Sérgio Cruz lança As Duas Guerras de Bento Xavier, o Maragato no Festival de inverno de Bonito

  • Publicado em 23 ago 2025 • por Daniel •

  • Obra resgata trajetória de um coronel que atravessou batalhas e ideais na Revolução Federalista e no movimento pela criação de Mato Grosso do Sul 

    A vida e as batalhas de um importante integrante dos eventos históricos do Sul de Mato Grosso, que seria no futuro o nosso Estado, são o tema da escrita leve e certeira do historiador e jornalista Sérgio Cruz, que lançou neste sábado (23 de agosto), no Lounge Geek – Literário do Festival de Inverno de Bonito o livro “As Duas Guerras de Bento Xavier: O Maragato”. 

    A obra revisita a trajetória de Bento Xavier da Silva, personagem histórico ainda pouco conhecido. Publicado pela editora Via Morena, o livro percorre sua trajetória desde a origem em Santana do Livramento (RS) até sua atuação em Bela Vista (MS), marcada por coragem e persistência em causas que atravessaram o fim do século XIX e o início do século XX.

    Herói de duas batalhas perdidas, mas símbolo de conquistas políticas e sociais, Bento Xavier esteve na linha de frente da Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul e também do movimento divisionista que culminaria na criação de Mato Grosso do Sul. A narrativa de Sérgio Cruz dá vida a episódios que unem história militar e política, revelando personagens e contextos fundamentais para a identidade sul-mato-grossense.

    De acordo com Sérgio Cruz, o gaúcho que emigrou para o então Sul de Mato Grosso foi o primeiro líder a defender a separação dos estados. Inclusive pegando em armas, se necessário. Uma proposta que ofendia – e continuou ofendendo até 1977 – políticos e coronéis de Cuiabá.

    “Sabe porque muita gente não ouviu falar de Bento Xavier nas aulas de história? Porque ele foi marginalizado pelos antigos memorialistas e historiadores, que por opção política ou ideológica preferiram relegar um participante importante de eventos históricos do Sul de Mato Grosso”, explica Sérgio Cruz. 

     

    Trajetória

    Bento Xavier, combatente da Revolução Federalista de 1893, chegou ao sul de Mato Grosso acompanhando a migração gaúcha impulsionada pela Companhia Matte Larangeira. Fora da economia da erva-mate, prosperou por conta própria, mas logo se envolveu na defesa das famílias assentadas contra os interesses da Companhia e dos coronéis locais.

    Em O Maragato, o jornalista Sérgio Cruz resgata essa trajetória em pesquisa minuciosa que vai do Rio Grande do Sul à Revolução da Paz, revelando um personagem marcado pela luta por justiça e liberdade. Com estilo literário envolvente, a obra também oferece um retrato político dos primeiros anos da República e do surgimento dos coronéis no Brasil.

    Busca pela História

    Defensor da divisão e parte deste processo histórico, Sérgio Cruz decidiu pesquisar suas origens e alcançou Bento Xavier. “Ele abriu essa estrada. Criou o nosso bairrismo percorrendo essa região entre Bela Vista e Nioaque. Nós temos outros. Aqui no livro também há o papel de João de Barros Cassal, ex-governador do Rio Grande do Sul que se exilou aqui e junto a Xavier fomentou um movimento chamado Revolução da Paz, que gerou uma guerra que durou quatro anos. Perderam essa guerra pela divisão, mas plantaram a semente dessa história que a gente está contando hoje e que a gente pretende deixar nas escolas, para as crianças”.

    Como transita entre o jornalismo e a história, Sérgio Cruz é capaz, de forma confortável, segundo ele mesmo, de pesquisar e ter feito parte direta da construção historiográfica, seja no meio político, seja na produção diária jornalística de mais de 6 décadas. 

    “Quando me elegi pela primeira vez deputado estadual, em 1974, viajei a Cuiabá sendo totalmente ignorante da história do meu estado. Finalizei o curso médio, fiz faculdade de Economia, depois de Ciências Políticas, mas meu foco, o meu trabalho, foi sempre de jornalista, foi o meu destino. Então a curiosidade e a pesquisa sempre me motivaram, foram meus projetos, até hoje. Eu não conhecia a história do estado onde eu vivia, a história do estado que eu ajudei a criar, eu que participei de campanhas de mobilização em favor da divisão. Por isso fui alimentando este projeto, desde essa época, de pesquisar e produzir”.

     

    Festival de Inverno de Bonito

    Em sua 24ª edição, o Festival de Inverno de Bonito acontece até domingo (24 de agosto), reunindo música, artes cênicas e visuais, cinema, sustentabilidade, formação cultural e economia criativa. O evento promove uma imersão única entre arte e natureza, com entrada gratuita.

    Mais informações e a programação completa estão disponíveis no site: mscultural.ms.gov.br.

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