Bonito (MS) – Levar arte e cultura aonde o povo está. E isso foi feito na 18ª edição do Festival de Inverno de Bonito (FIB). O assentamento Guaicurus que fica no distrito de Bonito à 70 Km de estrada de chão da cidade, recebeu na manhã desta sexta-feira (29.08) o espetáculo “Os três porquinhos e o Lobo Mau” da Companhia Corpo Cênico de Nova Andradina (MS). O pátio da escola Municipal Rural de 1º Grau “Ozório Jacques” se transformou em palco para os curiosos olhares que ficaram atentos para assistirem à peça que é infantil, mas que tirou gargalhadas dos marmanjos.
Antes da apresentação o arte educador Philipe Faria de Campo Grande, proporcionou aos alunos uma vivência teatral, com momentos em que os participantes puderam experimentar um pouco dessa arte milenar.
O espetáculo é uma adaptação livre dos clássicos infantis, que de forma lúdica aborda a sustentabilidade e ao meio ambiente, o respeito às diferenças e as relações de amizades. “A ideia do grupo era fazer um espetáculo infantil pela carência de nossa cidade. E a gente resolveu fazer algo diferente”, diz Juliana Zampieri, produtora do espetáculo”. Ela ainda completa: “A gente curtiu muito ter sido convidado para vir se apresentar no assentamento, pois nosso espetáculo é prático, pode ser apresentado em qualquer lugar”, destaca Zampieri.
A companhia nasceu em São Paulo em 2008 , mas depois de um ano, mudou-se para Nova Andradina. Neste espetáculo fizem parte os atores Fábio Arrudo (Lobo Mau) que também é o diretor da peça, Eder Cavalcante (porquinho Heitor), George Lalier (porquinho Prático), Thalia Ferreira (porquinha Cici), na sonoplastia Lara Fernando e a produção ficou por conta de Juliana Zampieri.
Para Reinado Dias, diretor da escola que atua com magistério há 30 anos na mesma unidade escolar, foi gratificante ter recebido o espetáculo, pois nunca havia sido apresentado um naquele estabelecimento de ensino. “Foi muito interessante o assentamento ter entrado no circuito do festival porque a população daqui não dispõe de muita condição de ir até o evento em Bonito”. Dias já espera que nas próximas edições o assentamento seja contemplado, inclusive com uma programação maior.
Já a professora Marinalva de Souza, 35 anos, que todos os dias percorre uma distância de 26 km de sua casa até a escola para lecionar, também aponta que esse momento da apropriação da cultura pelos alunos e por seus pais é muito importante. E explica o motivo: “Aqui é uma num lugar com poucas oportunidades”.
Analice Matias, também professora, comenta que peça aborda sobre algumas questões do cotidiano. “Faz as pessoas refletirem sobre como respeitar as diferenças, bem como mostrar que estas podem cultivar amizades independentemente da condição, seja financeira, de cor, entre outras”, pontua.
Dona Sueli Evangelista de 40 anos, estava sentadinha num banco e no decorrer da peça, dava gargalhadas de sair lágrima de seus olhos. “Nunca tinha assistido teatro, foi muito boa e as crianças se alegraram”, disse a tímida dona de casa.
O estudante Lucas Gabriel, de 14 anos, achou muito boa a peça. “O personagem que mais chamou minha atenção foi o Lobo Mau”. Teve mesma opinião o pequeno João Moreira, de 7 anos, que também ficou encantado com a desenvoltura do vilão.
Amanhã a comunidade quilombola Águas de Miranda, recebe o grupo de dança Bailah, de Campo Grande. A apresentação acontece às 9h.