Campo Grande (MS) – Foram 320 artesãos que participaram do encerramento da Semana do Artesão expondo suas criações na Praça dos Imigrantes na manhã e tarde deste domingo, 19 de março, dia em que se comemora o Dia do Artesão em alusão ao Dia de São José, que era carpinteiro. A praça estava animada. Ao longo do dia teve shows com Ronny Escobar, grupo Forasteiros do Chamamé; Ofélia; Tempero do Samba e Greg Antunes. O Grupo Cinese Cia de Dança se apresentou, esteve presente a Confraria Socioartista e as crianças foram contempladas com recreação, brinquedos e participação de palhaços para animar o evento.
Segundo Helena Francisca Menezes Rondon, presidente da Associação dos Artesãos da Praça dos Imigrantes, a praça como manifestação cultural existe há 17 anos, quando foi restruturada pela antiga Fundac. Mas historicamente, o espaço que constitui a praça é palco da história da cidade desde 1888, quando sediava casamentos, desfiles, e servia de estacionamento para carros de bois. Em 1912, recebeu a denominação de Costa Marque, em homenagem ao governador do Estado que, pela primeira vez visitava o povoado. A primeira urbanização do seu local aconteceu da Administração Marcílio de Oliveira Lima (1955 – 1959). Com o passar dos anos, ficou conhecida como Praça os Imigrantes, enaltecendo a dedicação e a obra de pessoas de todas as partes do mundo que escolhiam Campo Grande para viver.
Em 2000 a Praça foi totalmente revitalizada e adaptada para funcionar também como Feira dos Artesãos. Atualmente são 72 artesãos cadastrados. Para expor na praça, explica Helena, é preciso ter carteirinha do artesão “e fazer um bonito trabalho”. “Estamos realizando este encerramento da Semana do Artesão, somos privilegiados de ter esse evento aqui na praça, que reflete a união das entidades com o apoio da Sectur junto com a Secretaria de Cultura do Estado, que nos está dando todo o apoio. O artesão nunca foi tão valorizado como agora, estamos nos sentindo importantes. É disso que a gente precisa, desse apoio das entidades de classe”.
Artesã que está desde o início da revitalização na praça, há 17 anos, Nadyr Diehl Colombelli trabalha com argila e biscuit. Sempre entregava suas peças para expor e comercializar na Casa do Artesão e participou de duas exposições. Aposentada, com 80 anos, ela diz que o artesanato trouxe muita felicidade para sua vida. “Encontrei muitos amigos. Para mim, quando estou trabalhando eu esqueço tudo. Minha vida é ali”. Ela lembra da época em que os artesãos da praça expunham suas peças em barracas de lona. Meu marido ficava embaixo da árvore vendendo onça de argila. Meu filho que fazia. Somos uma família de artesãos: minha filha Silvana, meu filho Silvio, a outra filha Tatiana, eles pegaram gosto. Eles têm outras atividades e fazem por hobby. Ah, e também meu neto Douglas”, ela diz.
Zila Garcia Gualberto também é das pioneiras da praça, “desde o tempo dos sem-terra, das barracas”, ela diz. “A gente chegava aqui, as barracas estavam voando na rua. Aqui tinha muito hippie, eles ficavam atrás da nossa loja e aprontavam de tudo aqui, dormiam, praticamente moravam aqui. Muitas alegrias vivi aqui. A gente faz muitas amizades, tem turistas que já são nossos fregueses, quando vêm a Campo Grande, visitam nossa loja. É um pedacinho do céu para mim”. Zila é professora aposentada, tem 75 anos e há 25 anos é artesã.
Por volta das dez da manhã foram iniciadas as solenidades com as autoridades. Helena Rondon, presidente da Associação dos Artesãos da Praça dos Imigrantes, agradeceu às autoridades presentes, aos artesãos e pessoas que colaboraram com a decoração, aos parceiros Sectur e Secretaria de Cultura do Estado, ao prefeito de Campo Grande. “O artesão precisa desse incentivo, desse apoio, para nos abrir caminhos e nos levar além fronteiras. Tenham um bom dia com muitas vendas”.
O superintendente do FIC da Fundação de Cultura do Estado, Ricardo Maia, esteve representando o secretário de Cultura, Athayde Nery, que estava em viagem para Dourados. “É com grande alegria estar aqui nesse movimento do artesanato do nosso Estado, da nossa cidade. Quero parabenizar o artesão pelo seu dia, a gente sabe de sua luta. Homenagear Conceição dos Bugres, que é um símbolo do nosso Estado, neste evento, é trazer à tona essas referências culturais para apresentar novos rumos para o Estado, nesse ano em que se comemoram os 40 anos de sua criação. A gente precisa fomentar a cultura em todos os lugares”.
Após o prefeito Marquinhos Trad e a secretária adjunta municipal de Cultura, Laura Miranda, receberem um presente dos artesãos da Praça dos Imigrantes, o prefeito desejou que Deus abençoasse a manhã de todos, que tivessem um bom domingo com a família e com muitas bênçãos. “Em 22 de outubro de 2015 a lei 13.180 especificou e regulamentou a profissão de artesão. A partir daí ganhou nosso Estado e a nossa cidade. Aqueles que criam, tecem, exercem o dom que Deus lhes deu e faz dele por amor e paixão, a gente pensa onde o poder público está ajudando a profissão de vocês. Vocês têm feito pela cidade muito mais que ela tem feito por vocês. O que vocês fazem é bom para a cidade, não só para vocês. Quero ser essa pessoa que sirva de elo de ligação entre o poder público e a população. Parabéns pelo dia!”
A gerente da praça, Sonia Albuquerque, agradeceu a todos os artesãos, e disse que ela também é uma. “Desejo um dia maravilhoso para todos e muitas vendas. E que venham muitos mais eventos como esse aqui na praça”.
A secretária adjunta da Sectur, Laura Miranda, disse que alguns representantes visitavam a secretaria e reclamavam da falta de ligação do poder público com os artistas. Quero receber vocês para um café e convido a participarem das discussões. Lá é a casa de vocês. Parabenizo os artesãos, pois mais que sensibilidade, vocês têm um toque especial em cada peça”.
Na ocasião, foram homenageadas quatro artesãs da praça que se estacaram este ano: Genciana Ajala, Helaine D’Avila, Maria José Simioli, que fez aniversário no dia do evento, e Irene Dionizio.
Na Praça dos Imigrantes, ou Praça dos Artesãos, como é conhecida, pode ser encontrado o mais variado tipo de artesanato e trabalhos manuais, tais como: cerâmica, couro, arte indígena, arte em mosaico, trabalhos em biscuit, madeira, tecelagem, bordados e pinturas diversas, bijuterias, licor de pequi entre outros. A praça possui lanchonete e estacionamento para ônibus de turismo. As lojas permanecem abertas de terça a sexta-feira das 9h às 18h e sábado das 8h às 12h. Venha conhecer!
Fotos: Daniel Reino – FCMS