Um dos debatedores, coronel Antônio Ferreira Sobrinho, chefe da Seção de Pesquisas Históricas do Centro de Estudos e Pesquisas de História Militar do Exército, utilizou as palavras do historiador Coelho (2011) para dizer que o turismo militar pode ser enquadrado como um segmento do turismo cultural, uma ação organizada sob objetivos turístico-culturais para apropriação de recursos naturais, de índole histórica e militar, que após um processo de transformação se tornam atrativos turísticos”.
A ideia do coronel Ferreira é que a partir do livro “A Retirada da Laguna”, de Visconde de Taunay, a rota da Retirada da Laguna possa ser reconstituída para objetivos turísticos. “Os conteúdos militares são possíveis de serem integrados. Isto já está sendo feito em outros países, como em Portugal, por exemplo”.
A Rota da Retirada da Laguna seria constituída aproveitando os resquícios históricos das regiões turísticas de Mato Grosso do Sul, como: Caminhos da Fronteira (Ponta Porã, Pedro Juan Caballero); Bonito-Bodoquena (Bela Vista, Jardim, Nioaque) E Pantanal (Corumbá e Coimbra).
Já estão sendo realizadas ações de preservação da memória da Guerra da Tríplice Aliança pelos seguintes agentes culturais: prefeituras municipais, UFMS, UEMS, UFGD, Fundação de Turismo de MS, Iphan-MS, Secretaria de Cultura do Estado, 4ª Cia de Engenharia de Combate Mecanizada de Jardim, Geopark e Comando Militar do Oeste.
A coordenadora de Comunicação da Estrada Real de Minas Gerais, Daniele Teixeira, trouxe para o seminário a experiência do seu Estado. A Estrada Real possui mais de 1.600 quilômetros de extensão, sendo 75% de estrada de terra. Trata-se das três primeiras estradas oficiais do Brasil, ligando Paraty, Rio de Janeiro e o Arraial de Tejuco (Diamantina) à região de Vila Rica (Ouro Preto). Foram caminhos legais com fiscalização e controle sobre a circulação de pessoas e mercadorias, que surgiram há mais de três séculos, ocasião da descoberta das reservas de ouro e diamantes. O objetivo de Daniele no seminário foi agregar a experiência da Estrada Real para colaborar na constituição da Rota da Retirada da Laguna.
O diretor-presidente da Fundação de Turismo de MS (Fundtur), Bruno Wendling, explicou que vai ser contratada uma consultoria especializada em rotas e roteiros para percorrer municípios fazendo um diagnóstico com as comunidades locais para aí se ter um cronograma de ações para a rota poder se tornar realidade. “A implantação dessa rota vai ser fantástica. É parte da nossa história, é mais um produto que agrega valor aos destinos já consolidados e valoriza os destinos históricos e culturais, vai conferir mais competitividade nessa área”.
O secretário de Cultura e Cidadania, Athayde Nery, esteve presente no seminário e disse que a rota é muito importante para os sul-mato-grossenses porque confere um sentimento de pertencimento. “Aqui essa importância ultrapassa os limites dos 40 anos de Mato Grosso do Sul e se apropria de um dos acontecimentos mais importantes da história do país. É importante manter a memória da guerra para que ela não se repita de novo. Precisamos abrir as fronteiras, nos aproximar dos nossos irmãos da fronteira, porque eles estão próximos de nós, precisamos respeitar o outro”.