Campo Grande (MS) – Transferido do porto-geral para a escola de dança, música e línguas Moinho Cultural Sul-Americano, um ambiente que se multiplica em sonoras ondas musicais e movimentos de corpos, o espetáculo R.U.I.A (Realidade Ultra-sônica de Invasão Aleatória) encontrou nos alunos – brasileiros e bolivianos – a sua plateia mais participativa e interpretativa do contexto encenado.
Ao final da apresentação, com duração de 35 minutos, o palco foi invadido por aqueles pequenos estudantes-dançarinos-músicos, repetindo gestos, caretas, travessuras e barulhos com a boca e as mãos captados durante a performance dos seis bailarinos da Companhia Dançurbana, de Campo Grande. Não foi nem preciso convidar a plateia para entrar na dança.
“Apresentar no Moinho fez mais sentido, não menosprezando um espaço aberto como seria no porto-geral, pela história da escola, onde o carro-chefe é o envolvimento com as artes”, resumiu Marcos Mattos, 35, diretor da Companhia. “Foi muito significado estar aqui e fazer essa troca com crianças e jovens que vivenciam diariamente a cultura.”
Para todas as idades
O espetáculo é voltado para crianças do segundo setênio (etapas do crescimento entre 7 e 14 anos de idade) e mexe com o imaginário dos pequenos em uma jornada recreativa no mundo das brincadeiras dos tempos dos nossos pais e avós, que estão sendo esquecidas em tempos virtuais. Esse resgate é enriquecido com a cruza das danças contemporânea e de rua.
Um espetáculo para todas as idades, que arranca gargalhadas das crianças e as deixa compenetradas com aqueles corpos em cena, sincronizados, fazendo palhaçaria, trazendo de volta as brincadeiras de antigamente, como morto e vivo, jogo das mãos, estátua e pula cela. A imitação de gatos gigantes também diverte a atenta plateia.
“Gostei, foi muito interessante”, conta o pequeno César Augusto, 9 anos, aluno de música (violoncelo), muito compenetrado entre os colegas. “Foi divertida a brincadeira da batatinha quente e da fogueira; também adorei a primeira parte, a imitação dos bichos”, observa.
Para a diretora-executiva do Moinho Cultural Sul-Americano, ex-dançarina e coreógrafa Márcia Rolon, o espetáculo trouxe para dentro da escola uma linguagem diferente na dança e música para jovens que estão acostumados com a parte clássica.
“Foi inusitado e complementa muito a formação de plateias, que é uma das nossas propostas, além do intercâmbio, a troca, o abrir de sua casa para outras pessoas e aprender. Este é o papel do Festival, e o espetáculo passa pelo Moinho justamente na semana em que retomamos a integração Brasil-Bolívia, com a abertura da fronteira”, sintetizou.
Taxto: Silvio Andrade
Fotos: Fernando Antunes