Bonito (MS) – Quem estiver em Bonito durante o 18º Festival de Inverno tem a oportunidade de ver uma escultura sendo feita ao vivo, na Praça da Liberdade. O artista visual Adilson Schieffer está desenhando o episódio a Retirada da Laguna, da Guerra do Paraguai, na pedra fundamental, em monolítico. Os trabalhos começam sempre às nove horas e terminam às 17, durante todos os dias do Festival.
A escultura está sendo feita na pedra num ângulo de 360 graus. O artista tem um esboço do desenho feito em papel, que esta manhã ele transferiu para a pedra. Para Adilson, é uma responsabilidade muito grande retratar uma parte da nossa história ao vivo durante o FIB. “É um desafio para mim, fico lisonjeado pelo convite de mostrar a técnica ao vivo. As pessoas não sabem como é o processo, ficam perguntando, vendo, não sabem as dificuldades as inspirações. Tenho que trabalhar no cimento em até duas horas, antes de secar. Depois de definir o traço, aí fica fácil”.
Schieffer explica que a parte do relevo vai ficar 100% pronta até o fim do Festival. A pintura ele vai fazer depois, com uma nuance de cor de pedra, sem colorir. Para fazer o trabalho, o artista baseia-se em fatos históricos relatados principalmente no livro A Retirada da Laguna, de Visconde de Taunay, e também em informações pesquisadas na internet. “Vai ser uma história contada em imagens em alto-relevo dentro da minha percepção artística dos fatos”.
O diretor do Museu de História Natural de Bonito, José Wanderlei Engel, esteve presente na manhã desta sexta-feira na Praça da Liberdade para conferir o trabalho do artista. Ele verifica a possibilidade de a peça, depois de pronta, ficar abrigada no museu. “Sempre gostei de história, é importante sabermos como foi o passado para sabermos como tentar programar o futuro”.
Engel é catarinense e há 20 anos mora em Bonito. Há dez, montou o Museu com peças históricas que foi juntando. Ele diz que a importância de um trabalho como a escultura sobre a Retirada da Laguna é “passar para os jovens a formação da cidade para eles saberem que os ancestrais lutaram pela nossa terra e para eles também continuarem lutando pela pátria”.
O guarda municipal de Bonito, Fernando de Andrade, observou o artista trabalhando na praça. “Não fazia ideia de como era. Achei muito bonito, interessante, a arte como ele faz, como ele transforma o cimento, depois que ele desenhar ele vai esculpir”. Os estudantes bonitenses do ensino fundamental Neilson Sanabria, Atilson Gonçalves, Stefani Lopes e Marlon Santos também deram uma passada na praça para conferir a escultura sendo confeccionada. “Ele desenha até o esboço da camisa do soldado” É ‘massa’” Nem no computador a gente consegue fazer, imagina assim! E ele faz rápido!”, dizem os amigos, espantados.
O casal Leonardo Morgado e Thaís pereira da Silva foram com a filha de seis meses, Taielly e a irmã de Thaís, Andressa, nesta manhã, para ver a escultura. Eles vieram de Bodoquena a passeio e pela primeira vez viram um artista trabalhando ao vivo. “Achei interessante, muito chique. É diferente do que a gente imaginava, é muito rápido! Essa iniciativa é importante para motivar, não deixar a cultura morrer. É algo que vai ficar de lembrança”, diz Andressa.
Outros visitantes entusiasmados foram a professora Marcelina Saraiva e seu marido, o corretor de seguros Joel Quintino, do Rio de Janeiro. Pela primeira vez em Bonito, eles ficaram impressionados com a obra. “É impressionante. Num painel desses a pessoa desenhar a olho nu, conseguir manter as proporções. Eu acho muito legal isso, lá no Rio a gente não tem contato com esse tipo de coisa”, diz Marcelina. Ela filmou o artista trabalhando “para ver o antes e o depois”.
Quem quiser conferir o trabalho de Adilson Schieffer, filmar, fotografar e fazer perguntas para o artista, basta se dirigir à Praça da Liberdade, das 9 às 17 horas, durante o Festival de Inverno de Bonito. Aproveite esta oportunidade para conhecer um pouco da nossa história, conferir a confecção de uma obra de arte de qualidade e ainda apreciar as outras atrações do Festival. Confira a programação completa aqui.
Fotos: Helton Perez e André Patroni