Corumbá (MS) – O Tradicional Pocket Show, do Circo Le Chapeau, fez a alegria das crianças de todas as idades na tarde deste sábado (28.05), na Praça Jardim da Independência, em Corumbá. Todos ficaram vidrados nos palhaços, nas acrobacias e na bailarina, que arrancaram suspiros e gargalhadas da plateia.
A companhia foi criada em 2012 e desde 2017 a gente está com a formação atual: Júnior de Oliveira, Társila Bonelli, João Rocha e João Dias. A companhia de Dourados tem uma sede, a Sucata Cultural, que também é um espaço cultural, e a trupe vem desenvolvendo um trabalho principalmente com circo de rua.
O Tradicional Pocket Show é o espetáculo que o Circo Le Chapeau mais apresenta, explica um dos fundadores da companhia, Júnior de Oliveira. “É um espetáculo em que a gente resgata um pouco da tradição circense, daqueles circos de lona, principalmente brasileiros, da década de 1980, 1990, que tem aquele marketing, que é realmente para atrair o público, que apresenta os melhores artistas da Terra, que tem os artistas internacionais, e quem conhece os bastidores do circo sabe que às vezes o mesmo artista que fala que veio dos Estados Unidos é o artista que veio do México. Os artistas acabam desenvolvendo muitas funções dentro do próprio espetáculo como fora, que é o caso agora, que a gente está na montagem, todo mundo está montando o cenário, daqui a pouco todo mundo apresenta, cada um realiza mais de um número. A gente veio com esse espetáculo, que é bem livre, para todas as idades, onde a gente traz nossos melhores números, onde a gente tem uma comunicação direta com o público, essa brincadeira mesmo de fazer um espetáculo pensado para a rua, onde qualquer coisa vira um motivo de brincadeira pra gente”.
“Esse espetáculo para gente é um pouco mais tranquilo porque a gente faz os números só de chão, não tem aéreo. Mas a gente tem outros espetáculos que a gente leva estruturas maiores ainda para praças e a gente sempre pensa nisso, de conseguir um espetáculo que a gente consiga transportar para todos os lugares e apresentar na rua, que a energia é diferente, a gente consegue arrancar mais risos, consegue arrancar mais aplausos, consegue deixar as pessoas mais à vontade, a gente tem número que convida o público para participar”.
Júnior explica que ao levar o espetáculo circense para a rua, muda muito o tipo de público. “A interação é importantíssima porque aqui a gente está muito próximo do público, a gente consegue perceber todas as reações, a gente consegue interagir, consegue, mesmo em cena, conversar com as pessoas, e eles são o termômetro do espetáculo: quanto mais tem a participação deles, mais o espetáculo fica animado. Diferente de a gente estar num lugar mais amplo, tanto como a lona, ginásio, como um teatro, em que a gente acaba ficando um pouco mais distante, o espetáculo continua com toda sua magia, claro, mas a gente não sente esse calor das pessoas. Então, apresentar na rua, pra gente, é isso, o público é o nosso combustível”.
“Para nós é uma alegria muito grande se apresentar no Fasp porque o circo tem essa essência de itinerância, então pra gente viajar e apresentar em outros lugares é muito bom, e a gente apresentar dentro do nosso Estado é melhor ainda, porque a gente tem um trabalho de produção muito forte então a gente acaba se apresentando muito fora do Estado, muito fora da nossa cidade. Então quando a gente consegue vir para os festivais dentro do Estado pra gente é uma alegria muito grande. Até porque a gente revê os amigos, encontra pessoas que faz tempo que não via. Pra gente é uma alegria muito grande estar participando do Festival América do Sul Pantanal”.
“Apresentar na rua, pra gente, é o que traduz a essência do Circo Le Chapeau, é um grupo que se apresenta narua. Inclusive o nome vem disso, Le Chapeau, que é O Chapéu, em francês, para a gente manter essa tradição da rua também em que a bilheteria é passar o chapéu”, diz Júnior.
E por falar em chapéu, ao final da apresentação os integrantes da trupe recolheram em seus chapéus o dinheiro entregue pelo público, que serviu para comprar picolés do picolezeiro conhecido em Corumbá como “Baianinho”. Os picolés foram recebidos pela criançada com muito carinho.
Lídia Benício, administradora, de Corumbá, mãe do Fabrício José Benício Amorim, ficou sabendo da apresentação circense pela programação do Festival que ela pegou no Hostel perto da avenida. “Desde a primeira edição do Festival eu procuro vir sempre, eu procuro participar de todos os eventos que tem. Aí depois que eu tive o meu filho, eu sempre trago ele em todos os eventos, para criança. Ele adora qualquer teatro, apresentação de dança, circo, a gente sempre participa, ele sempre gosta. Eu gostei muito, achei muito legal”.
O Fabrício, filho da Lídia, tem seis anos e disse que gostou “daquela hora que ele [o palhaço] caiu. Eu estava dançando porque eu gostei da música”. Mas como nem tudo são flores, ao final da apresentação os picolés do seu “Baianinho” não deram para quem quis, e o Fabrício ficou triste porque ficou sem picolé.
Aidê Antonina tem 87 anos, não enxerga, perdeu a vista por conta da idade. Mas ela é uma prova de que a alegria do circo contagia a todos e é inclusiva. Ela pediu para sua filha caçula, a Juilaide Ferreira, trazê-la para a praça, “porque eu gosto de assistir, sempre venho quando tem uma peça assim aqui, eu adoro assistir. Eu consigo curtir escutando, né. Gosto da música, do barulho, dos cantores, apresentaram bem, eles vieram de longe para se apresentar, aqui tem que dar o apoio para os artistas. O circo a gente ouve o que estão falando, é muito bonito”.
Fotos: Marithê do Céu