Campo Grande (MS) – Foi aberta na noite desta segunda-feira (23.09), no auditório do Museu da Imagem e do Som, a 13ª Primavera de Museus, que traz até o dia 29 de setembro uma extensa programação em 11 instituições museológicas do Estado. As atividades são coordenadas pelo Sistema Estadual de Museus – vinculado à Fundação de Cultura – em Campo Grande, Corumbá, Dourados e Maracaju.
O coordenador do Sistema Estadual de Museus, Douglas Silva, manifestou gratidão pela Primavera de Museus mais uma vez ser realizada com programação no Estado de Mato Grosso do Sul. “É necessário que os museus continuem aperfeiçoando seu quadro técnico, profissional e sua estrutura física. Os museus precisam ser núcleos educativos e de pesquisa. Convido a todos para participar da programação vasta e variada desta semana”.
O diretor geral da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Max Freitas, falou em nome da diretora-presidente, Mara Caseiro, que não pôde comparecer por estar em outro evento. “Gostaria de agradecer à coordenação deste evento e dizer aos presentes que vocês vão vivenciar o quanto há de vida dentro de um museu, a importância e a história que está contida nele. Em um museu há vida, história, projeto. Vivenciem! Não poderia deixar de lembrar nosso artista Isaac de Oliveira, que deixa um legado e uma vida com suas obras e cores no Marco. A todos, fica um abraço da nossa diretora. Obrigado de coração!”
O jornalista e radialista José Maria Pereira Lopes, coordenador do Centro de Documentação (Cedoc) da TV Cultura, iniciou a programação, trazendo sua experiência em arquivologia, conservação e recuperação de material audiovisual. Desde 2010 viaja o país ensinando as TVs regionais e museus a conservarem seus acervos audiovisuais, tendo participado também dos principais congressos relativos à sua especialidade no Brasil.
José Maria fez uma doação de 100 latas para substituir as existentes, já desgastadas, para arquivar o acervo do MIS, e deixou uma sugestão para angariar recursos para o museu. “Para a gente resolver o problema aqui no MIS, precisa de um mutirão muito grande de amigos. É necessário a gente conseguir que o governo veja a importância disso. Quando estive à frente do MIS em São Paulo, por 25 anos, o caminho foi criar uma associação com 12 conselheiros, aprovada pela Secretaria de Cultura, que por sua vez repassava uma verba para que a associação faça a gerência desses recursos. Deixei este estatuto com a Marinete e já me considero o primeiro conselheiro do MIS-MS. Para isso todo mundo tem que se juntar. Eu quero ajudar a Marinete a criar um Cedoc aqui dentro. Contem comigo!”.
Logo após a palestra e bate-papo, foi aberta a exposição “Retratos Biográficos da Baía Negra”, que faz um registro da situação dessa comunidade ribeirinha em Ladário, que vive entre a beleza do pantanal e a miséria humana. As fotografias e textos são resultado do projeto experimental de conclusão do curso de jornalismo de Loraine França, orientado pelo professor da UFMS, Edson Silva.
“Gostaria de agradecer a oportunidade para apresentar esta exposição, que cumpre o papel social do jornalista, que vai a esses rincões para fazer um trabalho jornalístico e traz essas informações para todas as pessoas, esses registros, para não esquecermos parte do nosso tempo no tempo”, diz o professor de Jornalismo Edson Silva.
A jovem jornalista Loraine completa: “A Baía Negra traz uma reflexão para todos nós, que é o modo como o Brasil vem tratando sua população tradicional. Não somos nós que vamos ensinar algo. Eles são os detentores dos saberes tradicionais, eles vão nos ensinar a aprender e a resistir. Espero que vocês possam apreciar a exposição”.
Júlia Gonzales, moradora da comunidade formada por 22 famílias, ao todo 84 pessoas, que habitam ao longo do Rio Paraguai e por onde passaria a rodovia transpantaneira, que ligaria Ladário a Corumbá, dá um depoimento aos presentes sobre sua vivência na comunidade. “Por meio desse trabalho de jornalismo, dessa divulgação, nós fomos ajudados. Muita gente ficou curiosa para saber como a gente vivia lá. Hoje temos uma associação de produtores para mostrar a culinária local, e temos um turismo de base comunitária. Possuímos uma sede que ganhamos do município, com uma cozinha industrial. Hoje a Baía Negra é uma realidade muito diferente, graças a este trabalho. A única coisa que está faltando lá é a educação. Nós precisamos de uma educação qualificada pra nossa gente”.
Se você gostou, pode conhecer mais sobre esses relatos de pessoas de verdade, que estão expostos no MIS. A entrada é franca e aberta ao público em horário comercial. Outras ações da Primavera de Museus acontecem também no Arquivo Público Estadual, Casa de Ciência e Cultura de Campo Grande/UFMS, Museu Jose Antonio Pereira, Museu de Arte Contemporânea, Museu das Culturas Dom Bosco / UCDB, Museu de Arqueologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Museu de História da Medicina de Mato Grosso Do Sul, Casa Dr. Gabi – Espaço de Memória, Museu Histórico De Dourados e Museu Anna Thereza de Lima Alves. A programação completa pode ser conferida aqui.
Fotos: Daniel Reino