Corumbá (MS) – Duas exibições na tarde deste sábado no Sesc Porto Geral, em Corumbá, no Festival América do Sul Pantanal trataram da temática da água, sua preservação e a relação das populações ribeirinhas com rios e lagoas. Trata-se dos filmes: “5 vezes Chico – o velho e sua gente”, brasileiro, e “Hija de La laguna”, peruano.
O documentário “5 vezes Chico – o velho e sua gente” faz uma jornada afetiva pelas águas e pelas histórias das comunidades ribeirinhas do rio São Francisco pelo olhar de cinco diretores que acompanham seu curso desde a nascente até a foz, ao longo de cinco Estados. Os diretores são: Gustavo Spolidoro, Ana Rieper, Camilo Cavalcante, Eduardo Goldstein e Eduardo Nunes.
“Hija de la laguna”, documentário com direção de Ernesto Cabellos, do Peru, fala sobre Nélida, uma mulher andina que conversa com os espíritos da água. A descoberta do ouro ameaça destruir a lagoa que ela considera como mãe. Para evitar, ela se junta à luta dos campesinos que temem ficar sem água, enfrentando a maior mineradora de ouro da América do Sul.
As produtoras de cinema do Festival América do Sul Pantanal, Marinete Pinheiro e Lidiane Lima, explicam que a escolha dos filmes foi uma busca por obras latino-americanas, filmes que foram premiados e estão fora da circulação das grandes salas. “Todos os filmes são produções recentes, que têm o perfil do Festival e de Corumbá. Não são filmes que têm tanta publicidade, são independentes e procuram mostrar o olhar de outros países. Sã outros olhares, como encaram a problemática de cada povo. Os filmes mostram mais a comunidade, as coisas mais vivas do cotidiano, para a gente ver como os países vizinhos tratam das relações humanas”.
Marinete diz que a mostra de cinema no Festival América do Sul Pantanal oportuniza o público e o realizador dos filmes independentes, “porque o realizador coloca a participação dele no Festival, pois o público é diversificado e o filme dele não vai passar no cinema comercial, mas vai chegar a públicos diferentes. E para o público, é uma possibilidade de acesso a esse tipo de filme, pois o acesso à cinematografia paraguaia e latino americana poucas pessoas têm, devido a não haver legendas em português. A gente considera que esse contato e essa compreensão e contato com a realidade do outro é oportunizada pelo cinema”.
Para Dina Carla de Oliveira Bizarria, policial rodoviária federal que veio de Campo Grande para participar da Corrida da Primavera, o filme sobre as populações ribeirinhas do rio São Francisco retrata a dificuldade do povo brasileiro. “É tudo muito real, achei interessante. Acho muito válido, adoro cinema. Às vezes as pessoas não têm muito tempo, aí aproveitam o Festival para ver os filmes”.
Celso Seabra Riquelme, guarda municipal, e Edenilda Célia Rosa, advogada, vieram de Campo Grande também para participar da corrida e decidiram também assistir aos filmes. “A gente gosta de cinema. O filme [sobre o rio São Francisco] retrata a realidade do Brasil. Eu gostei. Tem uma parte em que as pessoas estavam falando sobre internet, pedindo para Deus deixá-los longe disso. Fala sobre o contato religioso de cada pessoa. Hoje as pessoas estão muito dependentes de celular, não há mais conversa”.
Leandro Luan Gomes Costa, estudante de economia de Campo Grande, veio com sua namorada, a estudante de arquitetura Nina Alt, assistir ao filme peruano. “A gente sempre gostou das questões culturais, teatro, cinema, ficamos sabendo do Festival, temos amigos que moram aqui, e decidimos vir conhecer as atrações da América Latina. Na escola a gente não tem muita informação sobre os países latino-americanos. A gente acredita que toda população depende da água, é importante para o desenvolvimento da população. E filmes como esses despertam o pensamento crítico sobre a utilização da água. As grandes cidades desrespeitam essa estrutura, como o tratamento de esgoto. A gente depende disso”.
E amanhã, domingo (13), tem mais cinema no Festival América do Sul. Às 15 horas será exibido “Camino a La Paz” (Argentina/Bolívia), e às 16h45, “Guaraní” (Paraguai). As exibições acontecem no Sesc Porto Geral, que fica na rua Domingos Sahib, 570, em Corumbá. A entrada e franca.
texto Karina Lima
foto Elis Regina