A arte da cultura hip-hop pode ser conferida em quatro painéis expostos na Praça da Liberdade, durante o Festival de Inverno de Bonito. Através de artes visuais, cada um dos artistas retrata um pouco da cultura e da natureza sul-mato-grossense.
Os quatro artistas visuais foram selecionados através de edital para uma live paint de grafite, durante intervenções no FIB. Um dos critérios era que eles tivessem, no mínimo, dois anos de atuação na Cultura Hip-Hop. A arte ‘Pantaneira De Raiz (Catarina Guató)’ é de autoria de Pedro Nunes Moraes Marquez Morato; ‘O Canto Das Águas’, de Thalya Ariadna Palhares Veron; ‘A Magia Do Pantanal’, de Rafael Vasconcellos da Silva; e ‘Real Grafitti’, de Michael Douglas dos Santos.
A artista autodidata Thalya Veron trouxe para o FIB o trabalho intitulado “Submergir: O canto das Águas”, que conta sobre a fauna, a flora e sobre a importância das águas, dos peixes e da preservação dos rios. “Eu quis usar o peixe da espécie pintado como símbolo dessa arte que apresento aqui no Festival. Meu trabalho é muito voltado para a fantasia, o místico, pra lendas e folclore. Eu criei a história de um peixe pintado que, uma vez ao ano durante o Festival de Inverno, sai das águas, vira mulher indígena e vai curtir o Festival. Essa mulher indígena traz muito a representação da minha avó, que faleceu de Covid em 2021. Desde então, eu tenho me inspirado muito no que aprendi com ela sobre lendas e folclore”, conta a artista.
Com nome artístico de Rafinha, Rafael Vasconcellos da Silva é o único representante do interior de MS. Natural de Nova Andradina, ele fala que gosta de trabalhar com muitas cores e no estilo cartoon, mas sempre com a pegada regional. “Fiz um personagem pantaneiro estilizado, com traços mais quadrados e usando muito o amarelo. É a primeira vez que participo de um evento de grafite fora da minha cidade e, como eu sou da cultura de dança hip-hop, comecei a me interessar pelo grafite e me apaixonei por essa arte. É uma forma de expressão que liberta, pois a gente tira o que se passa na nossa cabeça e coloca numa parede, num papel, para que as pessoas vejam. E num evento como esse, as pessoas olham, conversam com a gente, elogiam e tiram foto. Essa troca de energia é muito bacana”, diz Rafinha.
Quem também comenta sobre essa troca com o público é a artista Thalya. “O grafite é uma arte que permite me expressar sem medos. É muito incrível quando crianças olham para a minha arte e perguntam sobre meu trabalho que expressa muito a fantasia e isso encanta o universo infantil. Até mesmo os adultos gostam, mas meu maior público são as crianças. Fico muito feliz de ter essa interação e de explicar para todos o que cada coisa representa e o que está por trás dessas personagens que eu crio. Eu tento resgatar lendas e folclores através do meu grafite e da minha essência”, finaliza.
Débora Bordin, Festival de Inverno de Bonito
Fotos: Altair Santos