Campo Grande (MS) – A partir desta terça-feira, 08 de novembro, até sexta (11) acontece a última oficina de 2022 do projeto Artesania. A Oficina de Cerâmica Terena ministrada pela artesã Rosenir Batista está sendo realizada no Memorial da Cultura Indígena, que fica na Rua Galdino Pataxó, 131, Bairro Tiradentes, em Campo Grande/MS.
O Cacique Josias Jordão Ramires estava presente nas atividades da manhã desta terça-feira, e disse que o curso é importante pelo resgate cultural que proporciona. “Geralmente este tipo de oficina só se vê nas aldeias rurais, para manter essa cultura viva é muito importante esta oficina no contexto urbano também: fazer, elaborar, aprender e para ter futuras vendas também. Aqui são famílias bem tradicionais, a gente tem mulheres e crianças fazendo o curso para mostrar esta valorização da nossa cultura. O artesanato indígena está sendo muito valorizado e tem uma visibilidade muito boa, graças ao Campão Cultural e aos festivas. A evolução chegou, a gente está ocupando os espaços”.
A artesã Rosenir Batista, que ministra o curso, disse que nas outras oficinas a argila era comprada, não era da aldeia. “Aqui a argila é da própria aldeia, que eu já trouxe preparada. A argila da cerâmica terena sempre tem mistura, que é da própria argila. Na aldeia a gente abre um buraco para queimar a argila no chão. Aqui no Memorial não dá para fazer isso, o fogo é muito alto então a comunidade vai providenciar a queima num forno ou na casa de alguém. Eu estou mito feliz em trazer esta oficina para o pessoal daqui de Campo Grande que tem interesse em aprender. Eu aprendi a fazer a cerâmica Terena desde os 9 anos, porque minha mãe fazia e eu a ajudava. Aí aprendi a fazer de tudo, como preparar, como queimar”.
O menino Sérgio Yuri, de dez anos, decidiu participar porque gosta de fazer cerâmica: “A primeira vez que fiz foi durante a pandemia, como tarefa da escola e eu gostei muito, por isso decidi vir aqui para aprender mais. É bem divertido. Vou levar a fruteira que estou fazendo para minha casa para colocar as frutas”.
Maria Auxiliadora Bezerra é gestora do Memorial da Cultura Indígena. Ela diz que a cerâmica é uma tradição indígena da qual ela gosta muito. “Eu fiz ano passado durante o Festival Campão Cultural e gostei. É muito bom ter esta oficina aqui porque a gente até tem vontade de produzir mais, mas na cidade não temos matéria-prima. Por isso aproveitamos a oportunidade”.
Maísa Areco, gestora de Atividades Culturais da Fundação de Cultura, trabalha na Gerência de Desenvolvimento de Atividades Artesanais e está acompanhando a organização dos trabalhos. Ela explica que o projeto Artesania funciona por demandas. “As comunidades agendam formalmente para atendermos com as oficinas. Temos o cuidado de selecionar material que seja referência cultural no Estado. Além das oficinas de artesanato, quando o objetivo é renovar, criar novos produtos, realizamos a Oficina de Design. Trazemos também Oficinas de Gestão do pequeno negócio do artesanato, para que a pessoa consiga sobreviver da sua arte”.
Para mais informações sobre o projeto Artesania, basta entrar em contato com a Gerência de Desenvolvimento de Atividades Artesanais da Fundação de Cultura, pelo telefone: (67) 3316-9156.
Texto: Karina Lima
Fotos: Ricardo Gomes