Campo Grande (MS) – “Obrigado pela noite memorável. Estou muito feliz”, disse ao público o músico Tonico da Viola durante o Som da Concha deste domingo, 10 de junho. Esta noite de samba foi de muita energia positiva e música de qualidade, em que Tonico interpretou os clássicos de Jovelina Perola Negra, Cartola, Noel Rosa, Monarco, João Nogueira, Velha Guarda da Portela, Paulinho da Viola e sambas atuais de Zeca Pagodinho, além de composições próprias e um arranjo todo especial da música “Tocando em Frente”.
Os convidados especiais Zé Carlos da Vila, Gideão Dias e Canela deram um toque de companheirismo e amor ao samba, acompanhados da banda com músicos de primeiríssima categoria. A qualidade do som demonstrava o apuro e capricho dos músicos e da produção em apresentar um show de alta qualidade musical.
A surpresa da noite foi a ausência do músico Pedro Espíndola, que faria o show de abertura. Pedro foi acometido por uma crise renal e não pôde comparecer, mas deixou uma mensagem para a plateia: “Infelizmente precisei cancelar o show de hoje. Estou triste, chateado com essa situação pois estamos com um show lindo pra fazer e que tanto queremos, mas faz parte. Como dizem, saúde em primeiro lugar. Peço desculpas à plateia, aos amigos da minha banda e aos amigos que estavam tão empolgados quanto eu para essa data especial. E também ao Zé Geral que cuida do Som da Concha e me atendeu com todo carinho e profissionalismo durante essas semanas que antecedem o show. Teremos outras oportunidades se Deus quiser”.
No início do show, Tonico da Viola desejou boa recuperação ao colega que faria a abertura do Som da Concha. “Nosso parceiro não pôde vir, nossa torcida é para que ele se recupere rápido. Desejo todo o sucesso para esse guri, ele tem um futuro maravilhoso”.
E a noite seguiu com muito samba de qualidade. Tonico completa 40 anos de carreira e para ele, fazer samba na terra do sertanejo apresenta algumas dificuldades. “Sempre trabalhei com samba, é um pouco difícil porque a gente faz o povo se adaptar um pouco. O samba é 100% brasileiro, é poesia, tem muita melodia, não é essa zoeira que a maioria das pessoas pensa. Gosto de Emílio Santiago, Djavan, Gonzaguinha, João Nogueira, Alcione. Tendo todos esses conhecimentos, você viaja pela raiz, os clássicos que representaram uma época, e ainda representam”.
Para o sambista, é muito importante a participação no projeto Som da Concha, pelo apoio recebido e toda a cobertura de bons profissionais. “Quando você faz um trabalho desses, você tem um trabalho de cobertura de produção que você não pode fazer sozinho. É um apoio que o governo dá pra gente. Podemos mostrar nosso trabalho aqui na Concha, eu acredito no meu trabalho. O trabalho é a soma de energias positivas”.
Essa energia esteve presente durante todo o show e era visível na plateia. O casal de cariocas Germana Benirschke, coach de carreira e liderança, e Rodrigo Mensch, empresário, estão em Mato Grosso do Sul a trabalho há um mês e, depois de conhecer o Parque das Nações Indígenas, resolveram conhecer também um pouco da música que é feita aqui. “Adoramos o parque. Aqui você está numa Capital, mas tem uma tranquilidade interior. Para mim, a música serve muito ao momento. Quando estou estudando ou trabalhando prefiro música clássica, mas às vezes quero algo dançante. Gosto de usar a música como instrumento”, diz Germana.
Os amigos Jéssica Farias e Lavínia Sá, estudantes de Zootecnica, Luan Vitor Rodrigues, estudante de Análise de Sistemas e Jhuan Caramalac, publicitário, estavam com muita vontade de ver o show, aguardaram mais de duas horas do início e acompanharam a passagem de som. “Gostamos do ensaio e resolvemos ficar. O Som da Concha é um evento legal. O projeto é importante, é difícil ter algo que seja tão acessível sobre cultura regional. É muito importante para a cultura do Estado”.
Cláudio Almeida Cortez, mecânico de motocicletas, Rosane Carvalho, funcionária pública e Yone Andrade Moraes, dona de casa, estavam caminhando no parque e ouviram o chamado para o show. Já tinham vindo em outras edições do Som da Concha e resolveram participar. Eles curtem música regional e escutam aos domingos o programa “Quebra-Torto Musical”, com Aral Cardoso, na FM 104. “Temos muitos talentos aqui no Estado. Gostamos de música raiz e gostamos de estar num ambiente em que dê para conversar e em que a música alta não nos irrite. Aqui dá para descontrair, já chegamos até a comprar coisas ali no Território Criativo”.
O próximo Som da Concha vai ser no dia 22 de julho, com a banda de rock Hellmotz e a música do mundo de Guga Borba. Os shows acontecem sempre às 18 horas, na Concha Acústica Helena Meirelles, no Parque das Nações Indígenas. A entrada é franca.
Fotos: Daniel Reino