Publicado em 14 nov 2025 • por Marcio Rodrigues Breda •
Abertura oficial do evento será na quinta-feira (20), às 18h, no Núcleo Comunitário da Vila Nhanhá; a entrada é gratuita.
A Vila Nhanhá será o ponto mais pulsante da cultura urbana de Campo Grande de quinta (20) a sábado (22), quando o coletivo Campão Graffiti realiza a 4ª edição do Dia do Graffiti: Conhecimento e Movimento. O encontro reúne arte, formação, troca de saberes e ocupação criativa do território, celebrando o Hip Hop em sua essência: comunidade, resistência e transformação.
Vindo de diferentes extremos do mapa, o time de artistas convidados do Norte e Nordeste traz trajetórias poderosas dentro do graffiti: Léo Papel (Salvador/BA), referência em caligrafia soteropolitana e pixo político; Tia Ireny (Belém/PA), artista visual e educadora que expressa a força feminina e amazônica em seus murais; e Auá Mendes (Amazonas/SP), artista indígena do povo Mura, designer e ilustradora com trabalhos assinados para grandes marcas internacionais.
Rua do Comércio, na Vila Nhanhá, virou uma galeria de arte a céu aberto
Para o idealizador do projeto, San Martinez, o Dia do Graffiti é uma resposta construída pela própria periferia — e um convite para que a cidade se aproxima da potência criativa da Vila Nhanhá, combatendo estigmas sobre a comunidade e mostrando uma outra fase da região.
“O Dia do Graffiti não é só festa ou pintura em muro. É vivência, é resistência. É a prova de que a cultura de rua transforma realidades. Trazer artistas do Norte e Nordeste pra dentro da quebrada é abrir portas para troca, afeto e técnica. Na última edição, pintamos muros inteiros com os moradores, transformando a paisagem e criando uma galeria a céu aberto. Essa é nossa missão: fortalecer o social, conectar a comunidade com a cidade e mostrar que o Hip Hop é educação”.
Artistas que pintaram a Rua do Comércio em março
Três dias de arte, formação e território
A programação começa na quinta-feira (20), às 18h, com uma roda de conversa reunindo os três artistas convidados. A ideia é abrir o festival com troca direta sobre processos criativos, trajetórias e experiências dentro da cultura de rua.
Na sexta-feira (21), o encontro vira prática: Auá Mendes ministra oficina de graffiti para a comunidade; Tia Ireny conduz uma oficina voltada principalmente para crianças e adolescentes (mas aberta a todas as idades); Léo Papel realiza uma oficina de tipografia e graffiti, apresentando a caligrafia urbana como linguagem estética e política.
Tia Ireny, que vem do Pará a Campo Grande no Dia do Graffiti
O encerramento, no sábado (22), será num clima de festa e território vivo: confraternização, exposição das artes produzidas, feira de economia criativa e apresentação dos seis artistas selecionados no chamamento público: Rude (Corumbá), Grazi Romero, B.Girl Jeizzy, B.Girl Amanda Nara, grupo Vadios67 (Campo Grande) e DJ Gabis (Dourados).
Vozes da rua, saberes compartilhados
Direto da Bahia, Léo Papel fala sobre sua primeira vinda ao Centro-Oeste e a importância dessa conexão. “É a minha primeira vez em Mato Grosso do Sul e no Centro-Oeste. O público pode esperar amor, dedicação e a vontade de mostrar a caligrafia da minha quebrada. Vou levar minha identidade e minha vivência de rua pra esse encontro”.
Indígena de Manaus, que atua com graffiti em SP, também vem ao evento
De Belém do Pará, Tia Ireny reforça o papel do Hip Hop como ferramenta de consciência e acesso: “O Hip Hop sempre deu voz pra quem foi silenciado. Minha arte é representatividade e ancestralidade. É caminho para tirar crianças da margem e colocá-las no centro da criação”.
Max Moura que também estará presente no festival
O Campão Graffiti destaca que o evento é, acima de tudo, um espaço de encontro e escuta — um território onde a comunidade dialoga com artistas que fazem da rua sua escola e seu palco.
San Martinez resume o propósito do projeto. “O Hip Hop constrói pontes. Trazer artistas de fora pra dentro da quebrada é valorizar Campo Grande e mostrar que a nossa periferia tem força e tem voz. Aqui a arte pulsa e transforma”.
Vitor Hamamoto que também estará presente no festival
O Dia do Graffiti acontece em parceria com a Ong Núcleo Humanitário da Nhanhá, que atende crianças na comunidade. O projeto é viabilizado pela PNAB – Política Nacional Aldir Blanc, MinC, Governo Federal, Fundação de Cultura de MS, Setesc e Governo do Estado, com apoio de ColorGin, Sherwin Williams, Vitória Tintas, Montana Colors e TransCine. Mais informações pelo Instagram – @campaograffiti.
Serviço:
4º Dia do Graffiti – Conhecimento e Movimento
ONG Núcleo Humanitário da Vila Nhanhá
Data: 20 a 22 de novembro
Endereço: Rua do Comércio, nº 149 – Vila Nhanhá
Informações: Instagram @campaograffiti
Com reportagem de Aline Lira e Lucas Arruda