Campo Grande (MS) – “Em Mato Grosso do Sul, não existe fronteira porque ela faz parte da nossa identidade. Esta é uma grande festa familiar que comemora nossa identidade sul-mato-grossense”. Assim definiu Ramón Aniz, a festa de lançamento do primeiro CD Correntino do programa “A Hora do Chamamé”, que homenageou ainda o chamamé, um dos patrimônios culturais de Mato Grosso do Sul. Pais com filhos, avós e netos marcaram presença no evento ontem à noite (18), que celebrou uma das influências culturais mais tradicionais que integram o caldeirão cultural de do Estado, a face paraguaia no nosso povo.
A senhora Maria Hilda Araújo, 66 anos, e seu marido, conhecido como Peralta Paraguaio embalaram na dança, no espaço da Concha Acústica Helena Meirelles, local que recepcionou diversos músicos amantes do Chamamé.”Eu cresci vendo meu pai acordar e depressa ligar o rádio para escutar chamamé, quando morávamos na fazenda. Meus avós também gostavam de dançar e comigo não foi diferente”, confessou. Na verdade, a maioria das pessoas presentes no evento consideram que este estilo musical dançante está no sangue brasiguaio dos sul-mato-grossenses. Escutá-lo é pura nostalgia das festas de famílias tradicionais daqui. O sentimento da presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Andréa Freire, não é diferente. “É um prazer e um dever a Fundação de Cultura do Estado apoiar um evento como esse. Eu nasci em Pedro Juan Caballero, portanto sou brasiguaia e me sinto muito à vontade de estar aqui. O Instituto Cultural Chamamé MS faz um trabalho importantíssimo na difusão desta identidade de MS e é um compromisso do governador investir na cultura do Estado. E fui tomada por esse amor que o Mengual tem pelo Chamamé”, destacou na ocasião.
Apresentaram-se no evento os músicos Zé Carrilho e Jatobá, Ricardo Rosa, Dr. Ramão Martins, Caio Escobar, Roaldo Alexandre, Juninho Fonseca, Pajarito Silvestre (Argentina), Castelo, Zíngaro e o grupo de dança Tom Brasil. O menino acordeonista, Roaldo Alexandre, de Nova Alvorada do Sul, encantou a platéia e semeia a esperança de renovação do público chamamezeiro. “Ele toca desde os 4 anos e sempre percebemos sua preferência em escutar chamamé. Ele gravou seu primeiro CD aos 5 anos e terminou com 7 anos. Depois não parou mais de se apresentar”, contou sua mãe Jovelina Crispin Pereira de Ávila.
O menino Roaldo Alexandre encantou o público
Para Orival Mengual a festa atendeu suas expectativas.”Estamos na quarta edição do evento e esta é a primeira vez que tivemos o apoio do governo do Estado. É tradição trazer um grupo de Corrientes, a meca do chamamé. Com esse trabalho a gente consegue difundir mais o chamamé e renovar o seu público”, explicou. Ramón Aniz, um dos diretores do Instituto Cultural Chamamé MS disse que é muito importante aproveitar o espaço físico da Concha Acústica Helena Meirelles para firmar a identidade de Mato Grosso do Sul, por meio da música e da culinária. “O chamamé e a música da fronteira agora está tendo seu espaço de valorização, finalizou.
texto Gisele Colombo
Fotos Daniel reino