Campo Grande (MS) – Contemplada pelo pacote do Governo do Estado “Retomada MS”, a Casa do Artesão, unidade da Fundação de Cultura do MS, terá recursos no valor de R$ 2,2milhões, para serem utilizados na reforma completa do prédio.
O projeto foi licitado e a vencedora e responsável pelo projeto é a Restaura Arquitetura. A tradicional sede, principal centro de comercialização do artesanato produzido no Estado, construída entre 1918 e 1923 e recebeu sua última revitalização e restauro em fevereiro de 2002.
A principal ambição dos arquitetos é resgatar a memória das edificações do apogeu da expansão da cidade – tendo em vista a importância deste período para a história regional e a consequente formação do consciente coletivo. Dessa forma, com o resgate do edifício, procura-se trazer em mente a memória que este edifício mantém entre suas paredes.
Espaço ganhará atrações extras como jardim e café
Para o prédio anexo, foi proposto um pequeno café na área anexa externa do pavimento térreo; o espaço externo também contemplará um pequeno jardim contemplativo, com uma parede de jardim vertical e um pergolado para proteger de intempéries, espaço para café e estoque.
A reforma vai incluir também a readequação dos espaços para melhor fruição e uso, com copa para funcionários, estoque, almoxarifado e lavanderia separados. A cobertura do anexo deverá ter todas as telhas francesas removidas para reuso no telhado principal, a estrutura de madeira do telhado deve permanecer para receber novas telhas com baixa condutividade térmica. Além disto, o prédio terá laje para abrigar as máquinas de ar condicionado que não podem estar aparentes em decorrência da poluição visual no patrimônio histórico.
A área administrativa, para gestão, atendimento aos artesãos e reuniões, foi relocado para o mezanino do salão 2, que passará por adequação de acessibilidade e inclusão de paredes para dividir os ambientes entre administração, coordenação e reuniões, recepção e arquivo morto. As novas intervenções serão em materiais novos, claramente diferentes dos da edificação principal. O mezanino do salão 1 será completamente removido com a intenção de valorizar a arquitetura interna e melhorar as condições de iluminação.
A escada existente passará por reforma e readequação para atendimento às normas de segurança e acessibilidade e receberá novo guarda corpo em aço cortén para valorizar a arquitetura do interior. Será feito desde a requalificação das calçadas, acessibilidade, todas as esquadrias vão ser restauradas. Também está previsto a instalação de um elevador de acessibilidade com conexão para a parte de cima, onde fica o administrativo.
Os espaços expositivos internos recebem um novo layout setorial e organizacional através de mobiliário projetado para atender as necessidades. As janelas das fachadas passam a abrigar móveis que as transformam em vitrine com a intenção de trazer o olhar do público que passa pela calçada para exposição dos objetos e para o interior do prédio.
Reforma da Casa do Artesão vai respeitar projeto original do prédio
Ainda com intenção de proporcionar à edificação o valor ao qual carece como importância de Patrimônio Histórico e Cultural, foi executado um projeto luminotécnico interno direcionado ao novo layout expográfico e externo para enaltecer as formas e detalhes estético-arquitetônicos da edificação.
Com isso pretende-se não apenas reestabelecer a integridade do bem arquitetônico, mas resgatar o interesse da população através do despertar da comunidade para a importância dele enquanto em cultural.
A gestora da Casa do Artesão, Eliane Torres, explica que a revitalização do prédio é um ponto positivo para a preservação da cultura de Mato Grosso do Sul e manutenção de nossas memórias, lembrando que aqui é uma arquitetura do século 20, foi a primeira agência do Banco do Brasil, cujo cofre encontra-se preservado até hoje aqui. É uma marca do início do desenvolvimento socioeconômico da nossa cidade.
“Hoje a Casa assume um papel de protagonismo no artesanato regional, expondo nossa produção cultural e dando retorno financeiro aos nossos artesãos. Ter um projeto que tenha como objetivo trazer melhorias a um prédio dessa complexidade, com esse valor cultural é um orgulho imenso, para mim, para nossa comunidade, para nós, servidores”, destacou.
A reforma, segundo ela, dará condições de servir melhor ao público, e principalmente ao turista, maior frequentar do local. Para o artesão a revitalização vai agregar valores às peças expostas, valorizar o trabalho de várias culturas, das diversas etnias cujos trabalhos estão expostos no espaço. “Tenho certeza que nossos clientes vão se sentir mais atraídos e, acima de tudo, mais inseridos no contexto cultural do nosso Estado”.
Cultura criativa ganhará maior espaço e visibilidade
Para a artesã Leslie Gaffuri, que tem seus produtos expostos na Casa do Artesão, o local é uma referência do artesanato de Mato Grosso do Sul. O espaço, segundo ela é fundamental para ampliar os negócios. “Com a visitação dos turistas, temos a oportunidade de expandir as vendas para lojistas e empresas”, pontuou, destacando que a Casa do Artesão está num estado crítico e reforma é extremamente benvinda. “Mesmo com a Pandemia, a Casa não parou, ela continuou ali vendendo para a gente”.
Lucimar Maldonado, também artesã, completa que com a reforma da Casa do Artesão não só os artesãos vão ganhar com a valorização dos seus produtos, mas também a cidade em si. “A Casa do Artesão é tombada, é patrimônio histórico, e essa recuperação da Casa, a restauração, não só agrega ao artesanato regional, mas também à cidade de Campo Grande. “Com a reforma, os produtos passarão terão mais visibilidade e mais acessibilidade, que é uma coisa extremamente importante que hoje não tem”, declarou.
A Casa do Artesão
Situada em um prédio histórico e centenário que marca o crescimento da nossa Capital, a Casa do Artesão de Campo Grande é um espaço singular de comercialização do rico e diverso artesanato de Mato Grosso do Sul.
Como ponto turístico, recebe visitantes de todo o mundo que buscam a originalidade e a beleza de peças criadas com matérias-primas e inspiração sul-mato-grossense.
Como ponto de venda reúne o melhor da arte produzida por centenas de trabalhadores e entidades de artesãos, que encontram no local um local de venda importante, reconhecido e confiável.
Sua sede foi construída entre 1918 e 1923 sob as ordens de Francisco Cetraro e Pasquele Cândida, com projeto do engenheiro Camilo Boni. Foi a primeira sede do Banco do Brasil (cujo cofre é uma das atrações do local), comércio e autarquia pública.
A inauguração do espaço como Casa do Artesão ocorreu em 1º de setembro de 1975. Após restauração e revitalização, o local foi reinaugurado em 1990. A edificação é tombada como patrimônio histórico estadual.
A Casa do Artesão fica na avenida Calógeras, 2050 – Centro. Telefone: (67) 3383-2633
Foto: Ricardo Gomes