Incentivando reflexões filosóficas e discussões sobre a relação entre arte, cultura e educação, a Mesa Redonda do 1º Seminário Estadual de Cultura e Educação, que ocorreu na manhã deste domingo (7), no auditório da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), teve como tema “Cultura e Políticas Educacionais no Ensino de Arte”.
Antes de iniciar as falas, o artista Bruno Loiácomo apresentou uma performance artística dirigida pelo diretor Jair Damasceno onde parecia dar vida a um pássaro pintado por Jonir Figueiredo nas obras temáticas do Seminário.
Como convidados para representar os quatro segmentos da arte, palestraram a profª drª Gabriela Salvador, da UEMS, representando a dança, profª drª Vera Penzo, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), nas artes plásticas, a profº drº Evandro Higa (UFMS), na área da música, a Profª Ma. Flávia Janiaski Vale, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), como representante da área do teatro, e Sônia Regina Rampim Florêncio (IPHAN/DF) – Inventários Participativos.
Para mediar a mesa estiveram presentes a arte educadora e artista plástica Clarissa Susuki e a coordenadora do Instituto Arte na Escola, Roseli Alves. “Acreditamos muito na parceria com a universidade. Aqui poderemos discutir as quatro linguagens das artes, mas a importância dessa mesa é também refletir a questão da legislação. A ideia é que a gente saia daqui com um compromisso assumido e documentado”, destacou Roseli.
Após a abertura, Vera Penzo fez um resgate histórico mostrando como a política foi determinando as formas de ensinar e modificando a cultura brasileira, ao que se refere ao ensino das artes nas escolas. “No sistema atual político brasileiro, vemos crescer uma força conservadora que desvaloriza e diminui recursos para a educação e a cultura. É chamada crise econômica, mas é na verdade uma crise política, que retira direitos e avanços históricos já garantidos na educação”, afirmou Vera.
Mantendo o foco no tema do encontro, Gabriela Salvador, docente no curso de Licenciatura em Artes Cênicas da UEMS, comentou a importância do professor se apropriar de questões políticas no seu ambiente de trabalho. “Fico feliz em estarmos juntos na arte educação, independente das diferentes linguagens artísticas. Não adianta ser professor e não se envolver em política. Se não soubermos e não entendermos o papel da educação no país entraremos vazios na sala de aula, desmotivados. Temos que acreditar que nosso trabalho vai mudar o mundo. Começaremos a inverter alguns princípios que nos são impostos”, opinou.
“O discurso de que o professor não tem que se preocupar com questões legais de políticas públicas educacionais, que é só fechar a porta da sala e dar sua aula, é um equívoco conceitual e político”, completou uma das mediadoras, Clarissa Suzuki.
Pouco antes do intervalo a coordenadora dos projetos de dança da Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul (FCMS), Júlia Aissa, foi convidada para falar sobre o processo de construção do Plano Setorial de Dança e suas formas da sociedade civil construir isso junto. Aproveitando o público formado em boa parte por profissionais da educação e da cultura, ela aplicou um questionário com questões relacionadas à dança, analisando o nível de conhecimento do professor sobre o assunto.
No final do encontro, foram sorteadas dez gravuras digitais do artista plástico Jonir Figueiredo, homenageado do Seminário, e 50 livros da cientista social Sônia Regina Rampim Florêncio, que serão doados para as escolas participantes do seminário.
Texto: Alexander Onça
Fotos: Edemir Rodrigues