Participaram da Roda de Conversa o ator e diretor Expedito di Montebranco, a atriz Jurema de Castro e a diretora e atriz Roma Roman. Nas políticas de combate a violência contra a mulher participou a assistente social Letícia Couto, representando a Casa da Mulher Brasileira (CMB), além de membros da Marcha Mundial das Mulheres e da sociedade civil.
Após assistirem a peça, as militantes contra a violência doméstica criaram expectativas de aproximação entre a cultura e o trabalho de combate que fazem no Estado há décadas. “A Casa da Mulher Brasileira é um serviço integrado para atendermos mulheres vítimas de violência. Se fizermos uma parceria com a Fundação de Cultura envolvendo e aproximando o teatro e outras artes para essas mulheres será muito importante para darmos um certo poder a elas para que sorriam, exerçam atividades e dê animo e força para que um dia elas digam: Eu sou forte, eu não dependo desse agressor, quero sair e mudar de vida. O teatro é uma ferramenta importante para que elas se sintam valorizadas. A Casa da Mulher Brasileira está de portas abertas pra iniciar todo tipo de envolvimento conjunto com a cultura”, sugestionou Letícia Couto.
A peça o “O Diário de Madalena” se passa em uma casa simples isolada do mundo, apenas o som dos pássaros, dos bichos e das águas quebram a monotonia do lugar.A mãe, Jurema, está adoentada há vários meses. Em desespero, o marido Severo sai rumo a cidade em busca de socorro médico. Os filhos Sabiá, de 16 anos e Madalena, de 15, são obrigados a enterrar a mãe falecida na ausência do pai, no quintal de casa. Revoltado por retornar sem o socorro que buscou e sentindo-se culpado por isso, Severo torna-se a cada dia mais autoritário e violento, inclusive com a própria filha. “A violência é um tema muito difícil de ser abordado no palco, principalmente nessa peça onde abordamos o assédio sexual dentro da própria família, fico pensando as vezes quantas pessoas que assistiram o espetáculo já passaram por este tipo de violência ou até mesmo já praticaram ela em casa. É o papel provocador do teatro”, explicou Expedito Di Montebranco, que dirigiu e escreveu a peça.
Representando a Marcha Mundial das Mulheres, a militante Andréa Mont’ Serrat, se mostrou surpresa com a capacidade de informação que apenas uma peça teatral pode ter. “Fiquei muito contente ao ver esse assunto retratado no palco. Nós que militamos há décadas em cima dessa questão, vencendo um leão por dia nos sentimos um tanto aliviadas só de pensar quantos saíram do teatro pensando que isso tudo acontece diariamente bem debaixo dos nossos narizes. A peça retrata essa realidade e é preciso criar esse diálogo”, argumentou Andréa.
“Humanizar, é isso o que precisamos, trazer de volta a amorosidade. Sabemos que isso acontece. As vezes o pai e a mãe tem que trabalhar e deixam com alguém que parece ser de confiança por ter um grau de parentesco, mas em muitos casos ali está o perigo. É muito difícil, pois não sabemos o que pode acontecer. Portanto a arte tem esse papel primordial de informar, provocar e aproximar”, completou a atriz e diretora Roma Roman.
(Fotos: Daniel Reino – FCMS)