A noite de quinta-feira (22) foi marcada por um desfile de moda autoral com foco na sustentabilidade na Praça da Liberdade, durante o 23º Festival de Inverno de Bonito. A apresentação trouxe coleções inovadoras de estilistas renomados do Mato Grosso do Sul, que encantaram o público com criatividade, tecidos diferenciados e uma paleta de cores ousada.
Karla Velasco, coordenadora de moda responsável pela produção do desfile e pelo estande de moda autoral do festival, destacou que a sustentabilidade foi o conceito central. “Nós estamos trazendo para Bonito o conceito de sustentabilidade, com o uso de tintas naturais e tecidos reutilizados. A maioria dos estilistas selecionados têm essa preocupação em suas marcas, o que é algo que estamos fortalecendo porque é necessário. As coleções apresentadas são todas inéditas e pensadas especialmente para o festival”.
Para Karla, incluir moda no Festival de Inverno é um desafio. “A moda muitas vezes é vista como algo fútil, ligado a um estereótipo de luxo. Mas nós estamos trabalhando a moda como arte, cultura, diversidade e identidade corporal. Ainda estamos ganhando espaço, este é o nosso terceiro ano aqui em Bonito, e a expectativa é ótima, com mais gente participando. É um desafio, mas muito gratificante”.
Estilista da grife Eu H Handmade Clothing, Igor Eusébio trouxe ao desfile uma coleção de roupas feitas à mão, destacando o crochê. “Hoje, estou resgatando as artes manuais com a coleção ‘Tramas Urbanas’. Trabalhei com algodão cru, algodão mercerizado e roupas coloridas, com conjuntos que têm um ponto focal em uma cor e o resto em tons neutros para equilibrar. A cartela de cores é bastante variada”.
Igor, que trabalha com moda desde os 16 anos, afirma que a moda é uma forma de contar a história de uma pessoa. “Eu acredito que a moda reflete tanto a vida quanto a personalidade de quem a veste. Temos nosso ‘eu’ real e nosso ‘eu’ de fantasia, e a moda é uma forma de expressar sentimentos e transmitir mensagens”.
Outro destaque do desfile foi o estilista Anderson Bosh, que apresentou sua grife como parte da “Casa de Criação Anderson Bosh”. Anderson começou sua carreira aos 13 anos, desenhando para noivas e casamentos, e evoluiu para criar coleções que vestem personalidades e artistas. “Hoje, estou homenageando os imigrantes peruanos, com uma paleta de cores baseada no preto, branco e vermelho rubro, usando a geometria e a etnografia peruana como inspiração”.
Emília Leal, da grife Emília Leal Arte Nativa, trouxe ao evento suas kaftas inspiradas na fauna e flora brasileiras, com destaque para tucanos e onças. “Eu foquei em cores fluorescentes para o verão e comecei a trabalhar com moda em 2015, aproveitando retalhos de couro para criar maxi colares e biquínis. Para mim, a moda hoje representa uma leitura geral do mundo, onde a sustentabilidade e a acessibilidade são fundamentais”.
Fabio Maurício, da grife F.M., apresentou a coleção “Sweet Dream”, inspirada em sonhos. “Minha coleção é como um sonho que se transforma em realidade. Usei tecidos como seda, roupas com brilho e imagens de Frida Kahlo, criando uma pocket collection com jaquetas upcycling feitas de tecidos vintage, que são o carro-chefe da minha marca”.
Trabalhando profissionalmente com moda desde 2003, Fabio acredita que o estilo é o que define o designer. “A moda é tendência, mas dentro dela existe o estilo, e é o papel do designer imprimir e mostrar esse estilo. Meu estilo é transgressor, misturando o glamour da moda com o universo punk e rock’n’roll. Quando alguém olha para uma peça minha, sabe que é minha criação, seja pelo bordado, pela modelagem, ou pela identidade única que carrego”.
Karina Lima, Festival de Inverno de Bonito
Fotos: Marithê do Céu