A literatura sul-americana também tem seu espaço reservado no 13° Festival América do Sul – Pantanal. No Quebra-Torto Literário os autores convidados têm a oportunidade apresentar suas obras aos visitantes do festival e protagonizar debates e reflexões acerca de temas da atualidade. E o fim de semana desta grande festa cultural em Corumbá, começa com um gostoso banquete literário acompanhado de refeições e quitutes genuínos do café da manhã pantaneiro. No Moinho Cultural Sul-Americano os presentes têm um momento de contato direto com narradores, poetas, cantadores e pesquisadores e seu fazer artístico-poético.
No sábado (12/11), a partir da 8h, a programação do Quebra-Torto Literário traz uma reflexão do poeta brasileiro Douglas Diegues, conhecido por uma produção sustentada na fusão poética das línguas portuguesa, guarani e castelhana e também suas publicações “cartoneras”. Ele é também tradutor de canções mbya guarani. Nascido no Rio de Janeiro em 1965, estreou em 2003, com o volume Dá Gusto Andar Desnudo por Estas Selvas, seguido de Uma Flor na Solapa da Miséria (Buenos Aires: Eloisa Cartonera, 2005),Rocio (Asunción: Jakembo Editores, 2007), El Astronauta Paraguayo (Asunción: Yiyi Jambo, 2007), La Camaleoa(Asunción: Yiyi Jambo, 2008), DD Erotikon & Salbaje (Asunción: Felicita Cartonera, 2009), Sonetokuera en aleman, portuniol salvaje y guarani (Luquelandia: Mburukujarami kartonera, 2009), entre outros. Fez ainda uma contribuição ótima ao debate poético nacional com sua tradução do “Ayvu Rapyta”, do povo Mbya Guarani, no volume Kosmofonia Mbya Guarani (2006), em colaboração com o antropólogo Guillermo Sequera.
Em seguida o público conhece a obra “CANCIONERO TONOLEC- La Celebración” (2005-2015), da jornalista e compositora argentina Charo Bogarín e do produtor musical Diego Pérez. Na obra se encontra poemas em castellano, qom e guarani e suas respectivas traduções em espanhol transformadas em músicas do dúo TONOLEC. São de mais de quinze anos de trabalho de pesquisa da fusão de cantos nativos com a música eletrônica. O compromisso do trabalho multilinguístico feito é com os povos originários da Argentina, segundo Bogarín.
Na mesma manhã, o jornalista Rodrigo Teixeira apresenta o livro “Prata da Casa: um Marco da Música Sul-Mato–Grossensse, que conta os bastidores do projeto Prata da Casa¸realizado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) no qual foram produzidos diversos shows, videoclipes, um disco ao vivo e um especial de televisão. O projeto é contado por quem participou da iniciativa. A obra traz 21 entrevistas além de fotos, cartazes, recortes de jornais e reportagens que ilustram a importância do Prata da Casa, primeiro coletivo-musical do recém-criado estado de Mato Grosso do Sul.
No domingo (13/11), também a partir das 8h, o público mergulha no reino das palavras com a poesia Emmanuel Marinho, um menestrel que canta a terra nos seus encantos e desencontros. Na ocasião ele lança uma nova edição do livro “ Canto da Terra”, produzida pela editora Letra Livre, que traz 23 poemas, entre eles, o antológico “Índia Velha”.
Poeta, ator e educador, Emmanuel Marinho é considerado uma das maiores referências da cultura de Mato Grosso do Sul. Com formação acadêmica em psicologia e pós-graduado em Artes Cênicas pela UFRJ, compõe poemas, edita-os em livros e os interpreta no teatro e na música. Publicou os livros: “Ópera 3” (1980), “Cantos de Terra” (1982), “Jardim das Violetras”, (1983), “Margem de Papel” (1994), “Satilírico” (1995), “Caixa de Poemas”, (1997) e “Caixa das Delícias”. Na música, Emmanuel gravou o disco “Teré”, já em sua terceira edição, em que reuniu nomes singulares da música nacional, como: Itamar Assumpção, Paulo Lepetit, Toninho Ferragguti, Alzira Espíndola, Pedro Luís e a Parede, entre outros. Realizou uma pesquisa com as linguagens do teatro, no curso de pós-graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre 1988 a 1990 tendo como mestres Aderbal Freire Filho, Gerd Bornhein, Angel Vianna, Fernando Pamplona, Roberto Machado, entre outros, que resultou no trabalho: “Partitura para corpo e palavras”, com orientação de Angel Viana. Este estudo serviu de base para a criação da trilogia de espetáculos solos para teatro e poesia, “Margem de Papel”, “O Encantador de Palavras”, “Satilírico” e demais espetáculos concebidos por Marinho.
Em seguida o palco é ocupado por Bruno Molinero, poeta paulista autor do livro de poemas “Alarido”, que dá contornos poéticos a outras vozes e a ele mesmo. Ele estudou na Escola de Comunicações e Artes da USP, na Escuela Internacional de Cine y Televisión (Cuba) e na Universitat de les Illes Balears (Espanha). Jornalista, escreve para a Folha de São Paulo desde 2010. Foi vencedor do prêmio Jovem Jornalista, do Instituto Vladimir Herzog, finalista do prêmio Nascente, da USP, e indicado ao Prêmio Folha. Em 2012, representou o Brasil no World Event Young Artist, na Inglaterra. A obra “Alarido” integra a Coleção Patuscada 2, projeto premiado com o ProAC – Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo. A obra foi vencedora do prêmio Guavira de Literatura edição 2016, da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, na categoria poesia.
As inscrições para quem quiser participar do Quebra-torto literário já podem ser feitas no Moinho Cultural. Serão oferecidas 230 vagas por dia.
Gisele Colombo – FCMS