Campo Grande (MS) – O Museu da Imagem e do Som (MIS-MS), em parceria com o Cineclube Marginália, exibe nesta segunda-feira, 29 de julho, às 19 horas, “César deve morrer”, com direção de Paolo e Vittorio Taviani. O filme tem classificação indicativa de 14 anos e a exibição tem entrada franca.
O filme, que mistura teatro, comentário e drama, encena uma versão livre da peça “Julius Caesar”, de Shakespeare, em que os atores são detentos da ala de segurança máxima da prisão de rebibbia, na Itália. O longa tem duração de 1h16min e parte dele é em preto e branco.
Os diretores Paolo e Vittorio Taviani ficaram seis meses ensaiando antes de iniciar as filmagens. É o primeiro filme italiano em 21 anos a ganhar o Urso de Ouro no Festival de Berlim (2012). O último havia sido La Casa del Sorriso (1991).
A produção é emocionante. A sequência é bela e as palavras penetram no coração e na mente do espectador. Mostra o poder de transformação da arte e como a entrega a um personagem pode gerar uma atuação marcante independentemente do talento técnico de determinado ator.
Cada um dos intérpretes é um prisioneiro de verdade e o filme não faz questão de esconder seus crimes. César deve morrer também não defende a inocência de qualquer um dos sujeitos ou perde tempo tentando dizer que foram curados pela arte. A atividade cultural muda aqueles homens, mas isso não significa que não voltariam a cometer os mesmos crimes se soltos.
A produção ratifica a abrangência da obra de Shakespeare e faz um belo estudo sobre as atitudes dos homens. As angústias de Salvatore Striano como Brutus, a delicadeza de Juan Dario Bonetti como Decio e a confiança de Giovanni Arcuri como César são alguns dos elementos mais curiosos do longa.
Nome consagrado no cinema italiano, o editor Roberto Perpignani faz um belíssimo trabalho no filme. Ele mescla cenas da montagem final, com ensaios nas partes externas e internas da prisão, passando sempre a sensação de continuidade à história. Também merecem aplausos os compositores Giuliano Taviani e Carmelo Travia, que compuseram uma trilha marcante e ao mesmo tempo bela. A fotografia de Simone Zampagni é outro elemento que merece reconhecimento. Une como poucos as cenas coloridas e em preto e branco.
O Cineclube Marginália é remanescente do antigo Cinema de Horror, vinculado ao curso de Letras da UFMS. Mudou seu nome para Cineclube Guarani em 2016 e, depois de votação entre seus membros, utiliza a denominação Marginália. Formado por ativistas de movimentos sociais campo-grandenses, artistas e estudantes universitários, o Cineclube Marginália tem por objetivo descentralizar o acesso à arte e à informação e levar sessões gratuitas de filmes e debates ao MIS.
Depois da exibição, será realizado um bate-papo intimista entre os colaboradores do Marginália. As exibições do Cineclube acontecem mensalmente, sempre na última segunda-feira do mês. A entrada é franca. O MIS fica no 3º andar do Memorial da Cultura, na Avenida Fernando Correa da Costa, 559, Centro. Telefone: (67) 3316-9178.
Texto elaborado com base em informações da crítica de Lucas Salgado para o site AdoroCinema
Foto: Divulgação (Imagem do filme)