Na tarde deste domingo (6), no palco do Armazém Cultural, em Campo Grande, foi realizada a Mostra de Coreografias da Semana pra Dança, que contou com 26 apresentações de diferentes estilos, destacando a diversidade da dança em Mato Grosso do Sul.
Carolina Azambuja, dançarina e estudante de Dança, trouxe ao palco seu solo Beleza da Carne, uma obra que representa seu Trabalho de Conclusão de Curso. Ela destaca o processo criativo por trás do espetáculo. “Este trabalho foi inspirado nas obras de Francis Bacon. É uma criação plástica e contemporânea que explora a sexualidade e a deformidade do corpo, traçando paralelos entre dor e prazer, como fazia Bacon em suas obras. Fiquei muito feliz em voltar a Campo Grande e apresentar um trabalho meu. Foi emocionante para mim construir minha identidade na dança no cenário sul-mato-grossense. A Semana pra Dança foi maravilhosa, trazendo acessibilidade à cultura. A dança deve estar em todos os ambientes: nas ruas, nos shoppings, nas praças. Foi ótimo fazer parte disso”.
O bailarino e coreógrafo Kadux trouxe uma proposta delicada e significativa ao apresentar a coreografia infantil “De pai para filho”, resultado de uma criação coletiva com seu filho. Ele reflete a importância da conexão familiar no processo artístico. “Sou artista da dança há bastante tempo e sempre levei meu filho a minhas apresentações. Essa criação foi uma diversão, de pai para filho mesmo. A partir de uma brincadeira, conseguimos criar essa coreografia. Foi uma apresentação exclusiva nossa, uma conexão familiar. Participar da Semana pra Dança foi muito bom, especialmente depois de cinco anos sem a realização do evento. Meu filho, que tem oito anos, vivenciou toda essa arte”.
Rose Mendonça, parte de um trio de bailarinas negras, apresentou a coreografia Move, que se destaca pelas influências das danças urbanas. A artista salienta a relevância de expressar a identidade negra na dança. “Partimos da necessidade de nos potencializar como corpos negros na dança. Esta coreografia foi uma junção das linguagens que cada uma de nós pesquisou e aprofundou. Participar da Semana pra Dança foi interessante, pois há muito tempo não dançava em festivais. Sou da companhia Dançurbana, que tem um espetáculo de dança, mas essa coreografia é diferente. Exigiu um fôlego a mais, mas estamos felizes em ter participado. Gostei da Semana pra Dança, com muitos trabalhos potentes sendo apresentados, o que foi ótimo para movimentar a cena artística em Campo Grande”.
O coreógrafo Edson Clair, do Grupo Espaço FNK, trouxe a coreografia Nada Antes, com trilha sonora da série Segunda Chamada. Em sua apresentação, ele convidou o público a refletir sobre suas escolhas. “Foi uma reflexão sobre o que vale a pena levar do seu passado para o futuro. O que você pode levar de bom que seja uma boa experiência, e o que deve deixar de lado. Participar da Semana pra Dança foi legal”.
Marcos Mattos, coordenador geral da Semana pra Dança, fez um balanço do festival. “A Semana foi repleta de atrações, com mais de 86 apresentações artísticas e 16 oficinas, além de ações formativas nas escolas. Tivemos uma semana intensa de dança em vários locais da cidade. A dança pode e deve estar em todos os lugares. Com certeza, atendemos mais de cinco mil pessoas, com agentes culturais envolvidos nessa produção. Movimentamos a cadeia produtiva da cidade, que se moveu junto com a dança. Essa foi a ideia: que todos os espaços também fossem ativados por essa ação que envolveu muitos artistas e companhias em diferentes estágios de suas carreiras”.
O coordenador do evento ressalta que conseguiu devolver à sociedade civil um festival de qualidade, com investimento público. “A Semana pra Dança foi um evento para a sociedade, financiado com recursos públicos, que devolveu à comunidade o que é dela. Foi mais uma ação cidadã que o Governo do Estado promoveu, em parceria com o Colegiado de Dança e a produtora Arado Cultural. Estamos muito felizes, conseguimos atender às expectativas criadas. Sempre há espaço para aperfeiçoamentos, e já estamos pensando nas próximas edições, para que o evento se torne um programa contínuo, permitindo uma melhor avaliação e entrega à população”.
Karina Lima, Comunicação Setesc
Fotos:Daiana Schio