E aí tem experiências interessantes, até de professores universitários, de professores que estão na ponta do Cena Fundamental 1. A questão dos influenciadores digitais, se realmente eles falam para leitores ou consumidores de livros, a questão dos acessos às bibliotecas comunitárias e bibliotecas públicas. Nós somos especialistas para falar sobre isso e também, quando a gente vê o acesso, a questão do consumo das livrarias, das pesquisas sobre o consumo do livro no país e como melhorar esse retrato a partir das políticas públicas”.
Zoara abordou a questão do aumento de leitores pela internet: “Nunca se viu tanto nas telas e na internet de fato, né? A própria pesquisa mostra isso. Mais de 91% dos jovens, a partir dos 14 anos, estão nas internets e nas redes sociais. Mas o que eles leem? Não leem livros, né? E eles estão, principalmente, nas redes sociais, nas plataformas de mensagens. Leitores de livros, só 24% desses usuários de internet dizem que acessaram livros. E 43% das crianças usam o seu tempo de vida nos games, estão nos games. E acho que a pergunta que fica é, por que não estamos conseguindo transformar este país em um país de mais leitores e leitores críticos e autônomos? Certamente, ninguém aqui, né, questiona o poder dos livros e da literatura na transformação de vidas, no acesso e na construção de conhecimento, no desenvolvimento cognitivo, né? Acho que aborda um pouco isso no meu capítulo também, mas tem vários estudos de neurologistas mostrando o prejuízo das telas, do desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças e jovens. Eu acho que a gente vai esquecendo que a importância da literatura também, além de visão de mundo, de despertada empatia que está sendo tão importante hoje. O que a gente necessita, então, responder é por que não estamos conseguindo transformar este país, por ora, eu diria que nós precisamos pensar na formação de professores leitores, investir na formação de professores leitores e mediadores de leitura e bibliotecais de leitores”.
A mediadora do debate, Melly Sena, diretora de Memória e Patrimônio Cultural da Fundação de Cultura, afirmou que para modificar este cenário é necessário um trabalho conjunto entre o poder público e a sociedade civil, pensando essas políticas na sua integralidade, visto que a cadeia do livro de leitura envolve diversos atores nesse processo. Mas aqui, durante esse seminário, a gente vai discutir muita questão também dos formadores de mediadores de leitura, que é um dos processos mais importantes que a gente tem. E a formação desse professor é o que vai colaborar muito nesse processo de leitura. E dos gestores também terem essa sensibilidade da importância das bibliotecas e dos trabalhos de leitura”.
Texto: Karina Lima
Foto: Daiana Schio