Campo Grande (MS) – Quem esteve presente na noite desta segunda-feira (23) no Museu da Imagem e do Som para a abertura da Mostra Blues e Cinema, pôde assistir ao filme “A Encruzilhada”, de Walter Hill, e foi agraciado com uma canja dos músicos Clayton Sales, na gaita, e Luis Ávila, na guitarra. Esta combinação de música com cinema vai ao encontro da proposta do MIS e também da Mostra, que comemora os 22 anos de estreia do Programa Blues & Derivados, da FM Educativa 104,7. O programa é apresentado pelo jornalista Clayton Sales, que também faz a curadoria da Mostra.
O filme de estreia, “A Encruzilhada”, faz um apanhado da história e lenda do blues norte-americano. “Conta a história de como eram as coisas nas décadas de 1920, 1920 nos Estados Unidos, em que os negros não tinham documentos, eram enterrados como indigentes, e trata um pouco da história da encruzilhada, que são lendas que permeiam a história do blues”, diz o músico e produtor Luis Ávila, do Projeto MPBlues.
Luís foi integrante da banda Bêbados Habilidosos, primeira banda a tocar ao vivo no programa Blues & Derivados. “Curto o programa desde que nasceu, na época que tocava com os Bêbados Habilidosos. Fico muito feliz com os 22 anos do programa, acho que não é uma coisa só aqui do Estado, é motivo de orgulho para nós. É um dos programas mais antigos do país, que está sempre de portas abertas para divulgar nosso trabalho. Além disso, gosto bastante de cinema, é uma das coisas que faz a gente gostar de blues, a gente fica com mais vontade de tocar blues”.
O casal Ana Paula Banyasz, jornalista, e João Ricardo Tognini, médico e músico, guitarrista da banda Horse Society, têm uma história em comum com o filme de estreia. “Gosto muito de cinema, principalmente o cinema alternativo. Quando há oportunidade aqui em Campo Grande, temos que aproveitar. O filme A Encruzilhada foi o primeiro filme que meu marido falou pra mim quando a gente se conheceu, há 14 anos. Na época, a gente procurou na locadora, não achou, e hoje vai ser a oportunidade que vamos assistir juntos pela primeira vez”, diz Ana.
João Ricardo Tognini disse que já tocou com sua banda, Horse Society, no programa Blues & Derivados. “Nosso primeiro CD o Luis produziu e fui lá com a banda tocar no programa. O blues é um tipo de cultura muito forte que influenciou a música mundial e também brasileira. Ter uma rádio que privilegia todas as culturas e você ter um programa que pode privilegiar uma cultura tão raiz como blues, e que completa 22 anos de estreia, tem uma simbologia muito grande, pois difunde a música para os amantes do blues e para quem não conhece. E este filme de hoje já vi várias vezes, mas nunca numa tela grande e com essa qualidade de som”.
O agitador cultural e comerciante Pietro Luigi ouve o programa da FM 104,7 sempre que pode. “Às vezes fazemos reuniões entre amigos para ouvir. Quando me mudei do Rio de Janeiro para Campo Grande, em 2002, foi o primeiro programa que ouvi, e estava tocando uma música do Boaventura, foi o primeiro músico de Mato Grosso do Sul que me chamou a atenção. O programa destaca músicos que têm ligação com blues e dá lugar a novos e antigos talentos. Acho legal essa relação do cinema com a música. Essa ligação é tão forte que é difícil ter um filme que não tenha uma trilha sonora marcante, seja instrumental ou com músicas escolhidas”.
A assistente administrativa Suzi dos Santos Araújo já é frequentadora assídua do MIS e veio para conhecer um pouco mais sobre o blues. “Sempre tem filme bacana aqui no MIS. Sou mais do rock alternativo, conheço pouco o blues. Mas minha amiga me chamou e eu vim. Aqui geralmente depois dos filmes têm debates, então pretendo conhecer mais sobre o programa”.
Clayton Sales, o idealizador e curador da Mostra e apresentador do programa Blues & Derivados, disse que o filme de estreia, A Encruzilhada, foi o primeiro filme de blues que viu na vida, quando ainda morava no Rio de Janeiro. “Vi o filme na sessão da tarde. É bel legal, é um filme que muita gente que curte blues já ouviu falar mas nunca surgiu a oportunidade de as pessoas verem. É famosa a cena do duelo de guitarra”.
Sobre a apresentação de gaita e guitarra que encerrou a noite, Clayton diz que a ideia foi do Luis Ávila. “Ele adora tocar. Fizemos um som mais ou menos ao estilo do filme. O MIS é um espaço aconchegante em que você pode sentir a reação das pessoas, o som foi uma surpresa que acabou rolando”.
E para você que curte Cinema e Blues, a mostra continua até a próxima sexta-feira, 27 de outubro, sempre às 19 horas, no MIS, que fica na Avenida Fernando Correa da Costa, 559, terceiro andar. A entrada é franca. Confira aqui a programação.
Fotos: André Messias