Publicado em 25 jun 2025 • por Karina Medeiros de Lima •
Uma das mais tradicionais e aguardadas festas populares de Corumbá é o Arraial do Banho de São João. O evento aconteceu de 20 a 23 de junho, reunindo moradores e turistas no Porto Geral e na Ladeira Cunha e Cruz, com uma intensa programação cultural, artística e religiosa. O Governo do Estado, por meio de emenda da senadora Soraya Thronicke, destinou 800 mil reais para a realização da festa.
Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil desde 2021, o Banho de São João é uma celebração que une fé e tradição, um dos maiores símbolos da cultura corumbaense.
A programação cultural no Porto Geral começou na sexta-feira (20) com praça da alimentação, estandes de artesanato e concurso de andores, além do show com Victor Gregório e Marco Aurélio. No sábado aconteceu o concurso de quadrilhas infantis e show com Bruninho e Davi.
No domingo (22), foi a vez do concurso de quadrilhas juninas e show com o cantor Loubet. Mas o ponto alto da festa aconteceu no dia 23 com a descida dos andores pela Ladeira Cunha e Cruz até a prainha do Porto Geral, seguida do banho do santo nas águas do Rio Paraguai. À noite, foi elevado o mastro de São João com a roda de cururu e siriri. A festa foi encerrada com show de Michel Teló.
O diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Eduardo Mendes, participou da festa descendo a ladeira e carregando o andor. Para ele, o arraial do banho de São João é o pacto de devoção e alegria que une gerações nessa festa. “É uma coisa que não tem em outro lugar do estado, a gente só tem aqui em Ladário e Corumbá. Então é muito emocionante poder pegar o andor, trazê-lo até as águas do rio e banhá-lo. Na mesma tradição que João banhou Jesus batizando no início da vida de Jesus. Então é muito gratificante, emocionante e é uma coisa que o Governo do Estado precisa ajudar a preservar. O banho de São João é a cultura do nosso estado. O governo apoia para que a gente não perca essa tradição tão importante, uma tradição de mais de 150 anos que acontece aqui em Corumbá, ou seja, antes do estado de Mato Grosso do Sul, era tudo Mato Grosso e já existia essa festividade. Então é muito importante a gente manter a cultura aqui em Corumbá e no nosso estado de Mato Grosso do Sul”.
O professor Júlio Cesar Flores nasceu em Corumbá as atualmente mora em Miranda por causa do trabalho. Ele vem todo ano para a festa do Banho de São João porque ele acredita na cultura popular de Corumbá. “É importante manter viva essa história, toda essa tradição que a cada ano cresce. Eu gosto muito do concurso das quadrilhas e do banho do São João. Essa tradição dos festeiros, das casas que se reúnem ainda pra fazer esse momento da descida dos andores, principalmente na hora dos cumprimentos e respeito entre os andores. É muito mágico, e essa é a tradição da cultura popular brasileira”.
O acadêmico de Administração Thierry Martins, de Corumbá, participou do concurso de quadrilha no domingo (22) representando a Paixão Pantaneira. “É a quadrilha que começou agora no ano 2025. E hoje, esse ano foi a nossa estreia no concurso. Antes eu era de outras quadrilhas. Aí essa nossa nova quadrilha se formou com integrantes de outras quadrilhas. Aí hoje a gente veio dar o nosso show. Tem uma sensação incrível. Você não sabe o quanto que eu amo fazer isso. Sabe quando você está lá dentro dançando, você está pulando, você está fazendo as coisas. Melhor sensação, melhor época do ano. Esta festa simboliza a paixão, simboliza a amizade, simboliza a alegria, tudo, as tradições. Eu gosto disso, gosto de as comidas típicas, eu gosto do São João em geral”.
O vendedor Luciano Lopes mora em Corumbá e depois de algum tempo sem prestigiar a festa, ele decidiu comparecer com a família. “Além das comidas típicas, tem atrações que é o banho de São João, que é o tradicional nosso de Corumbá. São as danças típicas que tem, que está até acontecendo agora. Minha família está vestida a caráter, a gente vem até vestida mesmo, como é a tradição nossa aqui. Esta festa significa muito hoje em dia pra mim. Hoje eu tenho 47 anos, então pra mim é um significado maior do que tudo. Então por isso hoje em dia estou trazendo meu filho de quase 3 anos pra simbolizar isso. E também com a minha esposa, que é boliviana”.
Texto: Karina Lima – Comunicação Setesc
Fotos: Samuel Rocha