Campo Grande (MS) – O grupo Teatro Imaginário Maracangalha apresentou na manhã deste sábado, 11 de junho, na aldeia indígena Darcy Ribeiro, no bairro Noroeste, a peça Tekoha – Ritual de Vida e Morte do Deus Pequeno. A apresentação fez parte da Mostra de Teatro de Rua Esquenta RBTR-MS, que realiza apresentações gratuitas de espetáculos de rua em bairros e comunidades quilombolas de Campo Grande, Nova Alvorada do Sul e Dourados até o dia 17 de junho. A Mostra é um preparativo para o XVIII Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua, que acontece de 16 a 19 de junho, em Campo Grande.
O espetáculo narra a trajetória do líder guarani Marçal de Souza e sua resistência histórica na luta pela terra e direitos dos povos indígenas. A palavra que dá nome ao espetáculo, Tekoha, tem um significado peculiar. “Teko” significa modo de estar, sistema, lei, hábito, costume. Tekoha, assim, refere-se à terra tradicional, ao espaço de pertencimento da cultura guarani. É no Tekoha que os guaranis vivem seu modo de ser.
O grupo iniciou as atividades na aldeia com um passeio chamando os moradores para a apresentação da peça. Usando apitos, um prato de metal e um instrumento também de metal, os atores Moreno Mourão, Renderson Valentin, Fernando Cruz e Estefânia Martins foram percorrendo a aldeia e convidando quem encontravam nas casas e nas ruas para irem ao “campinho” do Centro Comunitário para acompanhar a encenação de Tekoha.
Alguns adultos e muitas crianças, algumas delas até fazendo parte da encenação, compareceram com suas bicicletas, pipas e com muita alegria. A moradora e dona de casa Edna Cristina Ximenes se emocionou e chorou durante a apresentação. Ela levou seus sobrinhos Cléo, Vanessa e Vinícius. “Adorei a apresentação. Eu adoro teatro. Não tem essas coisas aqui no bairro”.
O líder da comunidade, Vânio Lara, compareceu e afirmou ser importante a presença das crianças. “A gente acredita que quando uma peça sobe indígenas e apresentada é uma novidade para as crianças. É colocado este assunto na mente deles, que são estudantes. Para eles é um orgulho”.
O pedreiro Marinho da Cruz Silva levou seus três filhos, Marinho Gabriel, Daniel e Débora Fernanda. “É muito boa a peça, prende a atenção da gurizada, eles ficam conscientes do que está acontecendo. Desde pequenos aprendem a lutar pelos seus direitos”.
O ator e diretor de teatro do grupo Imaginário Maracangalha, Fernando Cruz, disse ser uma honra para ele apresentar a peça Tekoha para uma comunidade indígena. “É como retomar um pouco da história do Brasil aos povos originários do nosso país, que têm suas terras invadidas. É retomar um diálogo que foi perdido. Vemos pelo sorriso das crianças que não perderam a esperança”.
A Mostra continua neste domingo, dia 12 de junho, com o espetáculo “Tradicional Pocket Show, do Circo Le Chapeau, na Praça da Bolívia, às 10 horas. É um espetáculo de variedades em que são resgatados números clássicos de circo, como malabares, palhaço e acrobacias.
No dia 17 acontece o encerramento, com m cortejo cênico da Rede Brasileira de Teatro de Rua, com grupos de todo o Brasil, no Centro de Campo Grande, às 17 horas.
Texto e fotos: Karina Lima – FCMS