Concha lotada em show histórico dos 30 anos do Bando do Velho Jack

  • Publicado em 01 dez 2025 • por Karina Medeiros de Lima •

  • A concha Acústica Helena Meirelles estava lotada para receber o show histórico em comemoração aos 30 anos do Bando do Velho Jack, no fim de tarde do último domingo (30 de novembro). Cerca de mil pessoas compareceram em peso para prestigiar três décadas de trajetória dedicadas ao rock de Mato Grosso do Sul. O show, com entrada franca, foi uma realização do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura e Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.

    A abertura ficou por conta do músico e cantor Guga Borba, que trouxe um pouco de Geraldo Espíndola, uma releitura de Roberto Carlos e suas músicas autorais “É super emocionante. A gente se conheceu há muitos anos atrás e eu pude acompanhar o Bando do Velho Jack, que é uma banda fantástica. E luta pelo som autoral sul-mato-grossense, pelo rock. Muita gente lá fora conhece o bando e eu fico muito feliz de fazer parte dessa história”.

    Logo depois começou o show histórico, com músicas da melhor repercussão ao longo dos 30 anos da banda, além de releituras dos regionais sul-mato-grossenses, como Trem do Pantanal, com a participação mais que especial de Paulinho Simões e de João Bosco, primeiro baterista da banda, uma releitura de Comitiva Esperança, Cavaleiro do Luar, além de clássicos da banda como Gasolina e Palavras Erradas.

    O vocalista do Bando do Velho Jack, Rodrigo Tozzette, afirmou que fazer rock autoral em Mato Grosso do Sul “é um trabalho de teimosia constante”. “Sem parar. A gente nunca pensou em tirar o pé disso. Eu acho que também, considerando que a gente teve momentos difíceis, bons momentos também, sempre a carreira artística é a de altos e barcos, mas a gente conseguiu manter a banda por 30 anos, acho que em primeiro lugar porque a gente toca o que a gente gosta, a gente faz o que a gente gosta. Então a gente pode olhar para trás esses 30 anos e ver um traço de honestidade mesmo com o nosso gosto, com o que a gente gosta de expressar como arte. E aí junta isso a muita teimosia, muita persistência. E aí estamos fazendo rock autoral há 30 anos”.

    O baixista da banda, Marcos Yallouz, falou um pouco de fatos que marcaram a história do Bando, como o assassinato do Alex Batata, o nosso primeiro vocalista. “Isso foi bem marcante pra gente, a gente lembra e sofre muito com isso até hoje. De coisas boas, sem dúvida, do início de carreira, a vitória do Skol Rock, que foi um marco na nossa carreira, quando a gente foi tocar em Curitiba, tocamos na pedreira, que foi um dos shows mais emblemáticos do Bando, em 1998, a gente estava para lançar o primeiro disco ainda e a gente venceu a etapa num concurso nacional, vencemos a etapa Centro-Oeste Norte, ficamos entre as sete finalistas do Brasil e tocamos lá em Curitiba, então foi bem legal”.

    Prestigiando o show, o secretário de estado de Turismo, Esporte e Cultura, Marcelo Miranda afirmou que este show histórico é uma noite muito importante para os sul-mato-grossenses, para quem gosta do rock. “O Bando do Velho Jack tem uma trajetória incrível, um destaque nacional, uma banda sul-mato-grossense que faz um trabalho de muita qualidade. E a gente fica muito feliz, enquanto Secretário de Cultura, enquanto Fundação de Cultura do Mato do Sul, a gente poder ofertar para a população nesse lugar incrível, que é a Concha Acústica. Hoje o dia está super bonito, Deus nos abençoou com essa noite muito fresquinha, sem chuva. E momento importante, se você levar 30 anos não é brincadeira, e eles 30 anos consolidando esse trabalho, mostrando muita qualidade, então é muito importante que o nosso governo, seguindo a determinação do governador Eduardo Riedel, de democratizar o acesso à cultura, poder ofertar de forma gratuita para a população esse show de comemoração aos trinta anos do Bando do Velho Jack”.

    Presente no evento, o assessor da Diretoria de Difusão da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Zito Ferrari, falou com carinho da banda. “O Bando do Velho Jack é uma banda que eu tenho muito carinho porque eu participei da sua formação. Na época que eles começaram, eu participei dessa formação e a gente tinha alguns projetos na Universidade Federal, como o projeto Sexta Astral que a gente fazia toda primeira sexta-feira do mês, era uma banda que sempre estava lá presente com a gente, então a gente viu nascer, a gente viu crescer, e agora uma banda que se apresenta com uma certa maturidade, a gente tem que continuar acompanhando e prestigiando, porque eles realmente mostram um pouco da música local”.

    Na arquibancada, o criador de conteúdo digital e fã da banda, Márcio Wunderlich, acompanha o Bando do Velho Jack há 30 anos, desde o primeiro show aqui, realizado próximo ao Shopping Campo Grande. “E esse evento foi um barro danado, porque choveu, foi um período da tarde, mas foi inesquecível. E eu me lembro que eu escutava no meu Volkswagen 66, em fita cassete, as músicas gravadas dos primeiros discos deles. Eu consegui comprar o primeiro CD do Bando do Velho Jack, e não foi aqui no Mato Grão do Sul, foi em São Paulo. E lá eles fazem muito sucesso, no Brasil todo eles fazem muito sucesso. E o Fábio Terra, grande poeta, arquiteto da palavra, professor de guitarra. Tem o maior carinho por ele, por ser fã do Mark Knopfler, do David Gilmour e eu como sou um fã do Bando do Velho Jack, das músicas que não é fácil tocar músicas clássicas de Rock n’ Roll no Cerradão, mas eles conquistaram essa autenticidade de transformar a música raiz de Mato Grosso, do antigo Mato Grosso cerradão, a música do Pantanal, essa influência eles conseguiram transformar em Rock n’ Roll, em Rock n’ Roll clássico ao estilo de Pink Floyd, e eles tocam e arrebentam. Hoje o Bando é a cara do Serrado e do Pantanal, eu penso que é uma banda que tem aí 30 anos de história, já está na terceira geração, os netos dos primeiros fãs já estão acompanhando. Então, eu só tenho a desejar para eles felicidades imensas, 30 anos de felicidades, 30 anos de Rock’n’Roll, eu espero que eles toquem até ficar velhinhos, igual Rolling Stones, igual Bob Dylan, igual outros ídolos que fazem parte da nossa história e é isso, parabéns Bando do Velho Jack, parabéns Banda Raiz do Rock’n’Roll de Campo Grande”.

    O psicólogo Ricardo Milanês veio prestigiar o show com seu filho de 17 anos, Kauan Furtado Milanês, que faz aulas de guitarra com o guitarrista do Bando, o Fabio Terra. “Eu gosto muito, ele fez aquela música Gasolina, as aulas são muito boas mesmo, ele é muito bom”, diz Kauan. “Eu tenho histórias de sempre uns shows, eu costumo saber onde tem e quando tem eu costumo ir. São, assim, situações bem agradáveis, assim, eu gosto muito. Eu estou com meu filho aqui, com amigos, as pessoas vêm curtir e é um ambiente harmonioso, legal”, diz Ricardo.

    O músico e gerente comercial João Brandes Garcia participa das bandas O Salto e Brandes Band, em que faz rock para surdos. Ele conhece a banda há 27 anos. “O meu primeiro show que eu fui na minha vida foi do Bando Velho Jack em 1998 no Motor Road, quando a ‘Tiazinha’ veio pra cá, eu tinha 10 anos de idade e eu acabei vendo o Bando Velho Jack e me apaixonei por rock e nunca mais parei. O pessoal da banda, por sinal, eles são muito próximos da gente, são muito acessíveis, né? Eu já toquei com o Bosco, que era o baterista do Bando do Velho Jack, com o Marquinhos, com o Tozzette, vários shows que a gente fazia, a gente participava junto. Eles vinham com a gente, dava canja, brincava com a gente, então são essas histórias. E eu lembro, eu estava contando hoje pro Marquinhos, que teve uma época que a gente ia no show do Bando quinta, sexta e sábado. Então era, assim, uma paixão incondicional pelo Bando”.

    Texto: Karina Lima

    Fotos: Daniel Reino

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    Música

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