Bonito (MS) – “Vamos gritar para acordar quem está dormindo”. Esta foi uma das frases repetidas por Elza Soares durante o show de sábado (30.07) no “Festival de Inverno de Bonito” (FIB). Sentada em uma espécie de trono e arrodeada por um cenário composto por mil sacos plásticos de lixo preto, a cantora carioca mostrou no festival que o espetáculo “A Mulher do Fim do Mundo”, baseado em disco homônimo, é marcante, sensível e ousado. Do alto dos mais de 60 anos de carreira, Elza Soares mantém a afinação e a interpretação impecáveis.
Aclamada pela crítica e vencedora de importantes prêmios nacionais, a diva brasileira aborda vários assuntos no repertório que compõe o show, como a violência contra a mulher, a opressão social e os dramas existenciais. “Estou com vocês e vocês estão comigo!”, ressaltava a cantora. Entre uma música e outra Elza se dirigia ao público para fazer barulho e se expressar. “O povo é livre!” provocava a cantora e a plateia reagiu com um “Fora Temer” em uma Praça da Liberdade lotada.
Além da ligação estreita com o público, Elza também estava afinada com a banda. Aliás, um time de músicos de primeira qualidade: Rodrigo Campos, Graciliano Neto, Kiko Dinucci, Marcelo Cabral e Guilherme Kastrup. Os arranjos chamam a atenção pelo refinamento e sutileza e os músicos tiveram uma execução impecável em canções intrincadas do disco homônimo ao show, como “Coração do Mar”, “Firmeza?!”, Benedita” e “Maria da Vila Matilde”, além dos sucessos “Malandro”, “A Carne” e “Volta por Cima”.
Assediada no camarim, Elza recebeu a imprensa antes de entrar no palco e deixou o local imediatamente após o show aclamada pelo público. “Diva”, “musa” e “rainha” foram algumas das palavras gritadas pelos fãs durante e depois do espetáculo. Amiga da Família Espíndola, a cantora pediu para ver o compositor Geraldo Espíndola e o encontro se realizou pouco depois. Para quem assiste Elza nos bastidores com movimentos lentos e voz fragilizada, é uma surpresa ouvir a cantora se tornar uma “gigante” no palco. Se fosse escolher uma palavra para resumir a passagem da “mulher do fim do mundo” pelo festival, esta palavra seria “superação!”.
ASSESSORIA DE IMPRENSA
Rodrigo Teixeira / Foto: Elis Regina e Eduardo Medeiros