Campo Grande (MS) – A capoeira está representando a cultura afrobrasileira no Campão Cultural – I Festival de Arte, Diversidade e Cidadania. Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, a Roda de Capoeira é um dos símbolos do Brasil mais reconhecidos internacionalmente. Ela expressa a história de resistência negra no Brasil, durante e após a escravidão.
No festival está acontecendo uma exposição de fotografias sobre a capoeira de Mato Grosso do Sul no Memorial Educativo, que tem a curadoria da artista visual Rose Borges. A exposição faz um paralelo entre os primórdios da capoeira em MS e a nova geração pujante e ativa que mantêm viva nosso patrimônio imaterial. As fotografias apresentam as duas esferas entre o novo e antigo, o saber do mestre e a roda de capoeira, as manifestações da “capoeira de rua” na década de 90 e a capoeira de rua dos anos 2000.
“As imagens mostram as características e expressões culturais que preexistem na capoeira e as que continuam sendo mantidas. O abadá branco, substituído pela roupa colorida. A roda fundamentada. O encontro de grandes mestres e intercâmbio. Homenageia também a mulher na capoeira, com quatro grandes capoeiristas que desmitificam a ideia de que a capoeira não é uma “prática para mulheres” mostrando toda sua técnica e desenvoltura tanto em movimentos acrobáticos precisos quanto no desenvolvimento do toque e canto, mostrando que a capoeira é uma prática saudável, tradicional, ancestral que precisa ser salvaguardada por esta e outras gerações”, explicou a curadora.
Foram realizadas também oficinas de capoeira para crianças, idosos e mulheres. São elas: “Brincadeira de Angola – a Capoeira na educação Infantil”, com o Mestre Liminha (MS), “Vivência em Capoterapia – a Capoeira para melhor idade”, com o Mestre Varal da Associação de Capoeira Pantanal, “Desafios da Mulher na Roda / Samba de Roda” com a Mestra Léa Pantaneira do Grupo de Capoeira Cordão de Ouro, “Instrumentação e Musicalização na Capoeira” com o Mestre Tapioca do Grupo Camará Capoeira José e “Vivência com Mestre Guerreiro” da Associação de Capoeira Baiana.
Para a Mestra Lea Pantaneira apesar da capoeira ser um ofício predominantemente masculino, as mulheres estão conquistando um espaço significativo. “Tem mestres que não fazem a inclusão da mulher, esse universo masculino tem muita resistência em reconhecer a nossa capacidade. Sou a primeira mestra de capoeira em Mato Grosso do Sul. Nós queremos ser representadas no mestre. Assim as meninas se identificam com a gente e se sentem bem acolhidas”, explicou Lea Pantaneira.
Enquanto população afro-brasileira, a nossa cultura, a capoeira, está inserida na história do Brasil. Este festival está agregando diversas linguagens e há tempos estamos lutando para a capoeira estar presente nestes espaços culturais, pois só somos lembrados no mês da consciência negra. Apesar da capoeira ser um patrimônio cultural, esse reconhecimento ainda á necessário para a divulgação da nossa cultura”, finalizou Romilda Pizani, coordenadora do Fórum Permanente das Entidades do Movimento negro de MS.
Fotos: Ricardo Gomes e Daniel Reino