Campo Grande (MS) – A Mostra Boca de Cena 2023, Semana de Teatro e Circo de Mato Grosso do Sul, tem proporcionado a grupos do interior a oportunidade de apresentarem seus espetáculos em Campo Grande, durante o evento. Diversas produções de vários municípios do Estado estão sendo conhecidas do público e os artistas têm oportunidade de se encontrar e de trocar experiências, conhecendo os trabalhos uns dos outros e o que tem sido produzido nos diversos municípios de Mato Grosso do Sul na área de teatro e circo.
Na noite desta quinta-feira, 30 de março, o Teatro Dom Bosco recebeu a Cia Theastai, de Dourados, com o espetáculo “Quem matou o morto?”, dirigido por Breno Moroni, um dos mestres da arte do teatro e do circo brasileiros.
“Quem matou o Morto?” é uma comédia inspirada no Teatro do Absurdo que se passa em um restaurante onde é servido o último banquete em celebração e homenagem a um general que foi morto envenenado. A trama caminha no sentido de levar o público a tentar desvendar quem dos três personagens matou o Morto e os mistérios que rondam a trama envolta em amor e traição, dinheiro e poder. Neste universo, transitam o Garçom pastelão, a Viúva, “una pobre y rica mujer”, e o Maître fascista.
O ator João Rocha, que fez o papel do “Garçon”, foi um dos fundadores da Cia Theastai, de Dourados. Ao final da apresentação, João disse ao público que o Boca de Cena é um festival no qual os artistas e trabalhadores do teatro e circo se sentem acolhidos. “É um lugar onde a gente encontra os amigos, assiste aos amigos e onde a gente vê a formação de público e a distribuição estética e artística dentro da nossa Capital. Hoje para a gente apresentar aqui, escutando vocês rirem, baterem palmas, foi muito legal”.
Társila Bonelli, atriz que fez o papel da “Viúva”, afirmou que a Companhia ficou muito feliz com o convite da Fundação de Cultura para participar do Boca de Cena. “Esse Festival é um evento que fomenta a arte não só aqui na Capital, mas do interior também. E como lá às vezes a gente não consegue este acesso, a oportunidade de ter vindo para o Festival é excelente. Nesses momentos a gente faz muitas trocas, a gente dialoga com outros artistas com os quais a gente acaba não conseguindo ter contato, acaba levando e fomentando muito mais a arte do interior”.
“A Companhia Theastai está com 14 anos de trajetória e durante este período o único que está desde o início é o João Rocha. Nós estamos entrando com outras parcerias. Eu não sou a original desta peça, eu fui convidada para montar a coreografia de tango desta peça, mas a atriz acabou saindo, e eu fui convidada para entrar. O Juninho [Júnior de Oliveira], que hoje está com a gente, ele tem uma outra Companhia, o Circo Le Chapeau, e aí foi uma fusão. Tanto que hoje a Cia Theastai e o Circo Le Chapeau têm um espaço lá em Dourados, que se chama Sucata Cultural, e lá é sede dessas duas Companhias e a gente faz outras ações lá dentro, é um espaço multicultural”, diz Társila.
Edna Bonelli, de Dourados, mãe da atriz Társila Bonelli, veio prestigiar a filha e trouxe a amiga Mara Goulart, advogada, também da mesma cidade, para assistir ao espetáculo. “Estou muito orgulhosa da equipe dela e principalmente dela. Sempre estamos apoiando a questão cultural porque a gente sabe da necessidade desse apoio. Tanto é que hoje estamos aqui a trabalho, mas a gente veio hoje aqui para prestigiar, porque a arte precisa de prestígio, precisa de respeito e de reconhecimento”, afirmou Edna Bonelli. Sua amiga Mara completa: “Já sou uma fã dos artistas da Sucata Cultural, e é uma honra estar aqui prestigiando e vendo o quanto eles são talentosos, e principalmente vendo o apoio que a Fundação de Cultura tem dado ao interior do Estado”.
E como a noite era da família, na plateia também estavam presentes os pais do ator Júnior de Oliveira, que faz o “Maître” no espetáculo. Juarez Gomes de Oliveira e Edna Duarte Rodrigues de Oliveira sempre apoiaram o filho na carreira artística: “Ser pai de artista é bonito, é gostoso. A gente que vê esses meninos crescendo, sempre brincando com arte, e depois num palco, a gente se sente realizado. O Boca de Cena é muito bom para os artistas, porque dá a oportunidade para grupos do interior vir para a Capital se apresentar e se tornar conhecidos também”, diz Juarez.
Edna Duarte Rodrigues de Oliveira, a mãe do Júnior, é funcionária aposentada do Centro Cultural José Octávio Guizzo e como servidora da cultura, sempre teve um olhar crítico para as produções culturais do Estado. “Como funcionária do Centro Cultural aprendi principalmente a observar os artistas, as apresentações. E meus filhos, sendo artistas, aí tem um jeito mais prático de fazer uma crítica ou às vezes até falar uma correçãozinha. São detalhes que às vezes eles deixam passar, e a mãe e crítica está sempre de olho. Por isso que eu assisto e acompanho tanto a filha, que é cantora, e o Júnior, que é de teatro e de circo”.
“O Boca de Cena é um evento que leva teatro e circo, conhecimento cultural, para o público de todas as classes sociais, tanto no teatro como na rua. Esse evento vai para os bairros onde as pessoas nem sempre têm oportunidade de ver, de assistir a alguma coisa desse nível. Então para eles é um aprendizado, é um modo de eles cultivarem para depois até as crianças podem querer estudar para poder ter essa profissão também”, finaliza Edna de Oliveira.
A Mostra Boca de Cena 2023 – Semana de Teatro e Circo de Mato Grosso do Sul vai até sábado, 1º de abril, é aberta ao público e com entrada franca! Confira a programação completa em: www.fundacaodecultura.ms.gov.br/bocadecena
Texto: Karina Lima
Fotos: Ricardo Gomes