Campo Grande (MS) – A Semana do Cinema Brasileiro no Museu da Imagem e do Som (MIS) foi aberta na noite desta terça-feira (19.06) com o clássico “Assalto ao Trem Pagador”, de 1962, do cineasta Roberto Farias, falecido no último 14 de maio. “O filme foi produzido com 25 milhões de cruzeiros, a metade do que foi roubado no assalto do trem pagador. O Roberto queria fazer algo diferente do que se costumava fazer no Brasil, queria produzir algo como Hollywood, como os filmes franceses”, diz joão Costa, um dos curadores e integrante do Cine Café, que produz a Mostra em parceria com o MIS.
João também explica que o longa foi filmado de uma forma mais seca, fora dos estúdios, com o objetivo de mostrar a realidade social brasileira. “O estilo proposto dá indícios claros do que seria a estética do Cinema Novo mais para a frente. Retrata o que era o Brasil na década de 1960, as desigualdades da sociedade brasileira. Este filme foi um marco para o cinema nacional. É uma obra bastante plástica, mas tem um equilíbrio entre o cinema popular e a proposta cult”.
Atraído pela programação, o joalheiro e cinéfilo Adolfo de Almeida decidiu comparecer porque é aficionado por filmes antigos. Ele é colecionador de diversos títulos e também de discos de vinil. Tem mais de 800 filmes em seu acervo, que ele obtém garimpando em viagens e com locadoras que fecharam. “Adoro filmes de faroeste, tenho cerca de 500. Tenho a coleção completa do Mazzaropi. Eu adoro este filme do trem pagador, assisti quando era guri. Retrata uma época passada, hoje o mundo é muito virtual. Adoro esses filmes simples, os de hoje são muito surreais. O antigo mostra a realidade que é, isto me fascina. Mas os filmes nacionais de hoje são muito legais”.
Adolfo relembrou sua infância em Campo Grande, quando ia ao cinema com seu pai. “Adoro filmes preto-e-branco. A gente era pobrezinho, meu pai juntava um dinheirinho e levava eu e minha irmã no cinema. Eu adorava. Vou começar a frequentar mais o MIS e vou trazer meus netos. Os filmes daqui são bons porque são educativos”.
Lucas Mamédio é jornalista e ficou sabendo da Mostra pelas redes sociais. Ele veio pela primeira vez ao MIS e, para ele, o filme brasileiro tem certas especificidades. “Tem uma proximidade com a nossa realidade. Os diretores, roteiristas e atores conseguem perceber nosso jeito de ser, o que a gente gosta. Tem alguns temas que só o cinema brasileiro pode falar”.Sobre o filme de abertura, Lucas ficou com vontade de assistir por ser um clássico. “Nós temos dificuldade de encontrar esse tipo de material, qualquer incentivo que traga esse ambiente, esse clima de cinema, acho importante”.
A Semana do Cinema Brasileiro continua nesta quarta e quinta, sempre às 19 horas, com os filmes “Desmundo” e “A História da Eternidade”. A entrada é franca. O Museu da Imagem e do Som fica no 3º andar do Memorial da Cultura e da Cidadania (Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559). Mais informações pelo telefone (67) 3316-9178.
Texto e fotos: Karina Lima