Campo Grande (MS) – Olhares fixos com uma concentração difícil de se ver em crianças pequenas e isso aconteceu com o teatro “Geometria dos Sonhos” da Companhia de Teatro Hispano-Brasileira La Casa Incierta apresentado na manhã desta quarta-feira (20/04) no Marco (Museu de Arte Contemporânea de MS). Cerca de quarenta crianças que foram levadas pela OMEP – Organização Mundial para Educação Pré-Escolar, bem como de outras acompanhadas por adultos preencheram o espaço cuidadosamente reservado para o espetáculo.
A peça é parte da Mostra de Teatro Sul-Mato-Grossense de Teatro – Boca de Cena, uma realização da Secretaria de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação e Governo de MS – Organização e Produção: Colegiado Setorial de Campo Grande, Colegiado Setorial de Arte Circenses de Campo Grande e Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
O cenário consistiu numa tenda de ferro em formato oval com losangos na cobertura, de forma que as crianças foram colocadas dentro dela em que a protagonista (Clarice Gardell) ficou ao centro bem próxima dos pequenos dando um ar intimista ao espetáculo.
Como a maioria dos sonhos são desconexos, também no espetáculo isso ficou evidente. Uma frase da protagonista que vestia um manto dizia; “onde tudo começa onde termina e onde termina onde tudo começa”. Abusando e instigando a criatividade das crianças, com sons, como o de sinos, jogo de palavras ditas aleatoriamente, vários objetos e fazendo duma pedra quase o personagem central. A trilha sonora sincronizada com as ações da protagonista foram a tônica do espetáculo que agradou não só as crianças, mas aos adultos também. A sintonia das crianças com o espetáculo foi sentida, como se falassem a sua língua e viajassem na imaginação proposta.
Para Kláudia Bitencourt que levou os filhos para ver a peça diz ter gostado do que viu, “achei maravilhoso, a gente precisa muito disso aqui, eu nem sabia que existia teatro para essa faixa etária, a Gabriela (de um ano) ficou paralisada”. Já a professora Camila da OMEP diz que muitos pais acabam transferindo para a escola o envolvimento com a cultura “muitos não participam, não levam seus filhos e a escola acaba fazendo esse papel”, constata.
“Se não há o acesso com a sua cultura desde a primeira infância, você fica estagnado com a sua própria”, pontua Clarice Cardell. Também falou da boa receptividade do campo-grandense, “noto uma curiosidade no ar e uma abertura para o novo” e finaliza dizendo que durante o espetáculo “o olhar das crianças acabam se encontrando com o dos adultos e estes por sua vez devolvem esse mesmo olhar”.
Amanhã (21/04) os espetáculos continuam, “Dandys Acrobático” às 11h no Calçadão da Barão (entre 14 de julho e 13 de maio) e às 20h “Subcutâneo” no Teatro Aracy Balabaniam (os ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência). Confira a programação completa aqui.