Campo Grande (MS) – Com o tema “Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul como via da preservação da história cultural sul-mato-grossense, o Trabalho de Conclusão de Curso da estudante Gilyane Gonçalves, do curso de história da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) proporcionou mais visibilidade para o Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul (MIS-MS) junto à comunidade acadêmica do Estado.
A pesquisa apresentada no dia 20 de junho via online, chamou a atenção da coordenadora do MIS-MS, Marinete Pinheiro, que viu com bons olhos essa aproximação entre o museu e a academia. Segundo ela, isto dá a perspectiva ao museu de se tornar uma fonte de pesquisa aos alunos que desejam se dedicar a um tema exclusivamente regional. “Através de pesquisas como essa, conseguimos fazer uma troca de conhecimento, além de possibilitar que os acadêmicos se apropriem desse patrimônio cultural”, destacou Marinete.
O objetivo da pesquisa de Gilyane é promover o diálogo entre as concepções históricas acerca do Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul evidenciando sua importância de preservar, guardar e conservar a história do Estado por meio de materiais audiovisuais e fonográficos. O trabalho demonstrou que o MIS-MS possui iniciativas para a produção de conteúdos locais que podem colaborar com o ensino de história e a construção identitária do indivíduo sul-mato-grossense.
A estudante enfatizou a utilidade do MIS como uma ferramenta essencial para o ensino de história de forma mais aberta, mais ampla e mais democrática. Ainda segundo ela a banca de avaliação gostou do tema porque o TCC contextualizou uma forma de envolvimento do museu com a academia, através do ensino não formal que ocorre extramuros da universidade.
Na apresentação a acadêmica relacionou conceitos sobre história e memória, educação patrimonial sobre a perspectiva do museu como espaço não formal do saber e destacou a concepção do MIS-MS como produtor de conhecimento. O estudo analisou ainda textos de artigos e teses acerca do desenvolvimento da nova museologia, do museu como espaço informal do saber histórico e de memória e lugares de memória.
Para a pesquisadora, o museu promove a ligação entre história e memória. Nele se consegue visualizar através de objetos tridimensionais uma história e uma memória ali representada através dos objetos. “O museu tem que ser visto em sua totalidade e ele se consagra por obter uma memória e dela se obter uma história. Ele não se consagra por ter objetos”, explica. Ainda segundo ela para fazer com o que o objeto tenha historicidade, é preciso que o trabalho do historiador seja mais presente e consiga através da memória do objeto transmitir o conhecimento.
Importância da educação não formal e da educação patrimonial
Na apresentação foi destacado também que educação não formal consegue transmitir diversos tipos de conhecimento adquirido pelo aluno fora da escola. Ela acontece em lugares onde se consegue pensar em uma possibilidade educacional, que não seja através do ensino tradicional. Segundo a pesquisa, a educação patrimonial também contribui para investigar o que é um patrimônio cultural e como se consegue se fazer do patrimônio cultural um integrante do ensino atrelado ao ensino de história.
“Eu acredito que com essa aproximação do MIS com os estudantes da universidade, tanto conseguiríamos pensar em novas possibilidades de ensino, quanto de fato educar para preservar porque parte dessa falta de noção de preservação vem exatamente da falta de conhecimento do que o patrimônio cultural representa. Além disso, utilizando o museu como ferramenta de ensino, o trabalho do historiador se faz presente e necessário”, lembrou Gonçalves.
Museu da Imagem e do Som
A acadêmica defendeu que no Museu da Imagem e do Som por meio da visão e da audição se consegue ter uma didática muito mais ampla porque ele é aberto a diversas iniciativas de produção de curtas-metragens, iniciativas de formação, formação de cineclubes, entre outras. Com essa abertura e com uma intervenção educativa através da educação patrimonial e da presença do historiador que vai conseguir relacionar história e memória dentro do local institucionalizado ele vai conseguir que se tenha a apropriação de maneira integral do patrimônio. Assim consegue-se ter uma noção de preservação e uma noção de pertencimento a partir da educação.
Para a coordenadora do MIS-MS, Marinete Pinheiro, pesquisas como a da Gilyane Gonçalves podem contribuir como fonte de dados para o planejamento de ações do museu uma vez que por meio da uma construção coletiva e democrática do conhecimento a sociedade sul-mato-grossense só tem a ganhar com o desenvolvimento de seus museus, especialmente o Museu da Imagem e do Som de Mato Grosso do Sul.
Texto: Gisele Colombo
Foto de capa: Daniel Reino
Fotos no corpo da matéria: Acervo da pesquisadora