Campo Grande (MS) – Na 20ª edição do Festival de Inverno de Bonito o espaço da literatura vai estar integrada com as outras artes promovendo oficinas e reflexões. O Lounge Educativo e literário Flora Thomé vai receber essa integração das expressões culturais na Praça da Liberdade. No dia 26, 27 e 28 de julho, às 9h, as mediações artísticas acontecem com uma oficina de artes para crianças.
Ainda no dia 26, às 14h, acontece um bate papo literário com o tema “Mulheres na poesia”. Desta roda de conversa participam a multicriadora Karina Buhr, com a pesquisadora e escritora Karina Vicelli e com a poetiza Rosana Daza. Na ocasião haverá o lançamento do livro “Juventudes Líquido-Modernas: Uma Análise A Partir dos Estudos Culturais em Educação”, da pesquisadora e arte educadora, Ana Carolina Sampaio Zdradek.
“A mulher, que sempre produziu poesias, foi durante muito tempo relegada apenas ao papel de musa inspiradora, por isso, esse bate-papo pretende abordar a mulher poetisa em seus diversos papéis e produções, desde a homenagem à Flora Thomé, escritora de MS, que destacou-se por seus Haicais, que vai ser apresentada por Karina Vicelli, à mulher imigrante apresentado por Rosana Daza e as misturas de emoções do trabalho “À flor da pele” femininas/feministas apresentado por Karina Buhr”, explicou a coordenadora do núcleo de literatura da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Melly Senna.
Karina Buhr é multicriadora, cantora, compositora, atriz e escritora. Nasceu em Salvador, e foi criada no Recife, onde iniciou o seu contato com o meio musical, nos maracatus Piaba de Ouro e Estrela Brilhante. Radicada em São Paulo, foi convidada por Zé Celso Martinez para integrar o Teatro Oficina, atuando em Bacantes e Os sertões. Já gravou os álbuns “Longe de onde” e “Eu menti pra você” e acaba de lançar seu terceiro trabalho intitulado “Selvática”.
Karina Vicelli é professora, pesquisadora e escritora. Ela possui graduação em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (1999), Mestrado em Estudos de Linguagens pela mesma instituição (2008), Doutorado em Letras também pela UFMS (2014). Atualmente é Professora EBTT de Português no IFMS em Dourados. Tem experiência na área de Letras, atuando principalmente nos seguintes temas: literatura brasileira, narrativas de violência, literatura infantil, produção textual e estudos interartes. Há 5 anos atua como assistente de curadoria da Feira Literária de Bonito. Recentemente publicou artigo no livro “Baú de Barro(s): ensaios sobre a poética de Manoel de Barros” e o relato “Os cadernos de meu avô” na revista “Na ponta do lápis”.
Rosana Daza é poetisa venezuelana, autora do livro “MujerImigrante”. Segundo a escritora, o título da obra foi escolhido pensando não apenas nela, mas em todas as mulheres imigrantes, não só venezuelanas, e sim do mundo todo.
No mesmo dia , às 16h, o espaço recebe a palestra “Movendo as estruturas, em alusão ao dia internacional da mulher afro-latina americana e caribenha”, que vai ser proferida pelas pesquisadoras Ana Jose Alves e Angela Vanessa Epifânio.
No dia 27, às 14h, acontece o VI Encontro Regional de Arte Educadores. Na ocasião será proferida a palestra “Como fruir arte com as juventudes líquido-modernas”, com a pesquisadora Ana Carolina Sampaio Zdradek.
A arte-educadora é doutoranda em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, possui Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG (2017) e Graduação em Artes Visuais Licenciatura pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG (2014). Possui graduação em Pedagogia Licenciatura pela FAFIBE e atuou como professora substituta no Curso de Artes Visuais – Licenciatura e Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande – FURG e como pesquisadora do Nós do Sul – Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Identidades, Currículos e Culturas.
Lançamento do livro Atikum: os índios negros de MS
Ainda no dia 27, às 19h, acontece o lançamento do livro Atikum: os índios negros de Mato Grosso do Sul, do pesquisador Giovani José da Silva. Os Atikum desafiam a Etnologia clássica, pois se diferem muito daquilo que o senso comum denominaria “índio de verdade”. A cor da pele é escura, falam apenas a língua portuguesa e são considerados “misturados”, inclusive por outros indígenas. O único sinal aparente de sua condição étnica se constitui na realização do ritual do Toré, em que os “encantos de luz” são invocados e dão força aos “caboclos da Serra do Umã”, autodenominação do grupo. No entanto, identificam-se como indígenas e são identificados pelo órgão indigenista oficial (inicialmente SPI, depois Funai) como tais, pelo menos desde a década de 1940.
Os Atikum mais velhos que vivem em Mato Grosso do Sul saíram da Serra do Umã, estado de Pernambuco, em fluxos migratórios distintos, entre fins da década de 1970 e início dos anos 1980, cruzando parte do território brasileiro até se estabelecerem no município de Nioaque. Cada uma das famílias ali existentes possui específicas trajetórias de migração e, em diversos momentos, essas famílias perambularam de forma isolada, seguindo seus respectivos caminhos, até voltarem a se organizar coletivamente em torno de um território, ainda que restrito, cedido a eles pelos Terena da Terra Indígena Nioaque. Depois de mais de três décadas de presença no Centro-Sul brasileiro, os “caboclos” aguardam, com alegria e expectativa, a conquista de um território próprio.
No dia 28, às 8h, encerrando a programação, acontece o Café Filosófico que terá como tema “A importância do debate cultural e a visibilidade das artes proporcionadas pelo 20 anos do Festival de Inverno de Bonito”. Participarão da mesa-redonda os ativistas culturais Kelvin Vargas, A. C. Silveira Soares, Fernanda Teixeira, Fernanda Reverdito, Edna Scremin Dias, Vali Pott e Paulo Robson.