Acontece nesta sexta, 23, o famoso Banho de São João, em Corumbá, inscrito no Livro das Celebrações, nos termos do inciso II do art. 16 da Lei estadual/MS nº 3.522, de 2008, e em maio de 2021 teve seu reconhecimento como patrimônio imaterial nacional pelo IPHAN no livro de Registro das Celebrações, o Banho de São João é uma manifestação cultural de caráter religioso, praticada há muitos anos em Corumbá e Ladário. Os devotos-festeiros, em suas casas ou comunidades, honram o santo de diferentes formas, inclusive a partir de religiões distintas.
Por promessas feitas, graças alcançadas ou costumes familiares, católicos, umbandistas, candomblecistas e kardecistas, realizam novenas, missas, rezas, giras e festas, para agradecer e pedir bençãos e proteção.
No dia 23 de junho os devotos agrupam suas comunidades e, carregando andores bem ornamentados, com a imagem de São João no topo, seguem para a beira do Rio Paraguai para banhar o santo. Acredita-se que as águas do rio se tornam miraculosas nessa noite, quando o batismo de São João por Cristo, nas águas do Rio Jordão, é relembrado, motivando o banho do santo.
Se dois desses andores se encontram, antes ou depois de banhar a imagem, ocorre o cumprimento entre eles, abaixando e levantando três vezes, num ritual onde não importa a denominação religiosa, o que existe é o respeito mútuo.
Após a lavagem do santo, os festeiros sobem a Ladeira e retornam para suas casas, no intuito de continuar a festa, que muitas vezes segue noite adentro.
As crianças são convidadas a participar de todo o processo do festejo, nos momentos solenes, na entrega das suas vidas aos cuidados de São João (ou Xangô) e também da festa, ajudando na ornamentação e nas brincadeiras por vezes realizadas. Elas ajudam a lotar as procissões, carregando ‘lanternas’ (velas), bandeiras e até pequenas imagens de São João Batista.
A presença da criança também está presente nos andores, quando a imagem de São João menino é a escolhida por aquele festeiro, em vez da representação adulta do santo.
Para Joilson Cruz, presidente da Fundação de Cultura e Patrimônio Histórico de Corumbá, “ter o Banho de São João registrado como Patrimônio Cultural Brasileiro significa, primeiramente, honrar o povo, honrar a história e a tradição do corumbaense e do ladarense. Significa que nosso São João é singular. É único. A fé e a festa que nutrem os festejos juninos e que já são tão conhecidos pelo Brasil a fora, agora contam com mais um enorme reconhecimento”.
Ana Ostapenko FCMS