Campo Grande (MS) – Discutir a inserção de políticas públicas voltadas para a dança foi um dos temas do encontro realizado no Centro Cultural José Otávio Guizzo. O evento faz parte da Semana Pra Dança que começou ontem e vai até o próximo dia 22. Participaram 16 pessoas, dentre elas Bia Mattar, de Santa Catarina, representante da macrorregião sul no Colegiado Setorial Nacional de Dança desde 2013, representante titular de dança no Conselho Nacional de Políticas Culturais do Ministério da Cultura e de Marcos Mattos, representante estadual de dança no Colegiado Setorial Nacional de Dança, bem como de representantes do setor dos municípios de Dourados, Campo Grande, Caarapó, Corumbá e Bonito.
Bia Mattar falou sobre o ativismo político que exerce desde 2003 exclusivamente para a dança, “tem que se ocupar todos os espaços públicos”, enfatizou. Ela também discorreu sobre o Colegiado Nacional da Dança, e disse também que o Plano Nacional da Dança será referência para o plano estadual, mas afirmou que aqueles que atuam com dança não podem depender somente da gestão pública, têm que se buscar outros meios. Ainda falou do projeto de Lei da dança/PL 644/2015 que se aprovado pode regularizar o setor. Outro assunto abordado por Mattar é o embate que muitas vezes acontece com o Conselho Regional de Educação Física justamente por interferir em assuntos que só compete aos profissionais da dança, mas que por estes não possuírem regulamentação acabam por serem submetidos à outra classe de profissionais.
Já Marcos Marcos Mattos, enfatizou a importância da mobilização do setor, “ainda é muito insipiente a participação dos integrantes da dança nas instituições públicas, como os conselhos, por exemplo,”. Para ele é preciso que quem atue nessa área se interesse mais pelas políticas públicas voltadas para o setor, e apontou como causa dessa fraca participação a faixa etária daqueles que atuam com dança, que por serem muitos jovens, não vislumbram se profissionalizarem por meio da dança. E nesse sentido foi dito que é preciso uma profissionalização voltada para esses jovens. Mattos também falou que falta um mapeamento, um levantamento que mostre um panorama do setor, para que com esses dados se possa ter uma visão mais acertada para a partir daí se construir políticas públicas mais concretas de acordo com a realidade.
Os participantes do encontro também puderam expor um a um o trabalho que desenvolvem bem como com o que pensam a respeito de como o setor da dança possa evoluir. Muitos falaram da dificuldade de encontrar espaço principalmente com os gestores públicos, que não enxergam e nem dão o devido valor para a dança. O consenso geral a que todos chegaram é que se deve haver mais participação, inclusive dos municípios, já que dos 79 apenas 5 enviaram representantes. Articulação foi uma palavra bastante usada para mostrar que é preciso o engajamento de todos para se construir políticas que fortaleçam a dança no Estado.
A crítica de dança Adriana Pavlova que atua como crítica no Jornal O Globo no Rio de Janeiro acompanhou o encontro e vai elaborar um texto com o objetivo de pensar e refletir o que se é produzido pelos artistas da dança no Estado. Ao falar de sua trajetória profissional, contou as experiências que a levaram para a dança e enfatizou “a arte e a política devem caminhar juntas”.