Campo Grande (MS) – Uma noite de muita troca de ideias, debate sobre a ética da profissão, mercado de trabalho e uma verdadeira declaração de paixão pela fotografia: assim foi a abertura da Semana da Fotografia, nesta terça-feira, no Museu da Imagem e do Som (MIS).
O evento é realizado em parceria com o Senac, e traz ao público uma exposição fotográfica em homenagem ao aniversário de Campo Grande e exibições de filmes premiados que abordam a temática da fotografia e seus profissionais. “A Semana da Fotografia acontece na mesma semana do aniversário da cidade, aí juntamos o útil ao agradável. A exposição e os filmes juntos prestam uma homenagem maior: os filmes, à atividade da fotografia, e as fotos, uma homenagem a Campo Grande”, diz Everson Viana Tavares, um dos organizadores do evento.
Segundo Everson, que também é fotógrafo e professor de fotografia pelo Senac, o objetivo foi promover algo que buscasse movimentar a fotografia de Campo Grande e oportunizar o contato entre profissionais e simpatizantes da arte. “Queria criar conexões tanto para o ‘cara’ do mercado quanto para pessoas que não são profissionais mas gostam da fotografia. Os profissionais têm a oportunidade de mostrar seu trabalho para que outros interessados também possam chegar lá”.
Para Everson, o MIS é muito importante nesse processo de promoção da cultura. “O Museu se tornou um espaço mais democrático, como instituição pública promotora e movimentadora da cultura, o que torna a política pública mais qualitativa, acessível para as pessoas e rentável para os produtos. As pessoas têm que vir participar porque esses momentos são raros nos espaços culturais de Mato Grosso do Sul. Uma mostra de filmes e uma exposição, com esse nível de troca e de graça. Cada dia há um conteúdo novo, vamos discutir novos temas, essa troca vale muito, entre quem já começou, que mostra o caminho, e quem está começando, para conhecer essa engrenagem que é a cultura fotográfica”.
Participam da Mostra os fotógrafos: Antônio Arguello, Camila Vilar, Débora Bah, Dick Arruda, Elis Regina, Everson Tavares, Farid Fahed e Sarah Outeiro. Trabalhando há um ano como fotógrafa profissional, Camila Vilar, uma das expositoras, diz que a paixão começou durante um projeto de extensão de fotografia do curso de Jornalismo da UFMS. “Eu fiz esse projeto durante três anos, e depois, quando comecei a trabalhar na agência, vi um mercado muito bom. Sou apaixonada, acordo pensando em foto, eu ainda namoro um fotógrafo, sou amiga de fotógrafos, criei um grupo no whatsapp e sempre tentamos marcar uns rolês fotográficos”.
Sobre o mercado de trabalho, Camila dá as dicas: “Se a pessoa tem talento e dedicação, ela pode ser fotógrafa profissional. Tem que ter espírito empreendedor, buscar se especializar. É um mercado lucrativo, principalmente para eventos. No meu estilo minimalista procuro deixar tudo mais simples. Busco formas padrões explorar a geometria e quebrar padrões também. Gosto de um estilo bem mais gráfico. Eu trabalho com moda e retratos, faço ensaios ao ar livre. Não gosto muito de estúdio, gosto de coisas mais naturais e de explorar o urbano. Você está andando na rua, vê uma coisa legal e fotografa”.
Dick Arruda, um dos expositores, vive da fotografia desde 2009, e na Mostra expõe fotos feitas de celular. “Eu trabalhava na área administrativa e deixei o emprego quando tive a oportunidade de trabalhar em estúdio fotográfico, com edição. Comecei a tirar fotos por conta do Instagram, em 2012. No começo a gente só via no Instagram fotos de comida, comecei a produzir coisas diferentes. Acabei usando a rede social para mostrar a cidade para pessoas de fora, e para pessoas daqui a gente mostra que pode-se olhar de forma diferente para lugares comuns”.
Para Dick, o celular hoje é uma boa ferramenta para fazer boas fotos. “Hoje a gente não tem como fingir mais que o celular não tem como fazer foto ‘maneira’. Nos meus trabalhos eu faço algumas, mando pros clientes e eles acabam gostando. Isso acaba quebrando esse dilema que foto de celular não é boa. Tem um conteúdo bacana e a linguagem é diferenciada. Essa é a minha forma de ver”.
Presente na Mostra, Gabriel Gamarra é fotógrafo amador e veio porque quer ter contato com profissionais para aprimorar sua visão sobre o assunto. “A Mostra tem os olhares de vários fotógrafos diferentes e isso pode aprimorar meu olhar fotográfico. Fiz curso técnico no Cepef, em 2014, e lá tive meu primeiro contato com a fotografia. Foi aí que comecei a gostar da área e me aprofundar. Estou na graduação de Publicidade e Propaganda, lá tive contato com profissionais, alguns veteranos que já trabalham na área, com alguns professores, e vim me aprimorando”.
Gabriel encontrou na fotografia uma forma de lidar com seus sentimentos. “Com ela, posso transformar o mundo e minha maneira de vê-lo. Se eu estou triste, faço uma imagem feliz. É como congelar uma parte da realidade que eu queria viver, estar presente”.
Nesta terça-feira foi exibido o filme The Bang Bang Club (traduzido no Brasil como “Repórteres de Guerra”), dirigido por Steven Silver. O filme conta a história de quatro jovens jornalistas acompanham os agitados últimos dias de apartheid e a primeira eleição verdadeiramente democrática realizada na África do Sul. O filme suscitou debates sobre ética profissional e o dia a dia da atividade do jornalista, mediados pelos fotógrafos Everson Viana Tavares e Dick Arruda. Depois de acaloradas trocas de experiências, todos foram para casa com gostinho de quero mais.
E para você que deseja participar deste maravilhoso intercâmbio entre amantes da fotografia, venha para o MIS! A Mostra Fotográfica fica aberta ao público até o dia 18, sexta-feira, das 7h às 21h30. Os filmes são exibidos todos os dias, até 18 de agosto, sempre às 19 horas. Confira aqui a programação. A entrada é franca.
Fotos: Luciane Toledo